Uncategorized

“A cada um de acordo com suas necessidades e de cada um de acordo com suas possibilidades” – O socialismo que reconhece as diferenças!

A um Post sobre o tema O Que é Capitalismo?, do Professor Emir Sader, que postei aqui há alguns dias atrás, hoje recebí um comentário de um leitor do Blog que se dispôs a debater o tema. O Espaço aqui é democratico, e todos os comentários, se não forem ofensivos, são reproduzidos. Mas pela atualidade do tema, decidi publicar a minha resposta e o comentário do leitor, a quem agradeço, também:

Mau caro Faust

Tu dizes que se o trabalhador tem a capacidade de “apertar um parafuso”, sim, ele ganham muito pouco. Mas segundo dizes, isto é justo, já que há milhares de trabalhadores nesta “condição” de apertador de parafusos, por que ainda, estes trabalhadores tem pouca esacolaridade por uma “opção deles”. Então tah. Vamos lá. Esta semana, em uma formatura do Programa Próximo Passo, que tem a finalidade de formar beneficiárias e beneficiários do Bolsa família para atuar na construção Civil, uma mulher, beneficiária do programa, fez seu depoimento a respeito. Ela disse que era analfabeta. E não é analfabeta funcional não. É analfabeta mesmo. Mas com o curso do SENAI, agora já sabe “sentar tijolo” como ela mesma diz. Ela esta empregada há 2 meses. Foi contratada enquanto ainda fazia o curso. O salário dela é de R$ 2.700,00. Um tecnólogo, engenheiro ou um advogado, passou de 15 a 17 anos estudando e ganha quanto? No caso dos que trabalham “planejando” obras como esta, que esta senhora ajuda a erguer, R$ 2.500,00. Acho o trabalho desta senhora lindo e fundamental para a sociedade. Se não fosse ela e os demais que trabalham como ela, nem eu nem tu teríamos sequer casa para morar. Mas  se a lógica é esta, do mercado, do dinheiro, seria melhor não estudar, pois agora os capitalistas pagam mais para ela do que para engenheiros. Do ponto de vista do meraco é justo. Do ponto de vista de quem olha o conjunto da sociedade, com certeza esta errado. Nos preceitos básicos dos pais do socialismo sempre houve uma frase basilar: “De cada um de acordo com suas possibilidades, a cada um de acordo com suas necessidades”. Esta frase, mais do que qualquer outra, simboliza o socialismo utópico da minha mente e de muitos outros. Não tem nada a ver com a União Soviética, nem China, nem Cuba, tem a ver com a cidadania universal. A igualdade não existe, mas o problema é que o capitalismo proclama, dizendo que todos tem direito de ser empreendendores da mesma forma na democracia. Não tem não. Cada um é diferente. E a difereça não é a base do individualismo capitalista burges que exalta o empreendedorismo, mas sim o reconhecimento das diferenças. Por isto a frase “de cada um de acordo com suas possibilidaes e a cada um de acordo com as suas necessidades. Queres falar da Coréia, esta que dizes que não precisa nem de comentários? Sabes onde ficam os portadores de necessidades especiais por lá? Na África dizes que não há renda para comprar alimentos? Mas quem disse que é preciso ter renda para comprar alimentos? Não dá para produzir alimerntos? O capitalismo, este que tanto defendes, aplica recursos lá para desenvolver tecnologias que possibilitam plantar em terras desérticas? Não estas tecnologias estão disponíveis, mas para quem tem condições econômicas extraídas da excploração da mão de obra em outros países. Ou de onde pensa quem vem as tecnologias de irrigação em Israel? Mas Israel cede de graça esta tecnologia para o mundo? Não. Querem ganhar dinheiro com ela. E se não lhes pagam, não a liberam. Milhões morrem de AIDS na África. No entanto, os laboratórios proprietarios das fórmulas de coquetéis que minimizam ou até elidem a AIDS, não os liberam para a África, pois lá não tem dinehrio para pagar. Rcentemente, depois de muitas negociações, o Brasil quebrou os “direitos de patente” dos ingredientes dos coquetéis contra a AIDS. Masd isto não foi fácil. Pois quebrando-as, outros remédios deixaram de ser fornecidos