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As Sementes transgênicas da Ideologia Neo Liberal

Leio em Zero Hora a manchete “Soja se torna a principal fonte de receita da agricultura familiar no RS

Achei estranho. Aí vem a sub chamada da manchete:

Grão responde por R$ 1 de cada R$ 5 gerados pelos pequenos produtores gaúchos, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017

Opa. Mas se é a principal, como é de cada R$ 5,00 apenas R$ 1,00 vem do Soja? Que estranha matemática é esta?

Esta é a matemática da monocultura da destruição da razão de ser da agricultura familiar, qual seja, a diversidade do plantio. Se eu planto variadas coisas, não sou dependente do mercado em primeiro lugar. E o que produzo a mais, comercializo. E isto ainda dá R$ 4,00 de cada R$ 5,00 que a Agricultura Familiar gera.

E sem falar que os Agrotóxicos necessários para o plantio de Soja, que a contamina para consumo humano, leva boa parte dos tais “20% do faturamento” mencionados pela Zero Hora. Olha só o que diz um agricultor no decorrer da matéria:

Boa parte da riqueza gerada pela soja acaba ficando na mão das grandes cooperativas, tradings e lojas que vendem tratores e agrotóxicos. Os agricultores acabam tendo que se virar para arrendar mais terra para poder plantar e sobreviver – argumenta.  

E na cara dura a matéria anuncia e propagandeia que boa parte da tal soja que rende só 20% e boa parte fica com tradings, lojas de tratores e agrotóxicos, vai mesmo é virar combustível e não alimento. Até por que, com a quantidade de veneno que vai nela, provavelmente em pouco tempo nem mais será apropriada a consumo humano. E a terra em que a tal soja é plantada também estará devastada, imprópria para o plantio diversificado que hoje ainda garante 80% do faturamento de uma Familía da Agricultura Familiar, além de lhe garantir a fundamental alimentação.

É pra pensar.

Segue a matéria da Zero Hora na íntegra:

Geralmente associada a grandes áreas de terras, a produção de soja se consolidou como a principal fonte de renda da agricultura familiar no Rio Grande do Sul. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor bruto da produção (VBP) da oleaginosa atingiu R$ 3,99 bilhões somente em propriedades familiares. O VBP é resultado da multiplicação do volume de produção pelo preço médio praticado no mercado naquele período.A renda da soja entre os pequenos cresceu 254% no Estado na comparação com o censo anterior, de 2006. Naquela ocasião, a cultura tinha VBP de R$ 1,12 bilhão e ficava atrás de fumo e milho. Hoje, o grão representa 20% do faturamento das unidades familiares, que alcança R$ 20,26 bilhões. Ou seja, é responsável por R$ 1 de cada R$ 5 gerados dentro das porteiras.  Em 2006, correspondia a 12% do total.
– Em razão do preço  e da garantia certa de comercialização, a soja atrai todo tipo de produtor. Dificilmente se encontra outro produto em escala que remunere da mesma forma. Por isso, cresceu no Estado todo, não só na agricultura familiar – constata Luis Eduardo Puchalski, coordenador do Censo Agropecuário no Estado.A soja está em 76 mil das 293,8 mil propriedades familiares no Estado, o equivalente a 26% do total. Em 2006, aparecia em 24% dos estabelecimentos. Em um contexto de envelhecimento da população rural e dificuldades em encaminhar a sucessão nas pequenas propriedades, o economista-chefe da Federação da Agricultura no Estado (Farsul), Antônio da Luz, destaca que o grão tem papel importante:
– A soja combate esse problema. Ela dá aumento de receita, que compete com a aposentadoria e com a ida dos jovens à cidade. Não quer dizer que seja a solução da agricultura familiar, mas o grão dá incentivos. Professor de sociologia do desenvolvimento rural e estudos alimentares da UFRGS, Sergio Schneider vê com preocupação o aumento da dependência da soja nas propriedades familiares.– Boa parte da riqueza gerada pela soja acaba ficando na mão das grandes cooperativas, tradings e lojas que vendem tratores e agrotóxicos. Os agricultores acabam tendo que se virar para arrendar mais terra para poder plantar e sobreviver – argumenta.  
A necessidade de pouca mão de obra para manejar a lavoura e as dificuldades enfrentadas em atividades tradicionalmente desenvolvidas nas propriedades familiares, como a pecuária de leite, fizeram com que muitos agricultores intensificassem o foco na soja.

