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O Banco Central do Brasil e o Golpe na Economia (Por Ligia Deslandes)

Da Lígia Deslandes em seu Blog

Há algum tempo que penso em escrever sobre esse assunto. Uma fonte que trabalha há anos no exterior tem me passado explicações sobre a crise e o golpe no Brasil que até então não vi ninguém revelar e explorar.

Essa fonte foi categórica em dizer que a crise econômica foi uma crise provocada pelo BANCO CENTRAL DO BRASIL com o intuito de derrubar a esquerda e privatizar o país. Nem a Presidenta Dilma Roussef percebeu e nem o restante da esquerda se deu conta dos arranjos que foram feitos entre esses representantes da política e da economia.

O desmonte da economia foi traçado com requintes de traição através da união entre grandes corporações, banqueiros, políticos corruptos, parte do judicário e a mídia que de forma minuciosa planejaram o golpismo contra a Presidenta Dilma, mas, principalmente, contra o povo e contra o país.

Não é a toa que a economia está estagnada e que os golpistas estão aprovando via Congresso Nacional reformas que acabam com o Brasil e o levam a um estado de penúria semelhante a década de 30 quando nossas indústrias praticamente inexistiam. Isso junto com a entrega das riquezas brasileiras e do enfraquecimento de nossas principais empresas pode piorar ainda mais a economia brasileira e teremos tempos sobrios para todos se nada for feito. Vejam o que essa fonte me explicou e que irei registrar abaixo:

O PAPEL DO BANCO CENTRAL

O papel dos bancos centrais do mundo é defender os interesses dos países pelo qual são responsáveis. O principal instrumento para isto é a política de juros. Elevar os juros significa tornar o capital mais caro, ou seja, enxugar o mercado. Baixar os juros significa tornar o capital mais barato, ou seja irrigar a economia. Aos Bancos Centrais é fundamental que não exerçam papel político na economia e que possam exercer um papel meramente relacionado a saúde financeira do país. Isso é o que se espera de qualquer Banco Central. Este é o aspecto técnico e econômico explicado de uma forma simples. Podemos para isto analisar e observar os papéis de outros bancos centrais no mundo.

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Vide os juros nos bancos centrais mundo afora.

http://pt.global-rates.com/taxa-de-juros/bancos-centrais/bancos-centrais.aspx

Analisando esta tabela vê-se explicitamente que a política de juros do Banco Central do Brasil é diametralmente oposta a grande maioria dos Bancos Centrais. Assim sendo, o que faz o nosso Banco Central?

O PAPEL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL E A RECESSÃO

Vamos partir do momento em que o Banco Central do Brasil estava com o juros fixados a 7%, ou seja, antes da forte desvalorização cambial ocorrida e provocada por um aspecto político, a não aceitação do resultado das eleições presidenciais ocorridas em 2014.

O ataque politico orquestrado pelo PSDB através de seu canditado derrotado, Aécio Neves provocou uma insegurança política no país e o resultado normal para isso foi a forte desvalorização cambial, consequência de uma realização de lucro por parte dos investidores estrangeiros e seus parceiros brasileiros que tinham dinheiro no exterior e objetivavam um lucro em moeda estrangeira, no caso o dólar americano.

A consequência natural foi provocar um aumento de preços nos produtos importados, ou seja um ajuste de preços destes produtos, um encarecimento em reais e a queda dos preços na BOVESPA, pois, o estrangeiro trabalha com a dupla alavanca, ou seja, com o ganho cambial, nos investimentos em renda variável, leia-se ações, BOVESPA.

AJUSTE DE PRECOS E INFLAÇÃO

O Banco Central do Brasil interpretou de forma errônea (acredito que de forma proposital) o ajuste de preços ocorridos como uma inflação de demanda que nunca existiu.

O que é uma inflação de demanda? É uma inflação provocada por um excesso de compradores e falta de produtos no mercado.

Na verdade, nunca houve falta de produto no mercado, pelo contrário, as vendas caíram em virtude do aumento irresponsável e lesa pátria dos juros pelo Banco Central do Brasil. Baseado nesta avaliação equivocada o Banco Central do Brasil começou a elevar os juros, ou seja, enxugar o mercado, criando um aperto de liquidez.

Este aperto de liquidez teve como consequência um aumento de custos na dívida dos trabalhadores, dos empresários produtivos através do aumento do custo financeiro do capital de giro, para citar apenas um fator, e por conseguinte o aumento das dívidas dos Estados brasileiros (aqui não vamos analisar o papel da corrupção nos estados) e o aumento do custo da dívida do Estado brasileiro como um todo.

