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COP 30 – A afirmação do multilateralismo (Por Paulo Timm)

Por Paulo Timm na Folha de Torres

“O atual encontro COP 30 em Belém ilustra o conceito do multilateralismo: Para tratar de um assunto de interesse do planeta, Chefes de Estado se reúnem para ‘concertar’ políticas que apontem para a solução do problema do aquecimento do planeta.

A questão do clima, aliás, teve seus primórdios  no Brasil, em 1992, na Rio 92, multilateral, convocada pela ONU,  quando aqui aportaram mais de 200 chefes de Estado que concordaram ser hora de redirecionar o processo de desenvolvimento de forma a evitar o esgotamento dos recursos naturais do planeta exauridos pelo crescimento industrial. Aí nasceu a ideia de sustentabilidade. O desenvolvimento deveria tomar, a partir de então, cuidados especiais com o meio ambiente, não para “conservá-los” em estado intocável, mas obedecendo a algumas novas regras de conduta, com ênfase em novas tecnologias, níveis mais elevados de justiça social e cuidados com os recursos naturais. Já no ano 2000 a ONU ficaria os Objetivos do Milênio, com metas a serem cumpridas até 2015, com oito metas:  erradicar a pobreza extrema e a fome; alcançar a educação primária universal; promover a igualdade de gênero; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV/AIDS e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e criar uma parceria global para o desenvolvimento.

Hoje, a ONU sustenta um plano de ação global, adotado por 193 países em 2015, para alcançar o desenvolvimento sustentável até 2030. Ela é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas que visam erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos, integrando as dimensões social, ambiental e econômica.

Depois da Rio-92, cresceu, sobretudo, a  consciência sobre a necessidade de controlar a emissão de gases de efeito estufa, produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás, responsáveis pelo aquecimento do planeta. Diversos encontros “multilaterais” tiveram, então lugar – Kyoto, Paris, Baku, etc – tentando fixar compromissos de cada país frente à emissão desses gases. E isso vem ocorrendo, não na velocidade necessária para parar o aquecimento, mas, pelo menos no sentido de diminuir seu ritmo. Trata-se, agora , de garantir duas coisas: Acelerar este ritmo, antes que a elevação de temperatura chegue ao ponto crítico de 2,5 graus acima da média anterior à Era Industrial, o que seria desastroso e irrefreável e obter o apoio financeiro dos países desenvolvidos, principais causadores do efeito-estufa, aos países mais atrasados na corrida industrial, para que possam fazê-la nos marcos de fontes alternativas de energia. Isso

tudo, enfim, é o multilateralismo em ação.

Contra esse processo, de afirmação do “multilaterismo”, através do qual órgãos internacionais previamente organizados, convocam e articulam decisões de interesse coletivo,  o Presidente Trump e seus seguidores extremistas mundo afora, proclamam o fim das Agências Multilaterais, cortando, inclusive sua contribuição financeira para a ONU e suas agencias, como Organização Mundial da Saúde e UNESCO. Nem enviaram representante para a COP 30.  Preferem o “diktat “ monocrático como  nação hegemônica, à qual se curvam docilmente os governos de extrema direita no mundo inteiro, sem se darem conta que estão assim contribuindo para o fim da civilização. O Doutor Carlos Nobre, cientista, um dos maiores estudiosos do clima no mundo, afirma: Se não atuarmos no ano de 2060 muitas cidades brasileiras tornar-se-ão inabitáveis no verão. Países insulares desaparecerão..

Só temos a lamentar o negacionismo e voltar a defender o multilateralismo como um caminho para a construção de um mundo mais justo, em paz e desenvolvido.


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