Foi na polis grega – e daí o nome que escolhemos para a coluna – especialmente em Atenas, que surgiu a democracia e o sentido da política como hoje a vivemos. A diferença é que lá, nos anos 500 A.C, a política era uma arte, sinônimo de liberdade, de agir em público. Era na praça da polis o lugar natural do político ateniense.
Hoje muitos se perguntam para que serve a política. Muitos a confundem com a ação de maus políticos, que utilizam seus cargos para tudo, menos para contribuir com a aspiração de todo cidadão, a felicidade. Porque esse é o objetivo da política, o bem comum, a civilidade, a participação.
No entanto, a desconfiança é generalizada. “Não gosto de política”, ou “não entendo de política” são frases recorrentes. Mas atenção! Essa desconfiança é construída. Não apenas no Brasil ela acontece. Nas eleições recentes para o Parlamento do Reino Unido, analistas apontaram um desencanto dos cidadãos britânicos com a classe política. Na Itália, nossa colunista Bruna Peyrot observa alarmada uma abstenção de 35% nas recentes eleições regionais.
Devemos perguntar-nos a quem interessa identificar política com corrupção, sem lembrar dos corruptores. Tal confusão não é gratuita. Promover uma visão de que apenas os políticos são corruptos certamente atende a algum interesse. Basta observar quem mais ataca o mundo político e veremos o que se desenha: a visão de que o mercado tudo regula, inclusive o Estado e suas instituições. A visão de que os técnicos e os consultores resolvem todos os problemas. A visão que a desigualdade é própria da natureza humana.
Cito de novo Hanna Arendt: “A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo como para a sociedade”. Todas as nossas ações são políticas, queiramos ou não. Não deixemos para os outros exercê-las.
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