Ao invés de baixar os juros, como qualquer Banco Central do mundo teria feito, o nosso Banco Central aumentou os juros. Sendo assim o principal causador da recessão no Brasil foi o Banco Central do Brasil que favoreceu e viabilizou o golpe em curso.

O TRABALHADOR

O trabalhador do Brasil que teve parte do seu consumo financiado atraves do cartão de crédito, sofreu uma violenta redução do seu poder aquisitivo. Não vamos neste momento falar dos juros injustificáveis, inaceitáveis e inconstitucionais de 430% no cartão de crédito e tolerados pelo Banco Central. Deixemos isso para outra ocasião. Se o trabalhador sofre esta violenta queda do seu poder de compra é natural que ele passe a comprar menos, ou seja, a consequência natural é a queda da arrecadação de impostos.

O EMPRESÁRIO PRODUTIVO

O empresario produtivo, além de ter os seus custos aumentados, teve que subir o preço dos seus produtos devido ao aumento do custo financeiro e ao mesmo tempo foi afetado nas suas vendas, vendendo menos, e, isso fez com que também menos impostos fossem recolhidos por eles.

OS ESTADOS

Além do aumento do custo financeiro de suas dívidas junto à União provocados pelo aumento irresponsável e anti-Brasil dos juros pelo Banco Central,  foram confrontados também pela queda de recolhimento dos impostos o que ocasionou uma queda na arrecadação e um aumento de custos.

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O ESTADO BRASILEIRO

O Estado Brasileiro como elo final desta corrente sofreu os seguintes revezes.

a) Aumento de custo da divida interna principalmente nos títulos de renda fixa pós fixados e os títulos públicos de renda fixa atrelados à SELIC.

b) Queda de arrecadação em consequência do exposto acima, com trabalhadores consumindo menos, gerando menos impostos, indústria vendendo menos, recolhendo menos impostos e a dificuldade dos Estados honrarem as suas dividas junto a União, pela queda de arrecadação e queda de receita.

Todas as questões expostas acima tem como unica causa a elevação equivocada e irresponsável de juros pelo Banco Central do Brasil.

Todos perderam, e alguns ganharam.

PARA ONDE FOI O CAPITAL E OS JUROS

A transferência de capital e de juros pode ser analisada de uma forma muito simples. Ela foi para os Bancos através da política agressiva de juros no cartão de crédito e o cheque especial e outros instrumentos financeiros. O capital e os juros foram para os detentores da dívida pública brasileira de renda fixa, de títulos pós fixados e títulos atrelados a SELIC, todos nas mãos das elites brasileiras e das elites internacionais. Um jogo de cartas marcadas. Em qualquer outro país haveria uma investigação séria a respeito.

BOVESPA

Como já citado, com a instabilidade política provocada pela não aceitação do resultado das eleições presidenciais, da vontade popular, a forte desvalorização do câmbio derrubou a BOVESPA. Isso aliado a uma forte campanha midiática diária e de instrumentos jurídicos interpostos em cima da principal empresa brasileira, a PETROBRAS no Brasil e no exterior. E o que o Banco Central fez? Elevou os juros. A elevação de juros, ao invés de dar suporte a BOVESPA, como deveria ser, defendendo assim o patrimônio nacional a derrubou mais ainda.

Qualquer Banco Central no Mundo em uma situação como a que vimos teria em primeiro lugar irrigado a economia, ou seja, baixado os juros de 7% para 5% por exemplo, permitindo assim que ocorresse o efeito contrário ao que ocorreu.

Os juros baixados de 7% para 5% teria gerado as seguintes consequências:

a) O investidor teria tomado capital a custo baixo para investir em ações na BOVESPA, investindo no mercado interno, interrompendo assim a queda e a desvalorização dos ativos.

b) O trabalhador teria continuado a consumir mantendo ou até aumentando a arrecadação de impostos.

c) A indústria teria continuado a vender, podendo aumentar a sua produção para repor os produtos importados encarecidos pela desvalorização do câmbio e desta forma também aumentado a arrecadação dos impostos.

d) Os Estados não teriam tido o custo das suas dívidas aumentados, pelo contrário, elas teriam sido reduzidas e a arrecadação teria subido e estariam hoje saudáveis.

e) O Estado Brasileiro também consequentemente teria o custo financeiro de suas dividas reduzido e os impostos teriam sofrido um aumento natural de arrecadação permitindo ao Estado Brasileiro manter e até implementar suas políticas sociais inclusivas que foram a grande conquista dos últimos 14 anos.