ao Brasil. Foi necessário bancar com a força da nossa economia, que produz outros produtos dos quais o mundo carece, esta possibilidade. E a África. Bom, a África produziu e produz ouro, Diamantes, petróleo e outras riquezas, que no entanto estão na mão de quem mesmo? O capitalismo do qual falas, e que eu abomino, por querer e pretender que todos sejam iguais, este não me serve. Já o Socialismo que falas, este que transcorreu na União Soviética, transcorre na China e em outros países, que segrega os diferentes, pretendendo a mesma igualdade que o capitalismo tanto prega, é só correia de transm,issão do mesmo capitalismo que faz do mercado a sua referência e não do desenvolvimento humano e individual a sua bandeira. Não servem. Levam a humanidade ao desastre. destruindo a natureza, submetendo as diferenças ao império da igualdade dos que “mandam”. O Estado tem uma só razão de ser, que é a mesma das cercas que separam quintais: a propriedade privada dos poucos que são “mais iguais” a sí mesmos, por terem propriedades que a maioria não tem. O Socialismo não fracassou, por que de fato ele nunca foi implementado na sua plenitude. Esta plenitude só será possível, quando não houverem mais países, fronteiras, cercas, alambrados…Aí o homem, assim emso, no singular, poderá reinar, por que seu reino será o mundo, sem a pressão da produção e nem a obrigatoriedade do consumo mercantilista. Sinto muito que penses assim. Este pensar é o que faz que produzamos cada vez mais carros, cada vez mais produtos de “consumo” e fiquemos forçando todos a assimilarem falsas necessidades que só fazem ampliar a poluição, a degradação e a diferença entre os que tem e os que não tem. E pelo visto, culpas os que não tem por não ter. Mencionas Adam Smidt. Sugiro que leias a História da Familia, da Propriedade Privada e do Estado, de Engels. Não tem nenhuma ideologia alí.É só a história da humanidade. Quem disse que “ter” propriedade e bens de consumo é tão importante? Só se for para quem vende os bens, pois para quem os tem, muitas vezes eles são absolutamente inúteis mas tu achas que precisas deles. E o estado contrbui para isto, já que afinal, ele existe para fortalecer aqueles que são os donos dos meios que produzem estes bens que a propaganda convence as pessoas de que são fundamentais. Eu não tenho carro. Nem quero ter. Vivo muito bem assim. Uso metrô, ônibus, bicicleta, taxi. Não morrí por causa disto e nem tampouco deixei de ser o que sou. Mas tu e a grande maioria acha que tem que ter carro. Anda sozinho nele, quando o trânsito engarrafa, xinga o estado por que não faz estradas, etc… Sem falar na poluição que gera. Qunado se dá conta de que de fato eu tenho razão, vais argumentar que o transporte coletivo precisa melhorar, etc… Mas tu não pegas o Õnibus. E aí o dono da empresa deônibus diz que não tem passageiros suficientes para colocar mais ônibus, e tu continuas andando com teu carro, sozinho, engarrafando o trânsito junto com os outros, que afinal conseguiram ser tão iguais e já podem ter o que os iguais tem, um carro. E aí, para que todos tenham ganhos pra comprar carros, o governo facilita a compra de mais carros, pra que mais gente tenha emprego para comprar mais carros, pra poder andar por aí, dirigindo sozinho e engarrafando o trânsito e xingando o esatado que não faz… O mundo pode e deve ser diferente. E não é a sociedade do consumo insensível e nem a sociedade da propriedade privada que levarão o mundo a bom termo. Diz aí qual é a alternativa??? Mais consumo e mais mercado regulando pessoaspara que sejam iguais, ou mais sociedade, reconhecendo as diferenças que há e valorizando o potecial e enxergando as necessidades de cada um?? O Socialismo não tem nada a ver com igualdade. Isto é coisa do capitalismo. O SOcialismo de verdade tem a ver com o reconhecimento das diferenças, lembra? “A cada um de acordo com suas necessidades e de cada um de acordo com suas possibilidades” Isto é do Manifesto da 1ª Internacional Comunista!! E vale até hoje!

