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Quando eu morrer (poema islâmico)

No dia em que levarem meu corpo morto 

não penses que meu coração ficará neste mundo. 

Não chores por mim, nada de gritos e lamentações 
– lembra que a tristeza é mais uma cilada do demônio. 
Ao ver o cortejo passar, não grites: “ele se foi!” 
Para mim, será esse o momento do reencontro. 
E quando me descerem ao túmulo, não digas adeus! 
A sepultura é o véu diante da reunião no paraíso. 
Ante a visão do corpo que desce 
pensa em minha ascensão. 

Que há de errado com o declínio do sol e da lua? 
O que te parece declínio, é tão somente alvorada. 
E ainda que o túmulo te pareça uma prisão, 
e é ele que liberta a alma: 
toda semente que penetra na terra germina. 
Assim também há de crescer a semente do homem. 
O balde só se enche de água 
se desce ao fundo do poço. 
Por que deveria o José do espírito 
reclamar do poço em que foi atirado? 
Fecha a tua boca deste lado 
e abre-a mais além. 
Tua canção triunfará 
no alento do não-lugar. 

(Texto extraído do livro “Poemas Místicos”, do poeta sufi Jalad ud-Din Rumi)

Reblogado do Jornal GGN

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