O artigo “Nuvem Soberana: Um marco para a Soberania Digital do Brasil” que publiquei aqui no Blog gerou questionamentos de companheiros que atuam no Setor de TI.
Mesmo eu sendo um leigo no tema de Tecnologia da Informação e Comunicação, não tenho dúvidas de que é aí que esta o principal caminho para a Verdadeira Soberania Nacional. Ela não é possível se não tivermos a Soberania Digital, o que implica a Inteligência e a Infraestrutura necessária para ela, sob controle permanente do Estado. Controle no caso, não significa necessariamente ter a propriedade. Por isto, no artigo referido, fiz a defesa quase enfática da “Nuvem Soberana” que SERPRO e DATAPREV estão coordenando.
Fato é, que Enquanto o Brasil avança com a “Nuvem Soberana” por meio de parcerias com gigantes da tecnologia estrangeiras, o Uruguai foca na expansão autônoma de sua rede de data centers gerida pela estatal ANTEL.
Essas iniciativas buscam refletir o equilíbrio entre inovação tecnológica e controle nacional sobre dados sensíveis, especialmente com o avanço da inteligência artificial (IA).
O governo brasileiro, sob coordenação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), consolida a Nuvem de Governo como um pilar da soberania digital. Desenvolvida em parceria com as estatais Dataprev e Serpro, a iniciativa visa garantir a independência e proteção de dados, com investimentos de R$ 23 bilhões em IA inclusiva e soberana.
Lançada em junho de 2025, a “Nuvem Soberana” opera exclusivamente no território nacional, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e oferece catálogos de serviços para o setor público.
No entanto, o modelo depende de colaborações com big techs para hardware e tecnologias de armazenamento. O Serpro firmou acordos com AWS (Amazon), Google Cloud, Huawei, Oracle e, mais recentemente, Microsoft, que iniciou testes em outubro de 2025.
Essas parcerias permitem que os dados sejam hospedados em data centers brasileiros, mas utilizem infraestrutura de hyperscalers estrangeiros, o que gera críticas.
Mas apesar do discurso de soberania, o governo gastou R$ 10 bilhões com essas empresas em um ano, potencialmente expondo dados a influências geopolíticas, como laços das big techs com os EUA.
O presidente do Serpro defende que a solução mantém o controle nacional, comparando-a a um “cofre” acessível apenas pelo Brasil.
A expansão inclui aquisições de equipamentos para ambientes isolados, ampliando capacidades em IA e segurança, com o objetivo de posicionar o Brasil como líder em nuvem soberana no Hemisfério Sul.
Expansão Autônoma da Rede de Data Centers da ANTEL
Diferentemente do Brasil, o Uruguai prioriza o desenvolvimento interno por meio da ANTEL, estatal de telecomunicações. Em julho de 2025, a empresa anunciou planos para construir dois novos data centers, somando-se aos três existentes, com foco em ampliar a capacidade e soberania digital.
Um deles será dedicado à IA, processando dados localmente para evitar dependência externa e reter valor econômico.
O presidente da ANTEL, Alejandro Paz, enfatizou a importância de manter dados sensíveis no país, especialmente com o crescimento da IA, cujo processamento ocorre majoritariamente no exterior.
O outro data center, previsto para Montevidéu, visa escalar serviços para setores como bancário, TI e telecomunicações.
Essa expansão alinha-se a investimentos prévios, como a rede 5G com 400 sites em 2025, e parcerias internacionais limitadas, como com a Elea Data Centers para rotas de conectividade.
A abordagem uruguaia reforça a soberania por meio de infraestrutura própria, sem ampla dependência de big techs, posicionando o país como hub regional de tecnologia.
Essas estratégias destacam dilemas regionais.
O Brasil busca inovação via parcerias globais, mas enfrenta riscos de dependência; o Uruguai opta por autonomia, potencializando crescimento local.
Ambas visam proteger dados em um mundo de ameaças cibernéticas e tensões geopolíticas, inspirando debates sobre o equilíbrio entre colaboração internacional e controle nacional.
Com o avanço da IA, esses modelos, o adotado no Brasil e o adotado no Uruguai vão influenciar políticas em toda a América Latina.
Este Blog segue aberto a receber e publicar artigos sobre o tema, pois como disse na introdução deste artigo, considero este o Ponto Crucial para a Verdadeira e Necessária Soberania Nacional.
A opinião acima, expresso a partir de Informações de Convergência Digital e datacenterdynamics
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