O texto acima foi resposta ao seguinte comentário

J Faust agosto 26, 2011 às 6:07 pm

Olá Luiz.
Se me permite, deixarei minha opinião. O texto ficou grande e caso leia ficaria muito agradecido. Bem, vamos lá.

Será que algumas de suas pré-suposições não podem estar erradas?

{{{ “O capitalista remunera o trabalhador pelo que ele precisa para sobreviver – o mínimo indispensável à sobrevivência” }}}

Primeiramente, é bom deixar claro que não existe país 100% capitalista ou 100% socialista, quando na verdade esse “índice” varia de acordo com a interferência estatal na economia. Nos EUA se encontra relativa interferência estatal e em Cuba se encontra relativa iniciativa Privada. O Brasil encontra-se situado no meio desses dois quase extremos. Aqui podemos ver a estimada Liberdade economica de cada país: http://www.heritage.org/index/ranking

Sobre a remuneração do trabalhador, vejamos o caso do Brasil: Se o operário tem a oferecer a capacidade de apertar um parafuso, a empresa pagará sim realmente muito pouco, afinal o mercado brasileiro esta sobre-lotado de pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade que estão dispostos a fazer essa função. Já um tecnólogo em alguma área terá um maior salário que o caso anterior. Será mesmo que o Capitalismo erra em oferecer a cada pessoa um salário pelo que ela realmente pode proporcionar!?
Agora vejamos o caso de países como Austrália, Suécia, Coréia do Sul, etc… Nestes, diferentemente do Brasil, praticamente toda população tem acesso a segurança, saúde, (…) e principalmente, EDUCAÇÃO – o que proporciona um mercado de trabalho qualificado. Sendo o capitalismo “cego”, retribuirá aos trabalhadores bons salários de acordo com suas qualificações de forma justa e natural. Ocorrendo um efeito interessante, com a baixa oferta de mão de obra desqualificada, ela se valoriza, proporcionando até para o trabalhador menos qualificado uma boa qualidade de vida, esta que nenhum “país socialista” conseguiria alcançar. O efeito é quase um paradoxo, a evolução de países capitalistas os torna em um quase socialismo ideal, onde todos os cidadãos podem ter uma excelente qualidade de vida. Se queixar por algumas pessoas obterem mais suce$$o nesses países é querer institucionalizar a inveja.

Um dos erros do Socialismo é não perceber que os “meios de produção” não são escassos e fixos no mundo, não são produtores mágicos de riquezas que simplesmente precisam de um funcionário para o operá-lo – são criados e evoluídos pelo próprio capitalismo, ficam cada vez mais complexos, tendendo a diminuição do serviço braçal e o aumento da especialização, tornam-se cada vez mais interligados e abrangentes. É fundamental a ADMINISTRAÇÃO complexa de todo o setor produtivo, responsável pelo sucesso ou não de toda a indústria. No mercado atual a empresa que não estiver constantemente evoluindo e revolucionando todo o seu material humano e tecnológico estará tendendo a desaparecer. Os empresários não são simplesmente donos dos “meio de produção”, não apenas sentam na cadeira e esperam o lucro vir. Soa infantil não reconhecer a complexidade de gerir uma empresa.
Lembrando também que a riqueza não é algo fixo no mundo, onde necessariamente o enriquecimento de um implica no empobrecimento do outro, a riqueza é gerada.

{{{“O capitalismo busca a produção e a comercialização de riquezas orientada pelo lucro e não pela necessidade das pessoas. Isto é, o capitalista dirige seus investimentos não conforme o que as pessoas precisam, o que falta na sociedade, mas pela busca do que dá mais lucro.”}}}

Talvez a maior das deturpações. O lucro das empresas resulta no que o consumidor ESCOLHEU comprar. A supremacia do modelo capitalista é ter o consumidor como “REI”, nós estamos toda hora dizendo O QUE DEVE SER PRODUZIDO e quanto estamos dispostos a pagar. Essa é uma das máximas do capitalismo. Você escolhe que marcas e produtos comprará, sendo mais um “voto” na multidão, dizendo o que deve ser produzido e que empresas se sobressairão. Se um produto começa a “sobrar” na prateleira, a sua produção é diminuida, caso rapidamente esgote, a produção é aumentada. As empresas são obrigadas pelo sistema a oferecerem o melhor custo-benefício para se sobressair no mercado. Já no regime “Socialista”, a elite estatal tenta em um ato divino dizer o que deve ser produzido, o que eu e você precisamos realmente, algo absurdo – para saber as consequências basta olhar a História.

{{{“vais ver milhões morrendo de fome na África. Não é por falta de comida, nem pelo desperdício na minha ou na tua casa, como a mesma televisão tenta nos fazer crer. As pessoas morrem de fome, por que os capitalsitas querem lucrar.}}}

O comentário não faz sentido. Se o motivo do capitalismo é lucrar, não seria a África um mercado alimentício enorme para os “perversos capitalistas” lucrarem?
Claro que sabemos a resposta, simplesmente falta renda para eles comprarem alimentos! O capitalismo não mata, a falta de capitalismo mata! O problema da África subsaariana é complexo, mas a principal barreira atualmente é falta de uma miníma base política que permita segurança para o desenvolvimento de uma economia.

