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O salário mínimo e a “pobreza”

Luiz Müller

O Salário Mínimo sempre foi instrumento de redução da miséria. Houve tempo inclusive, que ele era o único instrumento. Mais do que isto, num Brasil permanentemente inflacionado e nosso dinheiro não valendo muito mais do que papel no que ele era impresso, ele era inclusive visto como moeda de cálculo para outros salários. Me lembro ainda de, eu mesmo e outros, expressarmos o valor do contracheque : “eu ganho 2,5 salários mínimos”, “eu ganho “x” salário mínimos”. O tempo agora é outro. É o tempo do PIB alto, das reservas internacionais altas, o que respalda o nosso dinheiro, o Real. E agora o Real vale mesmo. Pra fora e pra dentro. O poder aquisitivo aumentou. E o Salário mínimo então, foi aumentado em mais de 80% acima da inflação nos anos do governo Lula. E o Salário mínimo, que em um período do Governo FHC não comprava nem uma cesta básica inteira, hoje já equivale a mais de 3 cestas básicas. Valia menos de 100 dólares e hoje vale 300 dólares. Mas salário é pago para quem tem trabalho fixo. E no Brasil ainda tem muita gente que não tem nem isto. Por esta razão foi criado o Bolsa Família. O resultado do bolsa Família todos sabem: 11 milhões de famílias saíram da pobreza absoluta. Alem disto, a aumento do poder aquisitivo de todos os salários, e não só do mínimo, propiciaram que mais gente chegasse a classe média. Em 8 anos foram gerados mais 15 milhões de empregos com CTPS assinada. Nunca a taxa de desemprego esteve tão baixa. Então, temos empregos e trabalhadores assalariados. Trabalhadores assalariados tem representação sindical. Os Sindicatos, que representam os trabalhadores assalariados, para conquistar melhores salários, negociam anualmente com os patrões. O melhor instrumento para conqusitar melhores sala´rios, se a negociação não dá certo, é a greve. Greve é algo que o trabalhador só faz quando tem uma certa tranqüilidade de não perder o emprego, ou se perder, ter outro emprego para trabalhar. Por isto, durante todo o governo FHC houveram poucas greves. O desemprego era grande e ninguém se arriscaria. Não é o caso agora. Há condições para que as categorias profissionais mais organizadas façam reivindicações em melhores condições do que naqueles anos do FHC. Por tudo isto, estranhei muito, ao ver ontem no congresso nacional, representantes sindicais aplaudindo as propostas do DEM e do PSDB para aumento do salário mínimo. Estes sindicalistas dos mais variados matizes, que há 3 anos atrás assinaram um acordo com o governo sobre o Salário Mínimo, que garantia a inflação e mais o percentual do PIB de 2 anos antes, e que o governo cumpriu, e continuará cumprindo, deixaram de cumprir a lição de casa. Tenho acompanhado os índices de aumento salarial obtido pelas categorias profissionais no país. A maioria fica pouco acima da inflação. Nada perto do aumento real de mais de 80% do salário mínimo. E justo estes sindicalistas, que dirigem a mais poderosa máquina dos trabalhadores, ou seja, os sindicatos. Houve tempo em que os sindicatos, dirigidos pelos mesmos sindicalistas paravam o país em memoráveis greves gerais. Fizemos até greve por reivindicações exclusivamente políticas, como foi a de 1983 contra a Ditadura Militar. O país está crescendo.Os trabalhadores estão mais fortes e tem mais formação escolar e técnica.E se o país esta crescendo, é justo que os trabalhadores ganhem mais e conquistem melhores condições de trabalho.Há as 40 horas semanais, Há a nescessária Reforma Política que precisa mudar a forma de eleição de nossos representantes, para que que a maioria do Congresso Nacional não seja formada empresários ou estafetas destes, como é hoje, Há a Reforma Tributária que reduzirá o custo dos produtos para o povo, Há a tabela do Imposto de Renda…Há tantas lutas por travar. Mas todas elas exigem que os Sindicatos se aproximem do povo e enxerguem a Classe Trabalhadora como uma Classe única e não como pequenas fatias identificadas por “categorias” profissionais. Mas para isto é preciso formar dirigentes. E não há muitos novos dirigentes, pois os que ví aplaudindo o DEM e o PSDB, eram na sua maioria antigos dirigentes que um dia já lideraram grandes greves, mas que hoje parecem se resignar a negociar com governos e parlamentares. Tempo estranho este, onde os salários e empregos sobem, mas a direção está ficando “pobre” de argumentos e de bases que banquem as lutas e tenham que se sujeitar a mendigar meia dúzia de reais a mais para o Salário Mínimo e façam festa por que para suas próprias categorias, cujos patrões enriquecem a olhos vistos, conbsigam arrancar aumentos que muitas vezes só repõe a inflação, ou quando muito, acrescentam uns 2 ou 3% de aumento real. Não seria o tempo de retomar a discussão da Reforma Sindical??


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11 pensamentos sobre “O salário mínimo e a “pobreza”

    • Abraço aí pra ti Len. Tenho acompanhado o teu Blog, mas ultimamente tenho tido menos tempo para comentar. É que acabei de mudar de trabalho e as tarefas profissionais me tomaram muito tempo nos ultimos dias. Abraço pra ti também.

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  1. Caramba, é mesmo, essa reforma sindical ficou no desejo e no passado! Em vez de divisão por categorias, divisão por fábricas e empresas, não é isso?

