Sobre o filme Lincoln, de Spilberg
Todas as vestais brasileiras, propagadoras da moral e dos bons costumes políticos, encatelados no PIG e no ninho tucano, e também os que se penduram a esquerda deste ninho, deveriam ver este filme. Afinal, eles adoram o que vem de fora, e no caso do tucanato em especial, aquilo que vem do Império.
Nunca me interessei muito pela história americana, até por que, eles nunca se importaram com a nossa. Mas no dia do Carnaval fui assistir o filme “LINCOLN’ do Spielberg. Não sou crítico de cinema. Portanto não esperem deste texto opiniões minhas sobre fotografia, ator, atriz, etc…Mas não posso deixar de falar da minha emoção. Definitivamante Spielberg é um cara que coloca a gente como partícipe emocionado. E foi com muita emoção que eu ví este Lincoln, 16º Presidente dos EUA, revolucionar um país que estava numa guerra fratricida entre os Estados do Norte e do Sul. Já tinha visto filmes a respeito da Guerra da Secessão. Os filmes que havia visto até então, eram cliches americanos, mostrando heróis do norte, o Exército da República, sempre impoluto e os bandidos sulistas, sempre conspiradores, ladrões, etc…É como tradicionalmente o cinema americano faz com filmes de guerras onde tenha tido participação. Mas neste caso, surpreendentemente, o Filme mostra um Lincoln, do partido Republicano aliás, disposto a qualquer coisa para aprovar a “13ª Emenda” à Constituição Americana, garantindo o fim da Escravidão. A Guerra, esta da Secessão, que matou mais americanos que qualquer outra na história continuava ceifando vidas e o Presidente Lincoln, que identificava no fim da Escravidão Negra o fim da própria Guerra, pois a escravidão era a força motora da economia dos Estados do Sul, mostrou tenacidade e sagacidade política . São necessários os votos de dois terços dos parlamentares para aprovar o projeto. E, apesar do Partido Republicano de Lincoln ser maioria no Congresso, estar praticamente fechado com ele, faltam 20 votos. Enfim, para aprovar a emenda até o final de janeiro de 1865, antes do final da legislatura, é necessário conseguir esses votos dentro da oposição, o Partido Democrata, que é contrário ao abolicionismo. A saída é aprovar a emenda, de qualquer maneira, antes que uma iminente assinatura de tratado de paz se torne pública. E isso terá de ser feito com a ajuda de democratas que concordem em votar contra a orientação de seu partido. E um plano é arquitetado: negociar a adesão dos parlamentares democratas que estavam em fim de mandato, porque não foram reeleitos. Afinal, eles não precisam se explicar com seus eleitores, porque, de qualquer forma, já foram excluídos da carreira política, por falta de votos nas eleições parlamentares do ano anterior. Ainda há resistência de políticos mais próximos a Lincoln, que preferiam voltar a submeter a emenda à próxima Legislatura, mas Lincoln exige a votação. Agora é correr contra o relógio. O secretário de Estado William Seward, o homem que mais compartilha o dia a dia com o presidente, assume o comando da operação. Lincoln e Seward consideram inapropriado oferecer dinheiro, em moeda corrente, aos parlamentares. Decidem oferecer cargos no governo que vai se instalar com a posse de Lincoln para o segundo mandato. O secretário contrata três agentes experimentados em lidar com parlamentares, que passam a fazer todos os tipos de manobras para contatar e negociar favores com os parlamentares, em troca de seus votos. Lincoln também contata parlamentares, mas com estratégias racionais, como a de explicar a importância do abolicionismo para o futuro dos EUA. Enfim, o fim da escravidão nos EUA e o consequente fim da Guerra, veio por que Abraham Lincoln teve a capacidade de negociar usando todos os meios a seu alcance para isto. Muito bom o filme. E me deu a emocionada certeza de que Lula, Dilma e quem os ajuda a construir as alianças e as votações necessárias, estão no caminho que todo dirigente de um país deveria seguir para construir uma nação soberana.
Luiz Müller
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