Saiu no RS Urgente
A editoria de Política do jornal Zero Hora não gostou do primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado, promovido pela própria RBS domingo à noite. Em um texto de avaliação do debate, o jornal fala de escassez de ideias e afirma: “nenhuma proposta concreta, viável ou inovadora foi apresentada. Apenas promessas e discursos genéricos”. A avaliação contradiz a própria cobertura do jornal que menciona uma série de propostas e ideias apresentadas e defenfidas pelas candidaturas. O jornal parece confundir a suposta escassez de ideias com uma certa frustração com o desempenho de certas propostas. Além disso, o debate poderia ter ficado menos “genérico” se a coordenação do mesmo não tivesse impedido, contrariando as regras estabelecidas, que o governador Tarso Genro fizesse perguntas à candidata do PP.
Por duas vezes, Tarso tentou estabelecer um debate com a senadora. Na primeira, foi impedido por uma interpretação equivocada das regras e, na segunda, por uma restrição imposta pelas próprias regras. A coordenação do debate reconheceu o erro no primeiro caso e pediu desculpas ao candidato Tarso Genro. A senadora, por sua vez, evitou fazer perguntas ao governador. A editoria de Política de ZH parece não considerar esses fatos ao manifestar sua frustração com o resultado do debate. Mas a própria cobertura do jornal expõe as diferenças envolvidas na disputa eleitoral deste ano. A candidata do PP repetiu um dos mais tradicionais discursos ideológicos que consistem em negar ter qualquer ideologia. Além disso, procurou negar qualquer vinculação com governos anteriores como os de Yeda Crusius e Antonio Britto, dos quais seu partido participou.
A RBS parece não ter decicido ainda como lidará com essas diferenças. O debate transmitido pela rádio Gaúcha e pela TV COM não permitiu que essas ideias fossem confrontadas diretamente pelas candidaturas que as representam. Em sua intervenção final, o governador Tarso Genro procurou suprir essa lacuna apontando o que considera ser a questão central na disputa eleitoral deste ano. De um lado a continuidade e o aprofundamento das políticas de recuperação do Estado, dos investimentos na economia gaúcha, das políticas de valorização do funcionalismo público, de realização de concursos, dos investimentos em saúde, educação e segurança, na inovação e na capacidade do povo gaúcho. Do outro, o choque de gestão e o encolhimento do Estado, que significa arrocho salarial, cortes nos investimentos, fim dos concursos públicos, planos de demissão voluntária e desmonte de políticas públicas, projeto que já foi governo no Rio Grande do Sul, com Antonio Britto e Yeda Crusius, com resultados desastrosos para o desenvolvimento do Estado e para a população que mais precisa de serviços públicos de qualidade.
Talvez a RBS fique menos frustrada com o resultado do debate se, no próximo, permitir que essas propostas sejam explicitadas pelos candidatos.
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