
As Areias do Hermenegildo, de Gilberto Fontoura, é um romance de suspense que se destaca pela sua inspiração em fatos reais, ambientado na isolada praia do Hermenegildo, no extremo sul do Brasil.
Gilberto é advogado criminalista gaúcho e o livro reflete a expertise do autor em temas de justiça, abuso e redenção, transformando uma narrativa curta em uma reflexão profunda sobre feridas sociais que o tempo tenta, mas não consegue, apagar.
A sessão de autógrafos na feira do Livro foi um sucesso, com a presença de advogados e apreciadores de romances de suspense e baseados em fatos reais.
A trama inicia com a descoberta do corpo de uma jovem na praia, um caso aparentemente banal de overdose.
No entanto, Fontoura tece um enredo onde o passado irrompe no presente, revelando camadas de segredos, violências e silêncios cúmplices.
Anos após o incidente, uma antiga amiga da vítima decide romper o véu do esquecimento, dando voz àqueles que foram calados e embarcando em uma busca por verdade e reparação.
Essa jornada não é apenas individual, mas um confronto coletivo com abusos sistemáticos, paixões truncadas e promessas dissipadas pelas areias do tempo.
O que impressiona na obra é a habilidade do autor em equilibrar suspense com elementos emocionais, criando uma atmosfera brutal e poética ao mesmo tempo. A brevidade da narrativa não compromete sua intensidade; pelo contrário, ela amplifica o impacto, deixando o leitor com questionamentos sobre a fragilidade da justiça em contextos isolados e periféricos.
Como advogado criminalista, Fontoura infunde autenticidade aos dilemas éticos e legais, tornando o livro não só um entretenimento, mas uma crítica sutil à impunidade.
Recomendo especialmente para quem aprecia ficções baseadas em eventos reais, com toques de mistério psicológico e drama humano. É uma leitura que perturba e inspira, perfeita para refletir sobre coragem em face do silêncio imposto.
O livro é também um libelo de alerta a Sociedade. No Brasil apenas 35% dos Casos de Homicídios são esclarecidos. No decorrer da leitura, é possível verificar que as razões deste baixo índice estão muito além de apenas “erros” de investigação.
O blogueiro esteve lá, no começo da sessão de Autógrafos e ouviu o autor:
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