Não sou nenhum defensor do Eike Batista. Acho até que, após condenado por suas maracutaias, ele tenha que pagar o que deve, nem que isto implique em tomar-lhe todas as propriedades. Mas não é disto que estamos falando. O tal Juiz, inspirado por superiores seus, como Joaquim Barbosa e também por outros iguais, como o Juiz Moro, gosta de aparecer na mídia, atropelar a Lei e anunciar condenações antes mesmo do Julgamento. O espaço dos julgamentos é em praça publica, através da mídia. Se depois houver um posicionamento diferente, e a Defesa dos réus vencer, dane-se a justiça. Juiz agora é ator da mídia global. E como tal, atende as demandas da mídia por imputar culpa e condenar previamente, mesmo que se utilizando de mentiras, como no caso do Mensalão e agora, dos seletivos vazamentos da Lava Jato. Tudo por aparecer na mídia e serem”salvadores da pátria”. Mas se são deuses do bem, que livram a humanidade de todo mal, que mal teria em se apossarem também dos bens dos seus julgados? É conhecido de muitos o caso da Escola Base, onde os donos de uma Escola Infantil foram acusados de Assédio Sexual contra crianças. A Globo, a Veja e toda a Corja midiática publicaram a denúncia como se verdadeira fosse. A polícia tomou a denúncia como verdade, não averiguou, a justiça aceitou a denúncia como verdade, por que já tinha sido aceita pelo senso comum, enganado pela mídia pela constante repetição de mentira. A coisa seguiu por quase 10 anos com a família proprietária presa e com profundo stresse, a família sucumbiu em doenças e a mulher da família morreu. Não eram culpados. Só muitos anos depois se comprovou a inocência. Mas as pessoas já haviam sido julgadas pela mídia. De lá para cá as coisas só pioraram. A justiça, para garantir a condenação política de pessoas no chamado “mensalão”, usou da teoria do “conhecimento do fato” para condenar várias pessoas. Na Lava Jato a lógica é a mesma. Não é diferente esta atitude deste juiz que se sente um defensor do bem contra o mal, e que por isto não vê problema nem mesmo em se apropriar de um bem de um processado que ainda não foi condenado. Estamos falando de casos conhecidos. Mas quantos casos destes estão acontecendo a cada dia, que não tem visibilidade, por que não tem o mesmo interesse político da mídia, e que terminam com inocentes que nem sequer foram julgados, mofando nas cadeias e seus bens tomados, não para o Estado, mas para este ou aquele juiz? Aliás, não dá pra esquecer que o Juiz Moro, do alto de sua deidade propôs premiar o bandido confesso da Lava Jato, dando-lhe comissão sobre todo o dinheiro que a justiça conseguisse amealhar a partir de suas delações?
Joaquim Barbosa e o STF fazem escola
Lê aqui texto do Kiko Nogueira publicado no Diário do Centro do Mundo
Na primeira semana de fevereiro, policiais recolheram um piano, relógios, obras de arte e o celular de Eike Batista. Poucos dias depois, foi a vez de seu iate, jet skis e três carros na mansão da ex-mulher dele, Luma de Oliveira, mãe de Thor e Olin.
Os mandados de apreensão são resultado do bloqueio de 3 bilhões de reais decretado pelo juiz Flávio Roberto de Souza. Eike é acusado, entre outras coisas, de ter negociado ações com informações privilegiadas (insider trading).
Souza, que conduz o processo na Justiça Federal do Rio de Janeiro, apareceu no Fantástico no domingo passado batendo pesado na família Batista. “Por que ele não vendeu a Lamborghini e pagou dívidas? Eles continuam numa ostentação que é totalmente incompatível a quem tem dividas bilionárias”, disse.
No programa, aproveitou para declarar-se “absolutamente isento”. Não tinha “nenhum interesse” em condenar ou absolver Eike Batista.
Mas o país dos juízes vingadores tem caprichos inexpugnáveis.
Souza foi flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike Batista. Segundo sua versão, o veículo foi parar em sua garagem na Barra da Tijuca por falta de vagas no pátio da Justiça Federal e para protegê-lo do sol e da chuva.
O site Ego descobriu que a Range Rover de Thor Batista também foi visto no prédio do magistrado. Sergio Bermudes, advogado de Eike, acredita que o piano estaria na casa de Souza.
Sua imparcialidade havia sido colocada em dúvida há meses. Mas quem se importa realmente com esse detalhe em se tratando da luta do bem contra o mal?
Em janeiro, o Ministério Público Federal se opôs a seu afastamento. A defesa o havia pedido por causa de seu “prejulgamento”, patente em reportagens. Logo após a primeira audiência, transformada em show, chamou o réu de “megalomaníaco”.
Numa entrevista ontológica (você leu direito) ao Extra, jactou-se de seu budismo e de sua faculdade de perceber se uma pessoa está sendo sincera. “Ainda é prematuro traçar algum perfil, mas o momento oportuno para me manifestar sobre isso será nas sentenças dos processos. Até lá, terei feito o interrogatório dele. Aí, olhando no olho, vou saber como ele é. Tudo que conheço é midiático”, afirmou.
“Tive dois contatos com ele, mas apenas em audiências. Pela minha experiência e formação, vou entrar na personalidade dele. Vou entrar mais fundo na essência dele. Até pelas minhas práticas budistas, tenho muita facilidade de saber quando a pessoa está mentindo ou falando a verdade. Vou esmiuçar a alma dele. Pedaço por pedaço.”
A procuradora regional da República Silvana Batini, autora do parecer mantendo o juiz no caso, nunca viu problema. “A prática [de falar com a imprensa] é comum, mesmo com ministros do STF. A cautela recomenda que as declarações sejam cuidadosas, mas a exigência de transparência e o crescente interesse da população pela Justiça acabaram por forjar um novo padrão de comunicação. O juiz não é mais um personagem hermético e recluso”. escreveu.
É o STF fazendo escola. Você nunca pensou que teria saudade do tempo em que juízes eram herméticos e reclusos, não tinham assessoria de imprensa, não davam carteiradas em blitz de bafômetro e não prejulgavam. Faltava pegar os automóveis dos outros para dar umas bandas por aí. Não falta mais.
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