Uncategorized

Ministro, os bancos não merecem essas amabilidades

Pescado do Blog do Zé

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo estuda medidas para facilitar a renegociação das dívidas e reduzir a inadimplência. O ministro dá um tratamento educado e cortês a um setor que está na contramão da história. Na verdade os bancos são favoráveis à política de austeridade. Estão do mesmo lado de Ângela Merkel, hoje isolada na Europa e entre os países do capitalismo central.

Além disso, os bancos seguem apenas seus instintos de lucro, sobrevivência – muitas vezes suicida – e de aversão ao risco total. Ao menor sinal de crise restringem o crédito e aumentam os juros. Saem do mercado, como fizeram em 2008-09, e colocam em risco todo o sistema econômico.

Adotaram uma postura “pró-cíclica”, novamente nas palavras educadas do ministro, que argumenta (é o ‘caráter suicida’ a que me referi acima): “O ciclo está desacelerando e você (o banco) toma medidas que desaceleram ainda mais”.

Deixemos de amabilidades com a banca privada. É este mesmo setor que, em qualquer parte do mundo capitalista, exige e consegue que a nação, o país, o Estado socorram bancos em estado pré falimentar por erros e fraudes, como aconteceu nos Estados Unidos e Europa.Com o argumento de risco sistêmico, o Federal Reserve (o banco central dos EUA) e o Banco Central Europeu (BCE) deram ajudas trilionárias aos bancos em dificuldades na crise de 2008-09.

Lembram do PROER de FHC?

No Brasil aconteceu algo semelhante com os programas PROER (para os bancos privados) e PROES (bancos públicos estaduais) que, no governo FHC, entre 1995 e 2000, sugaram mais de R$ 110 bi dos cofres públicos. Uma dinheirama, verdadeiro “prêmio à corrupção”. Dinheiro que saiu do bolso do contribuinte e que nunca mais o povo verá.

Agora novamente os bancos não querem correr riscos e apostar na retomada do crescimento. Ao menor sinal de inadimplência, fecham as torneiras e se protegem nos títulos públicos. Mais uma razão para que a Selic continue caindo até o mínimo possível, de preferência a menos de 7%. É o caminho para evitar a saída via tesouraria que os bancos recorrem a cada sinal de crise, sem se importar um mínimo com o país e seu futuro.

O problema das tarifas

Isso sem falar no aumento das tarifas e na verdadeira falta de fiscalização via BC desse assalto ao bolso do correntista, através da cobrança das tarifas que pagam todas as despesas operacionais dos bancos.

O noticiário de hoje dá conta de que as tarifas de serviços bancários pagas pelos brasileiros continuam subindo. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de maio o aumento foi de 1,66%, um dos destaques dentro da inflação de 0,51% verificada no mês, segundo o IBGE.

No IPCA de abril, os serviços bancários já tinham subido 1,42%, contribuindo para a alta de 2,23% no grupo Despesas Pessoais no período.

Até quando vamos viver essa situação? O governo tem que pensar em soluções que obriguem os bancos a abrir mão dos seus lucros, chegando até ao tabelamento dos serviços bancários, como sugeriu o especialista em finanças públicas Amir Khair, em artigo recente. Aí sim, sobra mais dinheiro nas mãos do consumidor. Dinheiro que o país precisa para dinamizar o consumo e fazer a economia girar mais rápido.


Descubra mais sobre Luíz Müller Blog

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário