Sou pobre, moro no beco, pego busão cheio, suo, faço churrasco ouvindo samba, minha mãe é hipertensa e diabética, meu pai é pedreiro e rala pesado pra ela fazer seus exames no laboratório pago porque no posto demora meses. E exijo que sejamos tratados da melhor maneira possível, seja de camiseta colada ou laçarote na cabeça, e sabe o porquê? Porque meu pai assenta seu porcelanato, minha tia limpa sua casa pra ficar brilhando e cheirando bem, minha prima cozinha sua comida, lava suas roupas, e eu, madame, estudo na universidade pública com seu filho, e não tive que pedir licença pro senhorzinho pra entrar, você vai abrir a revista e ver meu nome lá, não no noticiário policial, mas na página de ciência e tecnologia, arte, do lado dos meus irmãos que estão invadindo, como baratas, que a senhora tem tanto nojo, a sua praia. A gente limpa, veste e…
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