conflito Israel/Palestina é colocado do ponto de vista privado, e segundo o papel das mulheres no conflito, tanto a palestina – dona do pomar -, quanto a judia – esposa do Ministro da Defesa de Israel.
Lemon tree aborda o conflito Israel/Palestina de forma até paradoxal, pois, ao mesmo tempo que é explícito, é sutil. Há outras problemáticas envolvidas.
Resenha do filme Lemon tree
15 01 2010
Lemon tree é um filme feito por um Israelense, o diretor Eran Riklis. Baseado em fatos reais, conta a história de Salma (Hiam Abass), uma viúva palestina que possuí um pomar de limões herdado do pai. O pomar é o meio de sua subsistência, mas ela se vê ameaçada quando o Ministro da Defesa de Israel torna-se seu vizinho. O pomar vira uma ameaça à sua segurança, pois segundo os israelenses algum terrorista poderia esconder-se ali e cometer um atentado contra a casa do ministro. Quando é notificada que seu pomar seria destruído, Salma decide resistir contratando um advogado que leva sua causa até o tribunal. Todo esse processo chega até a Suprema Corte tornando-se um fato político e midiático.
Mas a trama central do filme não é a luta travada nos tribunais, mas a forma como a dona do pomar resistiu e a sua relação com todas as outras personagens. Sendo assim, é importante destacar duas questões essenciais: primeiramente o conflito Israel/Palestina é colocado do ponto de vista privado, e segundo o papel das mulheres no conflito, tanto a palestina – dona do pomar -, quanto a judia – esposa do Ministro da Defesa de Israel.
Lemon tree aborda o conflito Israel/Palestina de forma até paradoxal, pois, ao mesmo tempo que é explícito, é sutil. Há outras problemáticas envolvidas. Não é um filme panfletário e que toma partido de um dos lados, ele aborda o conflito do ponto de vista privado, aquele que interfere diretamente na vida das pessoas. Interferência direta como a mudança do Ministro da Defesa israelense causou na vida da protagonista do filme, fazendo uma clara alusão ao papel do Estado Israelense na vida do povo palestino. Em uma de suas cenas, Salma afirma que após a vinda do ministro para perto de sua casa, sua vida havia virado um inferno. Talvez seja o mesmo sentimento que todo o povo palestino sinta, quando em 1948 a ONU autorizou a criação do Estado de Israel, onde antes já existia uma nação.
O conflito torna-se mais complexo e profundo quando a esposa do Ministro da Defesa deixa claro que não concorda com a postura dele diante do caso do limoeiro, apontando que o conflito não é abordado de maneira simplista pelo diretor. As mulheres – de ambos os lados do conflito – são sinônimo de resistência, não concordam com as situações postas dentro do conflito Israel/Palestina e também resistem a questões de suas próprias culturas.
Enfim, Lemon tree aborda uma questão tão complexa de forma poética, simples e com suavidade. Mostra a resistência com delicadeza, e não porque a personagem central é uma mulher, mas porque há outras inúmeras formas de resistir e há outros meios de destruição que não um tanque. O filme é profundo porque trata de uma guerra sem mostrar o combate armado, construindo um final brilhante, que reforça justamente isso, um conflito que está muito além das armas e bombas, muito além dos atentados, das pedras e dos tanques. É o choque entre duas culturas que se faz presente.
http://oficinadetextoscinema.wordpress.com/2010/01/15/resenha-do-filme-lemon-tree/
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