    Humildemente acho que essa conclusão podia estar na chamada lá do Teia Livre. É um achado, uma visão nova (embora antiga) do “show” que vimos ontem.

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    • Marinilda

      Não divisão por fábricas e empresas. Unificação por Setor Econômico, ou seja, ao invés de um Sindicato das Costureiras, um sindicato do calçado, etc…Um Sindicato do Ramo do vestuário. Hoje há varias categorias profissionais dentro de uma mesma fábrica, e cada uma tem um Sindicato (Vigilantes, Asseio e conservação (o pessoal da limpeza), Refeições coletivas (a turma que trabalha nos refeitórios), motoristas (de carga e motoristas autônomos), Ténicos, Engenheiros, etc… e cada um tem um Sindicato, embora a produção daquela empresa seja destinada a um único fim, como por exemplo produzir automóveis. É divisão proposital da classe Trabalhadora, e isto desde a época do Getulio Vargas. Mas esta divisão hoje se aprofundou, por que em não tendo aprovado a Reforma Sindical, que preconizava Sindicatos por Ramo ou Setor Econômico, Centrais Sindicais como a CUT e Força SIndical, que defendiam a Reforma Sindical, aderiram com toda energia a velha forma de organizar sindicatos que já fazia parte do DNA das demais Centrais. E isto só fez aumentar o número de Sindicatos existentes e aumentando a divisão. Esta é uma das razões pelas quais os sindicatos, mesmo em tempos de alta dos empregos e dos salários, em sua grande maioria não estão conseguindo atrair os trabalhadores para grandes mobilizações.

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  6. Mais uma vez uma proposta pertinente esta da Reforma Sindical que postule a organização por Setor Econômico. As funções e profissões vão se extinguindo e surgindo novas, porém o setor econômico permanece e tem uma lógica de integração que possibilita uma disputa econômica de classe pelos resultados…. Uma grande bandeira. Abraços!

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    • É isto aí Ivo. Mas esta Reforma precisa ser resolvida pelos trabalhadores. O fato é que a maioria dos que estavam lá no Congresso, dando as costas pro Salário Mínimo e aplaudindo o DEM e o PSDB já não são mais gurís. E é justamente a gurizada que esta entrando no mercado de traablho agora, ou ficando desempregada. O maior contingente de desempregados está na faixa dos 18 aos 24 anos. E esta juventude esta indo pra rua reivindicar emprego para quem não tem e liberdade e direitos políticos para todos. É por isto que as revoluções estão acontecendo no mundo árabe. Para garantir que as riquezas que estão sendo geradas no Brasil possam ser cada vez melhor repartidas precisamos uma reforma política e também de mudanças na forma de representação da classe Trabalhadora.

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  7. Sera que a democracia, ou seja todos os presidentes que entraram no poder da ditadura para cá,não se deu conta de que o baixo salario desencadeia o crime,mortes, separações conjugais,miseria, doenças,trafego de drogas,assaltos, corrupção etc….
    O salario minimo de miseria que esses politicos paga para nós aposentados não da para comprar NADA. perdi meu filho no crime, por chegar em casa e não ter o que comer, não ter roupas descente,por presenciar cortes de luz e agua e ainda por cima, da minha aposentaria tenho que pagar um salario milionario, com direitos que trabalhador honesto nesse pais não tem, para parlamentares como ex: carros, aux moradia, aux alimentação,combustivel, passagens de avião,é uma robalheira geral !
    A unica forma de acabar com essa bandidagem, sim porque nós aposentados consideramos crime contra a humanidade, o que esses politicos do brasil fazem com os velhos desse pais,´´E MUDANDO ESSE MODELO DE GOVERNO, POIS ESSE ESTA PROVADO QUE NÃO FUNCIONA,E SEGUNDO LUGAR É ACABAR COM O CONGRESSO NACIONAL,,PORQUE A DESPESA DE FOLHA DE PAGAMENTO DE UM PARLAMENTAR FICOU INVIAVEL, INSUPORTAVEL, DESRESPEITOSO PARA NÓS BRASILEIROS PAGAR.
    A CLASSE POLITICA SE TORNOU MUITO CARO PARA OS BRASILEIROS.
    BRASILIA 1OO%
    SÃO PAULO 100%
    PRATICAMENTE A CLASSE POLITICA INTEIRA NO BRASIL TIVERÃO UM AUMENTO DE 100% E AGORA EM JACAREI.
    APOSENTADOS 6 %. ,BOMBEIROS 5% ETC…
    VAMOS NOS UNIR TRABALHADORES DA ATIVA, FAMILIARES,APOSENTADOS E MUDAR ESSE SISTEMA DE GOVERNO , POIS JÁ DEMOS TODAS AS CHANCES PARA OS POLICOS, E GARANTO UMA COISA, O POBRE VAI CONTINUAR POBRE VIVENDO DE ESMOLAS COMO BOLSA FAMILIA, TEMOS QUE TER SALARIOS DIGNOS COMO MANDA A CONTITUINTE, E A CLASSE POLITICA DESRRESPEITAM, E RASGAM AQUILO QUE DEVERIA, EU DISSE DEVERIA SER MAIS SAGRADO NESSE PAIS.
    ESSE SISTEMA DE GOVERNO PASSA MAUS EXEMPLOS PARA A SOCIEDADE É A FARRA DO BOI,
    ISSO TEM QUE MUDAR PELO AMOR DE DEUS !

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