O PORQUÊ DA POLITICA RECESSIVA ANTI-BRASIL

Resta agora saber o porquê do Banco Central do Brasil ter implementado esta política de juros que agride todos os fundamentos de todas as teorias econômicas que tratam do assunto. As opções que temos: burrice, ignorância ou a defesa de interesses de pessoas que não estão nem um pouco interessadas no desenvolvimento e na soberania do país. Essa última é que entendemos ser a correta, por razões bastantes factuais.

Não podemos esquecer que o Brasil tem ao redor de 450 bilhões de dólares não declarados no exterior. Esta massa de dinheiro se comporta como o investidor estrangeiro, ganha, quando o Brasil perde, pois realiza lucros em dólares e não em reais. E quem são os verdadeiros donos de tanto dinheiro não declarado no exterior?

Se analisarmos a anistia que se propôs ainda no Governo Dilma para repatriação desses recursos, o que está em curso ainda, podemos ver que o percentual de pessoas que aderiram é irrisório, pois, a mesma só pode ser aproveitada caso os recursos tenham origem, ou seja, sejam fruto de trabalho. O que nos leva a conclusão de que esses recursos em sua maioria são de natureza ilícita. Portanto, aqueles que estão por trás desse golpe queriam também esconder isso.

A DÍVIDA EXTERNA E O FMI

Como lembramos em 2002 o Brasil não tinha reservas sendo obrigado a recorrer ao FMI solicitando um empréstimo de 30 Bilhões de dólares para poder pagar os juros da divida externa e desta forma amenizar o forte ataque ao país via dívida externa, já que não havia como fazer nada sem pagar os juros dessa dívida. Esse fenômeno (o ataque a divida externa) ocorre a cada eleição onde Lula concorreu, 1990, 1994, 1998 e 2002.

Foi criado o Lulometro que chegou a 2600 pontos, ou seja, 26% acima dos títulos norte americanos.

Esta situação mudou com os governos de Lula e Dilma, pois, o país passou a dispor de aproximadamente 370 bilhões de dólares em caixa (reservas externas) com tendência crescente. Desta forma ficaria inviável atacar a dívida externa do país, pois, caso ela fosse atacada o país poderia através do Banco Central recomprar suas dividas a um custo bem em conta.

Se observarmos o título BR 2045 em dólares por exemplo, o mesmo nunca passou de 7,5% ytm (juros reais até o vencimento) na fase pre-golpe, e mesmo assim, nenhum investidor optou em operar contra o Banco Central do Brasil.

Se usarmos o Lulometro em 2015 ele nunca passou de 650 pontos.

Porque o Lulometro ou o Dilmomentro foi esquecido? Porque ele demonstraria a solidez nas contas externas do pais.

O problema da dívida externa brasileira é outro. Paga-se juros altos e o que se tem em caixa, os 370 Bilhões não rendem quase nada. Portanto, o Brasil perdeu na época uma excelente oportunidade de recomprar parte de sua divida externa a preços convidativos, além de recomprar títulos da dívida de empresas estratégicas como a Petrobras, Odebrecht e outras que sofreram ataques virulentos durante este período.

Conclusão: a dívida externa brasileira vai muito bem obrigado e poderia ter sido gerida de forma bem mais eficiente e inteligente do que o foi tornando o país mais saudável e sólido.

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A DIVIDA INTERNA

Como já pudemos compreender, a dívida interna cresceu de forma brutal em função da política anti-Brasil adotada pelo Banco Central do Brasil, quebrando o trabalhador, o industrial, os estados e o País, uma reação em cadeia que tem como causa a política de juros do BCB. A politica de juros diametralmente oposta a todos os fundamentos econômicos tem uma objetivo maior. Desestabilizar a economia interna, o desmonte de todas as conquistas alcançadas de 2003 para cá viabilizando o Golpe e o Estado de Exceção que infelizmente segue o seu curso no país.

A MOEDA BRASILEIRA ANTES E DEPOIS DE 1999

Vamos nos aprofundar um pouco mais na análise da moeda brasileira pré-1999 e pós 1999. O Brasil dispunha de uma moeda própria antes do golpe de 1964 chamada Cruzeiro. Dispunha de um câmbio flutuante e praticava juros condizentes com a realidade da época. Com o golpe militar em 1964 o país foi dolarizado através do artifício único no mundo que passou a existir no Brasil, a correção monetária.

