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O estranho Movimento Passe Livre: Mira em Haddad e alivia para Alckmin

Os militantes do MPL se reivindicam de “esquerda” e  acreditam numa “gestão horizontal” do movimento, ou seja, tem caráter anarquista. De minha parte, embora não concorde com a gestão anárquica de nada, muito menos numa sociedade  econômica e culturalmente desigual, até olho com simpatia movimentos com “gestão horizontal” pelo mundo. É estranho no entanto, que nas frentes deste movimento ninguém defenda um processo de informação e formação clara para a militância que acredita neles. A maior parte do transporte público metropolitano de São Paulo não é responsabilidade da Prefeitura, mas sim do Governo do Estado. A maioria dos trabalhadores usuários do Transporte Coletivo da Grande São Paulo se desloca de uma cidade a outra da região. O ente a ser cobrado então, seria o Governo do Estado e o Governador. Mas o MPL ataca Haddad, o Prefeito. Aliás, a Prefeitura já concedeu Passe Livre para todos os Estudantes Pobres, cadastrados no Cadastro Único das Políticas Sociais (Todas as Famílias com Renda total de até 3 salários Mínimos). Já Alckmin, além de deixar estas mesmas famílias sem água, também não mexeu um dedo sequer para garantir direito aos Estudantes das demais cidades que tem que se deslocar a São Paulo para Estudar, o mesmo direito. Mas o Movimento Passe Livre bate em Haddad apenas. Não é estranho???

Segue abaixo matéria do Lino Bocchini da Carta Capital

Em 2015, três protestos passaram pela Prefeitura e um quarto foi à residência do prefeito; O governador, por sua vez, não foi o alvo de nenhuma das seis manifestações
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Faixa abre-alas do MPL contra o prefeito Fernando Haddad. E para Alckmin, responsável pela frota de ônibus da grande São Paulo?

O Movimento Passe Livre promoveu, até o momento, seis manifestações na capital paulista em 2015. Defensor da tarifa zero para o transporte público, o MPL, no entanto, direcionou os seus atos especificamente contra a Prefeitura de São Paulo e o prefeito Fernando Haddad (PT). Três dos seis protestos começaram ou terminaram na sede do poder público municipal –o prédio do Banespinha, no Viaduto do Chá, no Centro de São Paulo. O último deles, dia 29, terminou no prédio no qual mora a família de Haddad.

Recapitulando: o primeiro ato, dia 9 de janeiro, começou na Prefeitura; o segundo, em 16 de janeiro, passou pela Prefeitura e pela secretaria de Transportes do município; o terceiro, dia 20 de janeiro, aconteceu no Tatuapé (zona Leste) e não foi direcionado a nenhuma instância de governo; o quarto, dia 23, foi dispersado a poucos metros da Prefeitura, onde terminaria; o quinto, dia 27, caminhou pelo Largo da Batata e avenida Faria Lima e, novamente, não teve um “alvo” específico; o mais recente, na última quinta-feira 29, começou no Ibirapuera e terminou em frente à residência do prefeito, no bairro do Paraíso.

Nenhum dos seis atos, contudo, passou por nenhuma secretaria estadual ou pelo Palácio dos Bandeirantes. Também nunca foi alvo do MPL a residência do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vive com a família em um prédio no Morumbi próximo ao palácio.

O transporte público mais utilizado dentro da capital paulista é o ônibus. São Paulo, no entanto, faz parte de uma gigantesca mancha urbana com 39 municípios conurbados que formam a sua Região Metropolitana. O governo do Estado, há mais de 20 anos nas mãos do PSDB, é o responsável pelo metrô, pelos trens da CPTM e por todos os ônibus da EMTU, que ligam a capital à Grande São Paulo, Baixada Santista, Campinas e ao Vale do Ribeira.

Todos esses sistemas tiveram reajustes. E nenhum dos atos do MPL em 2015 cobrou o governador com manifestações à sua porta.

No discurso oficial e em seus documentos, o Movimento Passe Livre critica também as tarifas estaduais e o governador. Na prática, porém, o alvo é exclusivamente a Prefeitura e Fernando Haddad. Basta ouvir os gritos de guerra e os trajetos. Basta ver a cobertura da imprensa convencional e alternativa e ler as redes sociais. O foco é só o prefeito.

É ainda de responsabilidade do governador Geraldo Alckmin a Polícia Militar, que acabou de forma violenta com quatro das seis manifestações realizadas neste ano. Mesmo com o festival de cacetadas, detenções arbitrárias, agressões físicas, balas de borracha, bombas de efeito moral e nuvens de gás lacrimogêneo, o governo do Estado segue poupado das manifestações promovidas pelo grupo.

É ainda o governador o responsável pela maior falta de água da história do Estado, e estamos às vésperas de um racionamento de grandes proporções. O MPL, como se sabe, é focado no transporte público. Mas veja este exemplo: movimentos com outros temas centrais de luta, como o MTST (moradia), já engrossaram os atos do Passe Livre. Sindicatos também. E o fizeram porque a questão do transporte público, inegavelmente, é um direito central para qualquer trabalhador. O que dizer, então, da importância da água?

Em uma democracia, cada um protesta como e onde quiser, pelo motivo que for e contra quem desejar. É um direito constitucional e deve ser defendido de forma inequívoca. Chamam atenção, entretanto, as escolhas do movimento. Geraldo Alckmin agradece.


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4 pensamentos sobre “O estranho Movimento Passe Livre: Mira em Haddad e alivia para Alckmin

  1. A direita cuida muito bem de si mesma. Esses filhotes de Cerra, geração formada pela progressão continuada, nem se apercebem como servem de massa de manobra para a oposição. Com tanta coisa para se protestar em São Paulo, ficam badernando contra a tarifa mesmo depois que a parte mais carente já foi beneficiada pela isenção.

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  2. Concordo plenamente. Achava que tinha alguma coisa que não batia nesse movimento.Depois de ler o que escreveu, está ficando mais claro para mim.

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