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OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS OU OS MEIOS OS FINS?

Por Luiz Müller

O caminho da virtude é sempre possível . Enquanto o homem existir , tem ele a possibilidade de modificar sua conduta e imprimir direção diferente às suas ações . E todos os homens orientam-se na vida por um critério valorativo , conferindo assim um sentido pessoal em suas vidas .

Nem sempre é tranqüilo atingir-se o conceito de bem , principalmente vivenciá-lo de maneira coerente. A ética está intimamente ligada a política. Para aristóteles é a ciência política que estuda a cultura do homem e o político precisa estudar e conhecer a alma dos cidadãos. No entanto, na pólis grega como no estado moderno, a necessidade da organização introduz o poder como um meio de atingir o bem maior. E é exatamente o poder que vilipendia o indivíduo e suas aspirações em favor de uma maioria, impondo as minorias os meios que nem sempre são virtuosos para construir uma felicidade que justamente por esta razão também não será a felicidade de todos e portanto não poderá ser a felicidade de ninguém. A cultura no entanto, imposta ou não, faz com que os legisladores criem as leis. Estas leis, estejam escritas ou estabelecidas através de códigos não escritos, podem no entanto ser subvertidas. Estaria se cometendo aí um ato anti-ético. Mas é a ação do indivíduo por escolha (aristóteles) que rompe com o código estabelecido. Bush, pautado pelo código civil que tem por fim a felicidade do povo americano e pelo código cristão, que tem por fim a destruição do mal para que o bem impere, quebrou o mesmo código ao mandar a morte centenas de americanos, levados a assassinar milhares de Iraquianos. Ao sair a rua e protestar, milhares de pessoas contestam os códigos de seus países. Mas a atitude de protestar, neste caso, demostra principalmente a vontade individual de cada ser que protesta e não necessariamente a vontade do poder instituído. Os fins só justificam os meios se o fim for o poder. Por isto o poder é um agente perturbador da ética e da moral. Que o diga Sócrates que bebeu Cicuta na Grécia e os pobres que comem e bebem a cicuta a que o poder os condena no dia a dia.

Aristóteles então deve Ter razão ao afirmar que  atingir o extremo bem, a felicidade, só é possível se os meios utilizados para alcança-lo forem nobres. Mas como não há uma ethos universal, a nobreza de uma cultura pode não significar a mesma nobreza em outra. O suposto ethos universal que faz parcelas do ocidente se horrorizar com as “burcas” e com a lei do talião em alguns países árabes, é aliás outra imposição do poder constituído pelo império. Para atingir o bem supremo, então, se faz necessário derrotar o poder. Quais seriam então os meios “nobres” para derrotar o poder? O pacifismo, a luta armada, etc…? Tudo depende do ethos no qual vivemos. Então, os fins podem sim justificar os meios, mas por certo também haverá meios justificando fins. Afinal, o poder poderia ser então não um fim em si mas um meio para construir a felicidade de muitos.


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3 pensamentos sobre “OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS OU OS MEIOS OS FINS?

  1. Pingback: Os 500 anos d”O Príncipe” de Maquiavel (Por Antonio Lassance) « Luizmuller's Blog

  2. No caso, LEGITIMA DEFESA não importa se a ferro ou fogo ou por meio de pau ou agulha, pois como legitima defesa, o fim que executou, justifica porque meio ou modo finalizou…

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