Estímulo pelo aumento de demanda e biodiesel

Com a crescente demanda, puxada principalmente pela China, o grão passou a ser visto como alternativa segura para a obtenção de renda. Outro atrativo está no setor de biodiesel nacional, que é obrigado a adquirir parte da matéria-prima junto à agricultura familiar.– O que salda as contas, ao final, é a soja. O produtor tem liquidez, pagamento à vista, o que não costuma encontrar em outras atividades. Então, a tendência é de que a soja continue ganhando espaço – projeta Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).No caso do produtor Adilson Hintz, de Coronel Barros, no noroeste do Estado, a soja literalmente quitou dívidas. Há cerca de 10 anos, ele pegou empréstimo bancário para viabilizar o plantio de uma safra de milho. No entanto, a venda das sacas não compensou o custo de produção. Hintz só conseguiu cobrir o prejuízo com a receita obtida na soja. Desde então, começou a se voltar somente à oleaginosa, que hoje ocupa integralmente os 50 hectares de lavoura.
– Optamos por uma cultura e por fazer ela bem feita. Nossa renda aumentou pelo crescimento da produtividade e também pelo preço bom nos últimos anos – pontua.
Na última safra, Hintz colheu 77 sacas por hectare e espera superar a marca de 80 sacas na próxima. Há uma década, a média por hectare não superava as 50 sacas em sua propriedade. Ele constata que a tecnologia foi fundamental para a evolução do desempenho, já que máquinas e insumos de maior qualidade passaram a ficar acessíveis aos agricultores de pequeno e médio portes.

O que é uma propriedade da agricultura familiar

Para enquadrar uma propriedade como familiar, o IBGE utiliza como base a Lei 11.326/2006, que estabeleceu a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, e o decreto 9.064/2017, que instituiu o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar. Neste sentido, são levados em consideração quatro aspectos:

  • A área da propriedade deve ter até quatro módulos fiscais. No Rio Grande do Sul, cada módulo pode equivaler de cinco a 40 hectares, dependendo do município. Os valores exatos para cada localidade são determinados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
  • No mínimo, metade da força de trabalho utilizada no processo produtivo e de geração de renda necessita ser familiar.
  • Pelo menos metade da renda familiar deve ser proveniente de atividades desenvolvidas na propriedade rural.
  • A gestão do estabelecimento precisa ser estritamente familiar.

Um pensamento sobre “As Sementes transgênicas da Ideologia Neo Liberal

  1. *V E R G O N H A – O INFERNO É AQUI, E NÃO TEM SANTINHOS NO INFERNO.*
    > https://gustavohorta.wordpress.com/2019/11/11/v-e-r-g-o-n-h-a-o-inferno-e-aqui-e-nao-tem-santinhos-no-inferno/

    57 milhões entre nós plantaram pimenta e colhemos.

    42,1 milhões ficaram em cima do muro, sem perceber que o muro tinha dono… o capeta é o dono do muro. Não plantaram nada, colhemos seja lá o que for. Claro, pimenta.

    E nós, plantamos uma horta, mas só germinaram as pimentas; colhemos. Não fomos suficientemente cuidadosos e competentes para obter a germinação das melhores culturas. Colhemos pimenta.

    Mais de 100 milhões são os responsáveis. Todos somos cúmplices ou coniventes, co-responsáveis, como definiu hoje cedo o Bemvindo Sequeira.

    O pessoal lá do ETA na Espanha ou do IRA, na Irlanda do Norte – não sei mais – dizia, toda vez que eram criticados pelos seus atentados que atingiam inocentes: *NINGUÉM É INOCENTE*. …

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