O que era a correção monetária?

Tratava-se de um artifício contábil onde se corrigia o ativo e o passivo com a inflação do mês anterior. Com isso fixou-se a desvalorização cambial e dessa forma se dolarizou o pais. Todos passaram a ter o referencial em dólar para saber se ganharam ou perderam dinheiro. Por isso a moeda brasileira, que não era moeda, na verdade, desvalorizava todo mês.

Nenhuma moeda se desvaloriza eternamente, ela flutua, portanto, isso é a prova cabal de que a moeda do pais inexistia. Com essa prática contábil gerava-se números cada vez maiores que já não cabiam mais nas máquinas de calcular Facit usadas na época, simplesmente cortava-se alguns zeros e dava-se um outro nome ao dólar brasileiro instituído através do artifício da correção monetária.

Não havia câmbio flutuante, ou seja, o país não tinha moeda. Assim, as crises tinham que ser controladas através do aumento de juros, pois o dólar tupiniquim, fictício, tinha que oferecer mais atrativos do que o dólar real.

Vem dessa época a cultura de se pensar em dólar, ganhar em dólar e ficar rico em dólar, época em que começou a ser construído o gigantesco Caixa Dois Brasileiro avaliado hoje, por diversas fontes, em 450 bilhões de dólares, grande parte de origem ilícita, e, uma pequena parte de origem lícita. E naturalmente esse Caixa Dois foi construído em parte com e através das grandes corporações nacionais e multinacionais que faturam em dólar através de exportações via paraísos fiscais.

O PLANO REAL

Simplificando, uma das medidas do plano real em 1994 foi simplesmente eliminar a correção monetária e assumir a dolarização, 1 real = a 1 USD. O que aconteceu foi a continuação da moeda instituída em 1964, o dólar sem a correção monetária. O plano real a partir de 1999 restituiu a moeda ao pais (câmbio flutuante), o grande legado da era FHC. Portanto o real de 1994 a 1998 era dólar e o real de 1999 pra frente representa a devolução da moeda ao pais surrupiada em 1964.

De 1999 em diante o país voltou a ter um amortecedor, o cambio flutuante, um instrumento através do qual se atrai capital estrangeiro. Quando o real está fraco o investidor estrangeiro começa a fazer contas, pois os ativos brasileiro calculados em moeda estrangeira ficaram atraentes, principalmente com um mercado interno forte. Somos 200 milhões de consumidores. Dai a frase do Lula, pobre não é problema, e a solução.

Portanto, não é necessário elevar os juros com a desculpa de atrair capital. A SELIC deveria servir meramente para manter o mercado interno girando, o que, claramente não foi feito com a política de elevar os juros de 7 para 14%. A economia estagnou, pois o mercado estagnou, o dinheiro parou de circular.

Imagine a Via Dutra, Rio-São Paulo sem carros, não se arrecada pedágio, o mesmo ocorre na economia, a geração de impostos sofre uma queda.

Os estrangeiros e seus sócios brasileiros ricos em dólar aproveitaram o Real a R$ 4,30 e os juros a 14% para se posicionarem em reais e aguardar a grande quebra de empresas no mercado interno que esta ocorrendo. Quem comprou o Real a R$ 4,30 e comprou a BOVESPA no fundo do poço já ganhou  pelo menos 30% em dólares.

Em suma, quem ajudou de forma contundente os golpistas a tomarem o poder através da crise foi a direção do Banco Central do Brasil. Sua diretoria colaborou com a elite brasileira e internacional para poder tornar o Brasil inviável e vender todas as suas riquezas. Essa mesma elite rentista que colaborou com os políticos corruptos e com o judiciário golpista  para que seus ganhos se multiplicassem e não fossem mexidos.

Foi Golpe e um Golpe muito bem arquitetado!

3 pensamentos sobre “O Banco Central do Brasil e o Golpe na Economia (Por Ligia Deslandes)

  1. Onde estão os batedores de panelas ?
    Todos estão quietos.
    Bando de imbecis de uma burguesia burra.
    A corja do congresso que votou o impeachima, votou defendendo apenas seus interesses e os babacas batedores de panelas que as amassem agora.

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  2. Pingback: É preciso desmontar o Tripé Macro Econômico Golpista no Brasil (Por Ligia Deslandes) | Luíz Müller Blog

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