Porto Alegre

Feiras de rua: o fenômeno porto-alegrense que a prefeitura “joga contra” (Por Adeli Sell*)

Há quase 50 anos surgiu em Porto Alegre o Brique da Redenção, uma feira que reúne antiguidades, artesanato, artes, gastronomia. Um atrativo para turistas e pessoas da cidade que gostam de passear e apreciar o que é produzido por aqui. Ela é sucesso a cada domingo. Está até em letra de música.

Aos sábados, também na Redenção, temos a Feira Ecológica e a do Mercado Bom Fim. Todas estas atividades acontecem em um único bairro.

 Temos a Feira do Gasômetro. A da Tristeza. Sem esquecer que também há anos existe a Feira dos Artesãos da Praça da Alfândega, em pleno Centro Histórico e aquelas que acontecem dentro do Mercado Público.

Talvez, inspirada por estas feiras já tradicionais, é que novas surgiram em outros lugares da cidade, em parques, praças e ruas. As chamadas “Feiras de Rua” ganham cada vez mais o coração de quem circula por Porto Alegre.

Nestes eventos itinerantes, vemos a cultura da cidade, a produção de artistas, artesãos, junto com outras artes, música, gastronomia e a nossa já famosa “cerveja artesanal”.

 Compreendemos a importância destas atividades e estamos atentos a esta “nova economia”.    No entanto, apesar de vereadores ligados ao governo atual terem proposto certo “deixa rolar” legislativo para atividades comerciais, o governo edita uma “resolução” na contramão da norma, das necessidades e até do “mercado”, palavra que eles tanto gostam de usar.

 Ora, se há público, vendas e resultados, por que razão restringir as Feiras de Rua?

  Estas tais feiras de rua estão vinculadas aos humores do tal Escritório de Eventos, o qual está vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, numa confusão com a área de Turismo, como a “Economia criativa” fica com a Secretaria de Cultura.

É uma grande bagunça dentro da prefeitura. E fica tudo ainda mais confuso quando se consulta o site da prefeitura. Não encontramos nem um Calendário de quaisquer eventos. Logo, vira uma piada a ideia divulgada pela prefeitura que se propõe a articular atividades e eventos para o “desenvolvimento econômico”.

 Não se trata aqui de uma “birra” pessoal ou malevolência de feirantes. Pelo contrário, somos todos abertos ao diálogo, à colaboração e temos um jeito de jogar a bola para frente. Não conhecemos retranca nem nos digladiamos como se numa arena estivéssemos. Ninguém poderia aceitar estas restrições em tempos normais, ademais agora que a capital viveu a sua maior catástrofe da natureza de todos os tempos.

É o momento de dar oportunidades a trabalho e produção de renda a todos os que puderem produzir e ofertar produtos e atividades culturais a quem posso consumir.

É hora de olhar para o passado, para o começo do Brique e aprender, avançar com os meios de comunicação que temos, dando vida a espaços públicos, dando condições de lazer e consumo, para uma vida ao ar livre, mais saudável. É hora da cor local, dos atores locais, da vida que supera traumas e dificuldades.

Tudo em Porto Alegre é sempre conquistado com lutas, e esta será mais uma peleia: liberdade para as Feiras de Rua!

*Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador.

Um pensamento sobre “Feiras de rua: o fenômeno porto-alegrense que a prefeitura “joga contra” (Por Adeli Sell*)

  1. do apoio, guerreiro Adeli Sell!

    Dá uma tristeza ver a decadência de Porto Alegre, em todos os sentidos nessas gestões que so degradam tudo que construimos com muita luta!

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