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Para entender os sinais da sexta-feira (13) vermelha

Dilma PTComo petista que sou, a emoção de ter participado desta sexta-feira vermelha me lembrou dos velhos tempos onde caminhávamos e fazíamos reuniões em bairros, fábricas e obras, das quais erguemos um partido de novo tipo, diferente de todos que já haviam passado pela história do Brasil. A Classe Trabalhadora pela primeira vez ergueu um partido próprio. A democracia a devemos a luta de muitos. Mas boa parte destes muitos o PT atraiu. E assim construímos não só  um partido, mas lideramos um povo inteiro para construir um projeto de nação soberana. Chegamos até aqui. Mas ontem o PT como tal, não estava lá.  Estavam os movimentos (CUT,CTB,MST,MTST, Nova Central, UNE,UBES, etc…). E como caudatário das idéias marxistas, também compreendo que um Partido Político é fundamental para que as demandas sociais dos trabalhadores tenham expressão política maior e se concretizem como projeto de nação. O PT fez até agora. Ontem era um ausente, embora todos os petistas estivessem lá. E os petistas estavam lá com os militantes do PCdoB e de outros partidos de Esquerda. Mas faltava aquela direção deste Partido que se forjou nas lutas que ergueram um Brasil novo, referência mundial e construtor de uma nova ordem geo política com a constituição dos BRICS. Em 2013 nos momentos de tensão que junho daquele ano nos trouxe, escrevi aqui no Blog um Artigo chamado Ei PT…Viste os sinais?? . Não viu. Mas a aguerrida militância que construiu este projeto de nação, vitorioso até aqui, não desistiu. E chamada novamente a defender o projeto, foi as ruas nesta sexta-feira. Ou o PT e seu governo enxergam agora os sinais e sinalizam que é este povo vermelho que é seu povo, ou os elos não mais resistirão e a pátria sucumbirá diante do permanente ataque máfio midiático e do império, ou este mesmo aguerrido povo vermelho construirá outras ferramentas para o combate permanente da luta de classes que o PT e seu governo resolveram relegar nos últimos anos. Vai o artigo do  Paulo Moreira Leite, que expressa o que sinto agora, neste fim de noite de sábado:

Manifestação convocada pela CUT, MST e UNE surpreende oposição, confirma apoio social a Dilma e mostra — definitivamente — que seu governo não pode dispensar o apoio dos movimentos sociais

As dúvidas dos analistas de jornais e emissoras de TV a respeito dos números da manifestação de 13 de março escondem uma perplexidade política que vai muito além da matemática.

A questão central é que ocorreu uma mobilização popular muito maior do que seus estrategistas esperavam, e essa novidade que desmanchou análises e previsões.

Sem apoio de nenhuma máquina de comunicação, sem ajuda de nenhuma máquina federal, estadual ou municipal sob administração de governos petistas ou aliados — numa postura olímpica digna dos tempos do Barão de Coubertain, que dizia que o importante não é vencer mas apenas competir — milhares de brasileiros foram às ruas, num movimento nacional, para anunciar que:

a) não renunciaram às suas reivindicações;

b) não desistiram do governo Dilma.

Iludidos por marqueteiros que confundem as lições de Rosa Luxemburgo com o supermercado de soluções mirabolantes dos consultores de crise, a estratégia da oposição, antes de sexta-feira, tinha como ponto de partida a previsão de um conjunto de manifestações risíveis, um novo avanço naquilo que anunciam como uma inevitável derrocada do governo Dilma.

Depois de exagerar absurdamente o impacto do batuque de panelas na noite de domingo, imaginavam um desfile de gatos pingados e atemorizados. Erraram feio.
Há um descontamento grande mas não há unanimidades. Mais radical trombone a favor do impeachment, o deputado Paulinho da Força Sindical não arrasta o conjunto da central na oposição a Dilma. Uma parte dos sindicatos ligados a Força, que se alinhou Dilma em 2014, só não participou da mobilização de ontem por um desacerto entre as partes.
Quando o debate sobre impeachment chegou a direção do Solidariedade, o partido que Paulinho fundou, a posição da maioria foi de cautela.

O país assistiu na 6a. feira a uma mobilização gigantesca e bem sinalizada do ponto de vista político, de quem soube levantar as próprias bandeiras sem abandonar o interesse geral da democracia, para decepção de quem torcia por um protesto que, com uma postura à esquerda, do quanto pior melhor, servisse para manter Dilma nas cordas. Também erraram.

Procurar incoerência num protesto em que as partes não abrem mão de seus pontos de vista, nem sempre coincidentes, às vezes até contraditários, implica em imaginar a política como uma atividade na qual não se pode mascar chiclete e andar ao mesmo tempo. A experiência mostra que isso acontece o tempo inteiro.

Abriu-se um novo momento político do país, que permite a Dilma recompor o governo, reestabelecer o diálogo com a base social e assumir, de uma vez por todas, uma realidade ululante depois da vitória em outubro de 2014: o segundo mandato nunca será protegido em boas ideias de gabinetes isolados.

Não terá saída longe daquilo que no passado se chamava de “movimento de massas.” Foram estes brasileiros que mostraram, para decepção dos adversários, que Dilma não está isolada nem sem apoio.

Essa reação esboça uma nova conjuntura.
Fermentada e cultivada cuidadosamente pelos meios de comunicação, numa postura tendenciosa que desmoraliza qualquer compromisso com o interesse público, o protesto de amanhã expressará uma combinação de fatores políticos, show-bizz e tudo mais que os podres poderes da história brasileira é capaz de mobilizar. O caráter político é o que importa, de novo.

Se o protesto de sexta-feira apontou para o futuro, a mobilização de domingo será, no máximo, a grande marcha de uma multidão de mortos-vivos para fora das próprias catacumbas.

Incapazes de oferecer propostas para a maioria dos brasileiros — quanto mais vencer eleições — encaminham seu projeto destrutivo, de quem tem sido derrotado vergonhosamente nas urnas.

Desde ontem já se sabe que esse movimento não avançará sem resistência. E essa é a grande verdade trazida pela mobilização de trabalhadores, movimentos sociais e estudantes na sexta-feira.


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