
Manobra do Braga Netto tirou R$ 1 bilhão da defesa para abastecer o centrão. Só Davi Alcolumbre ficou com R$ 264 milhões.
Leia a seguir como o governo Bolsonaro usou o Ministério da Defesa para driblar o STF e irrigar aliados políticos, traindo promessas de soberania militar.
Criado em 2020, o “orçamento secreto” (emendas de relator) alocava bilhões sem transparência para comprar apoio no centrão. Barrado pelo STF em 2021, o mecanismo persistiu via recursos do Ministério da Defesa. Hoje o “Orçamento Secreto” virou “Emendas PIX”.
Sob o general Walter Braga Netto – ex-Casa Civil e braço-direito de Bolsonaro –, a pasta atuou como “barriga de aluguel” da bandalheira.
Entre 2021 e 2022, R$ 1,031 bilhão foram remanejados do orçamento militar para o programa Calha Norte (infraestrutura na Amazônia), beneficiando 24 parlamentares.
No fim de 2022, após o STF declarar o esquema inconstitucional em 19 de dezembro, a Defesa injetou R$ 703 milhões em dez dias – R$ 257 milhões ex-orçamento secreto.
O pretexto: obras em fronteiras. Na prática: clientelismo eleitoral.
O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ex-presidente do Senado e arquiteto do esquema, levou 26% do total: R$ 264 milhões para o Amapá.
Cinco das dez prefeituras mais favorecidas são de seu estado, como Pedra Branca do Amapari (R$ 31,5 milhões).
Outros beneficiarios da farra com recursos da Defesa: Márcio Bittar (R$ 203,7 milhões) e Wellington Fagundes (R$ 47,5 milhões).
Até capelas funerárias (R$ 400 mil em São Félix do Araguaia) saíram do caixa militar.
O desvio agravou cortes crônicos na Defesa (R$ 117 bilhões em 2021), atrasando Gripen, submarinos e modernização. 8 Para os “patriotários” bolsonaristas, o “braço forte” virou ferramenta de farra: votos no centrão, não soberania na Amazônia ou ciberdefesa.
Verbas bancaram passarelas em Macapá (R$ 3 milhões) e revitalizações de câmaras municipais – anunciadas por ele nas redes. Tudo a ver com a Defesa Nacional… Só que Não!
A manobra, revelada via Lei de Acesso a Informação pelo UOL em 2023, ilustra como a corrupção foi institucionalizada no Governo Bolsonaro.
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