o titulo é uma adaptação da frase “cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”, trecho da música Aroeira de Geraldo Vandré, que simboliza a volta da opressão contra os oprimidos para os opressores, um grito de revolta contra a injustiça e a exploração, e um hino de resistência contra a ditadura
Em 2018, Divaldo Lara era Prefeito de Bagé, quando ele e seus cúmplices bolsonaristas usaram o Relho contra apoiadores de Lula e ele premiava visitantes com um Relho que segundo ele, era símbolo da cidade. Na época, o General Mourão, Vice de Bolsonaro, foi um dos premiados.
Divaldo Lara, ex-prefeito de Bagé (RS) foi recentemente condenado por improbidade administrativa em uma ação civil movida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). Lara, que ganhou notoriedade nacional em 2018 ao elogiar e simbolizar o uso de um relho – um chicote tradicional usado por fazendeiros – contra apoiadores de Lula durante uma caravana no município agora enfrenta penalidades que incluem o ressarcimento de mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos.
A decisão, proferida pela Vara Estadual de Improbidade Administrativa do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), reforça as investigações da Operação Factótum, que apurou irregularidades durante sua gestão entre 2017 e 2020.
A sentença condenatória, divulgada no início de outubro de 2025, aponta para uma série de atos de improbidade administrativa cometidos por Lara e outros envolvidos. De acordo com o TJRS, o ex-prefeito integrou um esquema dividido em dois núcleos: um político, que incluía Lara e dois outros réus, e um empresarial, composto por mais dois indivíduos. As irregularidades identificadas incluem:
- Dispensa irregular de licitação: Contratos para serviços de higienização em unidades de saúde foram firmados sem o devido processo licitatório, violando a Lei de Licitações.
- Superfaturamento e fracionamento de despesas: Houve sobrepreço em contratos de locação de impressoras entre 2017 e 2018, além de fraudes em aquisições de serviços gráficos e materiais de expediente. Essas práticas visavam direcionar recursos públicos para empresas ligadas ao núcleo empresarial.
- Contratações irregulares: No Departamento de Água e Esgoto de Bagé (DAEB), foram identificadas nomeações de pessoal para beneficiar aliados políticos, configurando desvio de finalidade.
Essas ações, segundo o Ministério Público, ocorreram de forma sistemática a partir de 2017, resultando em prejuízo aos cofres municipais. A condenação baseia-se no artigo 12, inciso II, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992), que prevê sanções para atos que atentem contra os princípios da administração pública.
Como resultado da decisão judicial, Divaldo Lara e os demais réus foram condenados solidariamente a:
- Ressarcimento integral do dano: Devolução de valores superiores a R$ 1 milhão, acrescidos de juros e correção monetária.
- Suspensão de direitos políticos: Impedimento temporário de exercer cargos públicos ou participar de eleições.
- Proibição de contratar com o poder público: Restrições para firmar contratos ou receber benefícios fiscais por um período determinado.
Divaldo Lara, alinhado ao bolsonarismo, é conhecido por sua postura conservadora e anticomunista. Em março de 2018, durante uma visita de Lula a Bagé como parte de sua caravana pré-eleitoral, manifestantes ruralistas e comerciantes locais organizaram protestos violentos, incluindo o uso de relhos para agredir apoiadores do petista.
Lara não apenas elogiou as ações, mas presenteou o general Hamilton Mourão – então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro – com um relho simbólico, descrevendo-o como um “gesto que caracteriza Bagé”. O episódio ganhou repercussão nacional e internacional.
Desde então, Lara vinha usando o relho como símbolo em sua suposta “luta contra a corrupção”, embora suas gestões tenham sido marcadas por diversas investigações, incluindo operações da Polícia Federal por suspeitas de desvios de recursos, como o armazenamento irregular de cestas básicas enviadas pelo governo federal em 2023.
Essa nova condenação representa um revés significativo para Divaldo Lara, que já foi afastado do cargo em 2019 por suspeitas de fraudes e voltou ao poder em eleições subsequentes. Com as eleições se aproximando em 2026, as restrições impostas podem impactar sua carreira política e da família.
Analistas locais apontam que o caso reforça debates sobre transparência na administração pública no Rio Grande do Sul, especialmente em municípios do interior.
Lara, que se descreve como “patriota e de direita” em suas redes sociais, continua ativo politicamente e promete recorrer da decisão. O MP-RS, por sua vez, celebra a condenação como um avanço no combate à improbidade. O desfecho final depende dos recursos judiciais, mas o episódio adiciona mais um capítulo à trajetória turbulenta do ex-prefeito de Bagé.
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