Por José de Souza Castro

Reblogado do blog da kikacastro.com.br

É curioso o noticiário que calcula o valor negociado em bolsa pelo número total das ações e trombeteia que determinada empresa perdeu tantos bilhões em valor de mercado. Por exemplo, no último dia 14 o presidente Lula demitiu o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e naquela semana a empresa “perdeu R$ 55,3 bilhões em valor de mercado”.

Aí assumiu Magda Chambriard, dia 24. Em entrevista no dia 27, ela procurou acalmar o mercado. E as ações começaram a subir mais de 1%. Ninguém na imprensa se preocupou em calcular quanto a empresa ganhou “em valor de mercado”, após a entrevista.

A brava imprensa sempre tem muito a falar sobre a Petrobras. Foto: Roberto Farias / Agência Petrobras

Qual a mágica? Magda disse que, sob sua gestão, a Petrobras terá grandes lucros e saberá recompensar seus acionistas. Mais significativo: Lula não pediu a ela que recomprasse as refinarias vendidas no governo Bolsonaro. Mas, se houver oportunidade de mercado, recompra, para agregar valor ao refino.

Outra pílula de tranquilizante aos bravos investidores que não se cansam de ganhar comprando e vendendo ações da maior estatal brasileira: a única demanda que ouviu de Lula ao indicá-la ao comando da empresa foi administrar a Petrobras “com respeito à sociedade brasileira”.

Traduzindo: os preços não voltarão a ser como na gestão de Pedro Parente, que atrelou-os ao mercado internacional.

– Vamos colocar a Petrobras à disposição dos interesses de seus acionistas, dentro da lógica empresarial – resumiu a nova presidente.

Tudo bem? Agora é esperar para saber, pela nossa brava imprensa, quanto a empresa ganhou em valor de mercado após tão sensatas palavras de Magda Chambriard. (E quem esperava outra coisa de uma mulher que galgou os degraus da carreira na Petrobras até chegar pelos próprios méritos ao cargo de CEO?)

Magda Chambriard, a nova presidente da Petrobras. Foto: Roberto Farias / Agência Petrobras

Ah, sim: e a exploração de petróleo na chamada margem equatorial do Atlântico, defendida em entrevista pelo diretor de Exploração e Produção da Petrobras Joelson Falcão Mendes, pouco antes da queda de Jean Paul Prates?

Bem, parece que Magda ainda está avaliando a questão. Mas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que teria atuado para derrubar Prates, disse em evento em Belo Horizonte, no mesmo dia da entrevista da presidente da Petrobras, que os órgãos ambientais devem respeitar a legislação e não tentar legislar.

Ou seja, o Ibama não deve extrapolar suas funções ao julgar os pedidos de licenciamento para exploração de petróleo na Margem Equatorial.

A ver.

E a ver também se Joelson Mendes permanecerá no cargo com Magda.