A História tem como a sua maior contribuição a possibilidade de criarmos o futuro sem os erros do passado. Será que não basta o “Socialismo” ter fracassado na América, Europa, África e Ásia?
Gosto de citar os casos da Alemanha e Coréia, que tem dois dos povos mais organizados do mundo. Mesmo nesses locais o socialismo mostrou sua ineficácia. Na Alemanha após mais de 3 milhões terem fugido para o lado capitalista, o lado oriental teve que construir um muro com enormes barreiras, sendo que o contrário não ocorria, (o deslocamento do lado capitalista para o lado socialista). Já o caso da Coréia meio que dispensa comentários.

O poder vindo só de uma fonte cria um Estado autoritário, resultando em total falta de liberdade. Soma-se a tendência do ser humano crer que o seu interesse é o mesmo interesse da sociedade. Será que é interesse da população norte-coreana ter 1/5 de seu PIB em armamentos e o maior estádio do mundo? ou seria interesse da reduzida elite estatal?

É claro que o Socialismo parece um sistema muito mais bonito que o capitalismo, onde a sociedade ideal seria como a velha gravura do agricultor e o operário vivendo felizes em um sistema igualitário. O problema principal é que na prática, torna os produtos e serviços caríssimos e ineficientes. Vira economicamente desastroso, e consequentemente socialmente desastroso.

“não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu próprio auto-interesse” – Adam Smith

“Eu posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las” – Voltaire

A discórdia gera reflexão!


Descubra mais sobre Luíz Müller Blog

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

9 pensamentos sobre ““A cada um de acordo com suas necessidades e de cada um de acordo com suas possibilidades” – O socialismo que reconhece as diferenças!

  1. Achei esse comentário em resposta muito bom Luiz: Amplo e sintético ao mesmo tempo. Concordo em grande parte com tua argumentação. Penso parecido e é mais ou menos por aí que acho que deveria ser “o outro mundo possível”. Abraço

    Curtir

  2. Adorei. Penso como vc exatamente. E possivelmente vamos morrer sem ver as mudanças necessárias.
    Visto que já tenho 47 anos e creio que o andar da carruagem política no Pais, mesmo tendo carros. Vem de tartaruga…
    Adorei o Blog, colocarei entre meus favoritos. Sempre estarei passando por aqui se não se importar.Ok?
    Um abraço Fraterno

    Curtir

    • Maria do Carmo

      É um prazer de ter como leitora aqui. Passa por aqui sempre que puderes. Procuro colocar pelo menos um Post por dia com as minhas posições, mas quando não consigo, em função do trabalho, colo textos que dialoguem com as posições que defendo e procuro aplicar no dia a dia da minha militância.

      Abraço

      Curtir

  3. Pingback: Capitalismo: o que é isso? « Luizmuller's Blog

  4. Neste assunto de mão-de-obra e capital é preciso honestidade para admitir que no caso de automação total do trabalho será FORÇOSA a distribuição de renda.
    O pavor do capitalista é “horda em fúria”, temor obviamente justificado, visto que os ricos donos da produção representam menos que 1% da população e são 100 % cientes das desigualdades e suas implicações.
    Na real, a revolta de excluídos da sociedade seria plena defesa num quadro de desemprego total, visto que podem pensar em excluí-los também da vida ou da liberdade, tornando os serviços pessoais e domésticos familiares as poucas atividades remuneradas (minimamente), por oferta.
    Já um extermínio em massa programado (já existem todos os meios para isto, não?) poderia ser “justificado” em nome do meio ambiente, da (alta) sociedade, da abundância ou do diabo. Falando nele, muita gente morre todo dia por causa deste sistema.

    Curtir

  5. Prezado Müller, parabéns pela aula sobre o tema!
    Minha percepção sobre os sistemas e relações humanas estão muito próximas das que você professa, o que, em tempos atuais, é um bálsamo para os que se sentem ‘um estranho no ninho social’.
    Aproveito apenas para salientar, já que não consegui identificar quem fez a ‘citação’, que a frase atribuída a Voltaire, em um dos comentários acima, jamais foi dita por ele, e sim, foi criada por uma de suas biógrafas (Evelyn Hall), segundo Ivan Ribeiro em: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/44/a-falsa-citacao-de-voltaire-investigacao-afirma-que-a-300467-1.asp

    Curtido por 1 pessoa

Deixar mensagem para Heverton Lacerda Cancelar resposta