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Medo de absolvição por falta de provas está deixando mídia e oposição em pânico

Há uma grande farsa montada, onde o único objetivo é o de condenar aqueles que a mídia já definiu como culpados.

  • Mídia começa a questionar o trabalho de Roberto Gurgel e teme pela absolvição dos “bandidos” por falta de provasPescado do De Brasília – Blog do Alfredo

 

O circo do chamado mensalão tem de tudo que um espetáculo bizarro e grotesco precisa. Tem um acusador que usa linguagem embolada e faz da retórica de porta de cadeia – ou de cachaceiro em fim de noite – o trunfo com o qual alimenta manchetes de jornais, chamadas em portais e blogues “limpinhos”, sem contar as emissoras e rádio.

Tem também seu lado de farsa e cinismo, quando ao mensalão tucano – que é de 1998! – concedeu-se o desmembramento, mantendo na alçada do julgamento do STF apenas aqueles com direito ao foro privilegiado. Ao do PT, os oportunistas e medrosos ministros do STF alegaram o fato de serem conexos os crimes – ainda que esteja ficando cada vez mais evidente que as provas inexistem ou são amparadas no “eu penso, eu acho, eu acredito”.

E a situação para a mídia e para a oposição política está ficando tão feia, tão complicada, que tiveram que tirar do formol o FHC – vestal do neoliberalismo em nosso País – para tentar pressionar o Supremo a que este proceda a condenação dos “bandidos”, mesmo sem provas.

E por que o mensalão tucano, que é de 1998, não merece este destaque? Por que em relação a este sim bem documentado esquema de corrupção a mídia não tenha preocupação com a sua prescrição? Por que existe a insistência em desqualificar a Lista de Furnas, a despeito da comprovação de sua autenticidade por perícia da PF?

Nas conversas reservadas aqui no DF, há um sentimento de perplexidade. De repente, pessoas com um mínimo de juízo e bom-senso começam a assumir que, ao menos que se cometa um aborto jurídico,

A própria mídia começa a demonstrar frustração com o tal do Roberto Gurgel.

Durante o fim de semana, jornais como O Estadão deixaram clara a sua decepção.
Em algumas reportagens, os redatores chegaram a escrever o roteiro de coo deveria ter atuado o procurador.

Dois trechos são reveladores:

“Um dos ministros mais antigos do STF ressalta que, para confirmar a prática de corrupção ativa, o Ministério Público deveria ter ouvido o depoimento de um parlamentar contando ter sido procurado pela Casa Civil com a simples promessa de recursos em troca de apoio a projetos de interesse do Executivo. Se não houver prova, disse esse ministro, só restará ao STF absolvê-lo.’

Toda a angústia está encoberta pela figura de uma fonte que nem se sabe ao certo que existe, mas que revela a preocupação da mídia.

Leiamos esta pérola:

” Uma autoridade que acompanha o processo admitiu que no correr das investigações não foi possível encontrar prova cabal que pudesse levar à condenação de Dirceu por corrupção ativa. Disse, porém, que o Ministério Público poderia ter fechado as brechas que podem suscitar dúvidas sobre a culpa de Dirceu se também o tivesse acusado de lavagem de dinheiro. O próprio procurador-geral, avaliou essa autoridade, enfatizou que Dirceu comandava todo o esquema que incluía a montagem de um estratagema para lavar dinheiro.”

Trata-se de algo que revela o medo e a angústia de se deparar com o fim da farsa.

O título da matéria é, em si e por si, uma confissão de impotência:

Magistrados procuram nos autos provas que incriminem Dirceu

Ou seja: eles precisam “procurar” o que o Gurgel não teve como encontrar, não teve como comprovar, não teve como indicar, não teve como provar.

A situação é de tal ordem bizarra e nonsense que o tal do Gurgel resolveu inovar em matéria de doutrina, criando, de sua cabeça de ficcionista, a responsabilidade objetiva em materia penal. Trata-se de algo estranho ao mundo jurídico, na medida em que apenas se aplica em materia civil.

Mas… e o que disse FHC, que afinal de contas não consegue dizer coisa-com-coisa? Que a fala de Gurgel foi muito boa. Diz FHC na Folha Online de hoje: “Ele (Gurgel) foi bastante convincente”. E nada mais disse, porque nada mais Gurgel teve como demonstrar.

A fala de FHC, como porta-voz da oposição, revela o temor de que o STF opte por um julgamento baseado em provas, não em textos jornalísticos que, sabe-se agora, foram a grande fonte de informação de Gurgel.

Então que tenhamos plena e total clareza do que está acontecendo: Se o STF for julgar pelos autos, terá de absolver por falta de materialidade e de provas. Se, no entanto, prevalecer a bizarrice desejada pela mídia e aguardada por FHC, o STF dará o veredito que a mídia já determinou – mas que ela própria começa a se dar conta de que não tem fundamentação alguma.


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