Na sua incansável cruzada para “sangrar” Dilma e “matar” Lula, a mídia privada não poupa recursos. Até os cartunistas, que no passado eram respeitados por suas ironias contra as elites, são acionados – sabe-se lá a que preço. Nos últimos dias, dois episódios confirmaram que alguns deles já venderam seus traços e seu caráter aos patrões, deixando de lado a irreverência e o espírito crítico. Tornaram-se mais realistas do que o rei. Chico Caruso, que há muito tempo trilha este caminho, publicou no jornal O Globo uma charge agressiva contra os advogados que questionaram os abusos da Lava-Jato. Já o diário Zero Hora trocou a imagem de FHC por uma de Lula ao criticar a propina de US$ 100 milhões que teria sido paga ao governo tucano. Baita mancada!
A charge do jornal gaúcho gerou uma onda de chacota nas redes sociais, obrigando a direção da RBS – proprietária do impresso e de emissoras afiliadas da TV Globo – a publicar uma errata ridícula. ‘Zero Hora’ alegou que o desenhista Marco Aurélio errou na caricatura do personagem que diz “desconheço de quem eu recebi R$ 100 milhões em propina”. Errou na figura e no montante – foram 100 milhões de dólares e o acusado na “delação premiada” foi o ex-presidente FHC.
Já o deputado petista e ex-presidente da OAB, Wadih Damous, acusou Chico Caruso de “instrumento do puxa-saquismo” diante dos donos da Globo. Em sua página no Facebook, ele afirmou que a charge “ultrapassou a todos o limites do achincalhe. Ela afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país. E não a tratemos como mera piada de mau gosto. Trata-se, na verdade, de um ataque ao Estado de Direito e aos princípios dele decorrentes, como o devido processo legal, a presunção de inocência e o direito à defesa. Já não basta a criminalização geral de tudo e de todos. Agora, tentam desqualificar até o advogado de defesa”.
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