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O que Zero Hora não disse

Por Paulo Muzell

http://rsurgente.opsblog.org/2009/10/13/o-que-zero-hora-nao-disse/

A edição de ZH do dia 9 deste mês, sexta passada, se excedeu. A manchete anunciava o arquivamento do pedido de impeachment da ex-governadora “em exercício”. Ela, com aquela usual falta de bom senso, mais uma vez se expôs ao ridículo ao afirmar que teme viajar com medo de um “golpe” do seu vice! Acreditem, não é ficção, é mais um episódio dessa bufa personagem. Segue ZH: ainda na primeira página, logo abaixo da manchete, uma enorme foto com a notícia da contratação de 3,6 mil novos policiais militares. Temos, enfim, solução para a segurança! E, na Página 10, a colunista censura a assessoria da governadora, que não a alertou sobre os perigos de ser “mal interpretada” por adquirir móveis e utensílios domésticos com dinheiro público.

Ora, com uma assessoria descuidada assim, um mandatário acaba cometendo equívocos que podem comprometer sua imagem! Subliminarmente as mensagens passadas foram : 1º) arquivamento do pedido de impeachment, superada essa crise artificialmente deflagrada por uma oposição raivosa e agressiva; 2º) o déficit zero permite um grande aumento do efetivo da força pública policial – solução para o problema da insegurança – e 3º) a escandalosa compra de móveis e bugigangas domésticas com dinheiro público um episódio menor, um “mero descuido”.

Acho que desta vez a já conhecida parcialidade do veículo oficial desse governo exagerou, subestimou a inteligência e o bom senso dos leitores. Deu um importante passo rumo à perda de credibilidade. Como ZH veicula sem pesquisar os dados, temos o hábito de divulgá-los para estabelecer o indispensável contraponto.

A contratação de três mil e seiscentos homens para a Brigada é fato positivo, é claro. Só não é solução. Sequer representa acréscimo de efetivo neste governo. De 1º de janeiro de 2007 até julho deste ano (última estatística disponível) o efetivo da Brigada Militar diminuiu em 3,1 mil homens e mensalmente passam à inatividade mais de 100 policiais. Assim, com este ingresso, apenas é reposto o que havia no início deste governo. Um “zero a zero” insuficiente porque o efetivo é escasso: para cumprir o que estabelece a lei deveriam ser admitidos mais 8 mil novos policiais. Sem falar nos aspectos qualitativos: são todos pessimamente remunerados, mal armados e pessimamente treinados.

Mas se houve uma pequena recuperação na área da segurança, na área social, saúde e educação, por exemplo, os números são péssimos. O total de servidores ativos da educação caiu de 109,5 mil para 98,5 mil nos primeiros trinta e um meses desse governo, uma redução de 11 mil funcionários, o que explica a falta de professores na maioria das escolas estaduais. Na saúde o efetivo de pessoal ativo se reduziu de 5,7 mil para pouco mais de 5 mil, quase setecentos servidores a menos, uma diminuição de 11%. Desviando todos os anos bilhões e bilhões de reais que deveriam ser destinados à saúde e à educação, Yeda constrói, com o auxílio da ZH, a sua falsa imagem do “déficit zero”.


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