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Reforma política contra a degradação, por Tarso Genro

Pescado do Sitio do PT

…”O Brasil precisa de um choque político contra essa degradação que vai, paulatinamente, corroendo a dignidade da política aqui praticada: pelas alianças incoerentes, pela desvinculação dos líderes de partidos dos seus programas originários, pelos compromissos assumidos com os financiadores de campanhas (nem sempre lícitos) e, finalmente, pelo ativismo agressivo do Poder Judiciário e do Ministério Público.“…

O sistema político atual do Brasil é um reprodutor de lideranças artificiais, vocações para a corrupção e regionalismos alienados

O ambiente democrático no país está se degradando num crescente assustador. O que segura o prestígio da democracia atualmente é, no plano da subjetividade política, a solidez que ela adquiriu em meio às elites e a boa parte do povo durante os governos FHC e o potencial de amplo apreço popular por ela nos governos Lula, face às grandes mudanças de rumo na economia e na distribuição de renda.

Os governos Lula proporcionaram extraordinária mudança na estrutura de classes da sociedade, criando novos sujeitos sociais e econômicos, não somente na burguesia mas também em extensas camadas populares, que “ganharam” e cresceram com a democracia e com ao processo de expansão da economia.

A questão da corrupção, que nunca foi tão atacada como nos últimos anos e continuará sendo porque já temos instituições sólidas para isso, não é responsável pela degradação do ambiente democrático. Tampouco o são a mediocridade de certa parte das elites, a crise mundial ou a manipulação da informação por uma parte poderosa da mídia.

Tudo isso pode colaborar um pouco, mas o centro da degradação é o sistema político no seu sentido mais largo -envolvendo o processo eleitoral, que também está esgotado. O sistema atual é um reprodutor de lideranças artificiais, de vocações para a corrupção, de regionalismos alienados e de corporativismos geográficos, que se opõem à ideia de nação.

O Brasil precisa de um choque político contra essa degradação que vai, paulatinamente, corroendo a dignidade da política aqui praticada: pelas alianças incoerentes, pela desvinculação dos líderes de partidos dos seus programas originários, pelos compromissos assumidos com os financiadores de campanhas (nem sempre lícitos) e, finalmente, pelo ativismo agressivo do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Esses, no vácuo de uma legalidade superada e por conta da apatia do Congresso, atuam com seus termos de ajustamento ou suas súmulas sem precedentes, usurpando prerrogativas dos Executivos e Legislativos, talvez abrigados numa “inexigibilidade de outra conduta”, para que a situação não piore.

Defendo que três mísseis contidos na proposta do deputado Henrique Fontana, relator da reforma política, podem alterar para melhor essa letargia da decadência.

A saber: o financiamento público das campanhas, acompanhado de controles eficazes e duras sanções para partidos e pessoas que violem as normas de financiamento; a votação em lista preordenada (mesmo com a atenuação do voto duplo); e a criação de controles legais para a elaboração da lista, no âmbito interno dos partidos.
Os ecos de indignação ouvidos na Argentina (que se “vayan todos”) e a intermitência de “rebeldia” nos países da Europa ocidental -que buscam seus lugares “dentro do sistema” através das redes- são meras comprovações do profundo mal-estar com a democracia e também sintomas de um “novo” sem projeto e sem propostas para superar crises.

Só o risco calculado de uma reforma no sistema político, para oxigenar a República e organizar as disputas na democracia de alta intensidade, pode ressignificar a esfera da política e da militância nos partidos. O niilismo esquerdista ou direitista -ou meramente oportunista dos udenistas de ocasião- pode comprometer o futuro do essencial que nos une: a preservação e o avanço da democracia e da República.

Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul; foi ministro da Justiça (2007-2010), ministro da Educação (2004-2005) e prefeito de Porto Alegre pelo PT (1993-1996 e 2001-2002).


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4 pensamentos sobre “Reforma política contra a degradação, por Tarso Genro

  1. Dr, Tarso, Governador. concordo plenamente com a sua explanação. E aproveitando, li outro dia que o seu governo apoiaria a implantação de oliveiras, bem, o que falta é financiamentos pelo Banrisul, a juros para o pequeno produtor, e carência de 5 anos. eu acompanhei a pesquisa de oliveiras pela EPAGRI, (é a emater deles) Chapecó , da pesquisa do DR. Dorli da Crossi, e meu pai sempre dizia que se em um lado do rio da do outro lado também da. eu estou plantando por minha conta , dois mil pés inicialmente, ano que vem plantarei mais cinco mil pés. mas para eu ensinar e incrementar na região, para o pequeno produtor rural, eles só com empréstimos poderão plantar. a oliveira que produz azeitonas e dela o azeite de oliva, dois produtos com preços nobres. que seria a redenção do pequeno, pois em um ha. plantando 500 oliveiras, e se um pé somente der 10 kg. por safra ano, daria cinco mil kg. ha. a dois reais o kg. teria uma renda por ha. de dez mil reais. e com pouco trabalho, infelizmente os agrônomos da EMATER , nada aprendem sobre a oliveira , pois não tem esta disciplina nas faculdades, por isto esta pesquisa da Epagri, é tão importante, quem sabe o Estado consiga um convenio com Santa Catarina, bem para ver esta pesquisa, é pesquisar na internet, colocando ai no cabeçalho deste jornal virtual, clicar em arquivo, e neste calendário, clicar no dia 22 de novembro de 2010, ai neste jornal daquele dia, rolar jornal abaixo até no artigo, cultura de oliveiras, uma escrita pequena, que abrira a publicação de toda a pesquisa do Dr Dorli da Crossi, o DR e Secretário Beto Albuquerque tem conhecimento deste meu projeto. em parceria com o Jacó Ignacio Reichert, e locutor da Radio Planalto, e pai do ex candidato a deputado Otavio Reichert de Passo Fundo, do partido do Dr, Beto. conto com o Sr, Dr nosso Governador , para esta obra, que deverá consagra-lo como o pai da oliveiricultura no estado.
    ATT.
    Selvino Geronimo Reichert

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  2. Na matéria anterior, sobre oliveiras. a pesquisa é no Agrosóft Brasil, onde ai clica no arquivo, clicar na data de 22 de novembro de 2010, e no jornal daquele dia rolar folha abaixo ate no artigo cultura de oliveiras, escrita pequena, clique nele que aparece todo o trabalho do Dr Dorli da Crossi da EPAGRI., mais informações no
    em contato com Selvino Geronimo Reichert.

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    • Caro Selvino

      Já passei cópia dos teus comentários para o Vinicius Wu, Chefe de Gabinete do Governador Tarso Genro. Passei também teu contato de email, para que eles possam responder.

      Abraços

      Luiz Müller

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