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Sobre as vaias contra a presidenta Dilma

Por Erick da Silva no Blog ALdeia Gaulesa

As vaias contra a presidenta Dilma Rousseff  na abertura da Copa das Confederações, antes do início da partida entre Brasil e Japão, são constrangedoras e deverão ser usadas como prova da “queda da popularidade da presidenta”.
Não importa se o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi igualmente vaiado ao ter seu nome anunciado nos auto-falantes do estádio Mané Garrincha, em Brasília, o fato e a manchete já estão prontas, a imagem e o fato negativo já foram gerados. A situação de, sob vaiais, a presidenta Dilma não realizar o seu discurso e restringir-se apenas a falar: ” Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações.” é um fato de deverá ser explorado no imediatismo dos próximos dias. A classe média leitora da Veja conseguiu gerar seu factoide.


Vaias são legitimas, em uma democracia todas e todos podem expressar sua opinião, ainda que se possa achar deselegante a forma como ocorram naquele momento e espaço. Politicamente estas vaias resultam em pouco impacto. O que importa, de fato, é a irrelevância e pouca expressividade destas vaias com o Brasil real.
Esta situação lembra o que ocorreu durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, onde o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi vaiado pelo público e não fez o discurso de abertura dos Jogos, tendo sido substituído pelo presidente do COB Carlos Arthur Nuzman.
No entanto, a diferença daquelas vaias contra o Lula e as de agora contra a Dilma é a conjuntura que estas vaias ocorrem. O sentimento ufanista em apoio a Copa do Mundo no Brasil já não é o mesmo. A maioria da população brasileira, inquestionavelmente apoio a realização do evento no país, mas os custos sociais que a Copa está gerando (remoções forçadas de famílias para a realização de obras viárias, elevação dos custos dos estádios com dinheiro público, etc) maculam a imagem da Copa e disseminam um certo ceticismo com os benefícios gerados para o país. Protestos e manifestações ocorrem em todo o país, ainda que estejam muito longe de serem manifestações com uma grande adesão popular, seu impacto político não pode ser de todo menosprezado.
As vaias em si, pouco ou nada refletem sobre o real estado de ânimos da maioria da população brasileira com o governo Dilma. O público presente, em sua maioria era formado por pessoas de alto poder aquisitivo, disposta a pagar os altos valores cobrados pelos ingressos do jogo, representam classes sociais historicamente refratárias ao governo Dilma. Representantes do topo da “piramide social’, este é um setor da população que, não importa o que o governo Dilma faça ou deixe de fazer, irão sempre se colocar na oposição. Quem vaiou são representantes daqueles 5% que sempre avaliaram os governos do PT como ruins ou péssimos nas pesquisas de avaliação do governo.
Mesmo com o governo Dilma realizando uma série de ações e concessões destinadas justamente a esta parcela da população, este setor jamais apoiará um governante ligado ao PT ou qualquer partido que tenha uma vinculação com o povo. Eles até podem reconhecer na Dilma uma boa gestora, mas jamais darão seu apoio, e esta é a questão chave.
A Copa das Confederações e a Copa do Mundo são grandes eventos esportivos e midiáticos de inegável relevância, mas o povo brasileiro, este que elegeu o Lula e a Dilma, estará do lado de fora dos estádios. A Copa é da FIFA e destinada para poucos e não para o povo.


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