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Médicos: uma greve contra o país

A greve dos médicos é uma ação conservadora e corporativa, e atenta contra os interesses da maioria da população que exige acesso à saúde

A greve é contra o Programa Mais Médicos do governo federal 

A greve nacional convocada  por entidades da área médica é a expressão do mais puro corporativismo e realça a visão conservadora da maioria dos CRMs e associações profissionais da categoria, os condutores políticos do movimento. Atiram aparentemente nas dificuldades e insuficiências do sistema público de saúde e reivindicam uma carreira de estado para os médicos. Mas, na verdade, o alvo é o Programa Mais Médicos do governo federal.

Pescado do Blog do Milton Alves

Trata-se de um movimento que apelou para as armas do preconceito e da desqualificação da proposta governamental, recusando um diálogo propositivo para aperfeiçoar possíveis incorreções do programa. Todos brasileiros, principalmente as camadas mais pobres da população, conhecem as insuficiências de gestão e de infraestrutura do SUS, que, ao mesmo tempo, tem um caráter universalizante e precisa ser defendido e preservado.

No entatnto,  na presente situação a questão tomou um caráter de luta política, com demarcação muita clara de campos. A mídia dos poderosos, os velhacos dos CRMs, utilizam o discurso das insuficiências do nosso sistema para sabotar e impedir a implantação de uma efetiva política de estado para a saúde, com foco nos mais pobres e nas regiões mais necessitadas. Esse é o xis da questão. É também uma resistência de natureza classista.

Quando a direita parlamentar, mobilizada pela mídia conservadora, retirou 40 bilhões da saúde vindo do imposto da CPMF, que não penalizava os pobres (era um imposto de corte progressivo), atingia operações financeiras da classe média em diante, as entidades corporativas dos médicos, simplesmente ficaram mudas. O Programa Mais Médicos é um avanço, e o povo vai defender o programa.

A proposta de  residência, com boa remuneração, uma adaptação ás condições do país do serviço social civil obrigatório, método adotado em todo mundo e em países de diferentes sistemas como Inglaterra, Cuba, Israel, Canadá, Argentina, França, Paraguai, é uma medida justa, correta, uma forma de retribuição para a sociedade de quem estudou e se formou numa escola de medicina bancada por todo o povo. O sistema tributário também beneficia os extratos médios e ricos do país, com o abatimento no IR dos gastos com os serviços de saúde.

Ou seja, nesta briga o lado da esquerda é o da justiça social, do direito humano à saúde, da implantação no país de uma medicina de caráter mais  inclusivo, preventivo e universal. O que, seguramente, não é o objetivo desse movimento.

Até aqui i Texto do Milton. Vai no Link a minha opinião sobre o tema, postada aqui há dias https://luizmullerpt.wordpress.com/2013/05/11/por-que-sou-a-favor-da-importacao-de-medicos-cubanos/


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6 pensamentos sobre “Médicos: uma greve contra o país

  1. Antes de qualquer coisa, descubram QUAIS indivíduos desviam as verbas milionárias destinadas às Instituições de saúde. Esse sim é o ” xis ” da questão.

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    • Fabiana

      A Gestão da saúde é municipalizada através do SUS. cada cidadão pode e deve ir ao Conselho Municipal de Saúde participar das reuniões, propor, fiscalizar, por que este é o papel do Conselho Municipal de Saúde, por onde passa a grande maioria dos recursos destinados à saúde no país. Todo município tem. E ali é que são discutidas as verbas, estrutura e remédios que vem do Governo Federal e do Governo Estadual para a saúde local. Por outro lado, há municípios, em especial no interior do Brasil, que para terem UM médico, tem que desembolsar todo o dinheiro que tem para a saúde, ou boa parte dele, pagar o mesmo. Há casos já noticiados no interior do Amazonas e do Ceará, que uma Prefeitura paga até R$ 40 mil por mês para um médico residir na cidade. E por isto mesmo há cidades que não tem nenhum. Aliás, são mais de mil cidades que não tem nenhum médico. E não é por falta de dinheiro. e no caso da falta de médicos, nem é por problemas de gestão local, mas pelo CORPORATIVISMO exacerbado dos médicos brasileiros, que não querem ir para os rincões, mas também não querem deixar outros irem. Aliás, até outro dia os médicos defendiam o tal do “Ato Médico”, que se aprovado, impediria enfermeiro até de fazer injeção, pois tudo teria que estar sujeito ao “acompanhamento” do médico. Este corporativismo é nefasto ao povo. Mas achas que tem desvio de recursos na saúde, vai no Conselho Municipal de Saúde do teu Município, questiona e fiscaliza, por que por lá passam TODOS os recursos destinados à saúde do teu município e lá participam o governo local, os operadores e os usuários, ou seja, a população, que aliás elege seus representantes lá. Esta na lei. Faz cumprir a Lei no teu município. Participa lá no Conselho e questiona. Assim, participando, é que vamos mudar o Brasil, e não caindo na lorota fácil da mídia, de que é tudo culpa dos “corruptos”.

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  2. Olá, gostaria de comentar sobre seu texto.
    Pelo que li, você cita que essa medida do programa de governo mais médicos, é valida pois trará médicos para a população mais pobre.
    Tendo em vista esse comentário, peço para que você olhe para qualquer unidade básica do SUS. Nelas não existe alguns equipamentos indispensáveis para consultas, tem alguns quebrados e os que funcionam estão em péssimo estado de conservação. Falar que o médico só pensa em dinheiro é fácil, lidar com a vida das pessoas sem estrutura, sem medicamentos, sem exames é brincar com a vida das pessoas. Um médico estuda um longo tempo para poder começar a trabalhar. Para que o mesmo realize seu trabalho, ele necessita não somente de uma caneta e um papel, precisa de medicamentos para sanar as dores, curar algumas doenças e amenizar algumas outras. Não sei se você está informado, mas no Brasil, o SUS não disponibiliza algumas medicações para a população nos postos de saúde e a reposição das que são disponibilizadas tem uma certa demora. Será que médicos estudam para fazer milagres? Creio que não, somo humanos como você e qualquer outra pessoa. Temos nosso nome, uma luta para passar num vestibular, mais alguns anos dentro da faculdade para terminá-la, depois mais estudo para tentar um prova de residência e as provas de sub-especialidades.
    Se perguntar por que não atuar na saúde pública, me leva a pensar não apenas no ganho financeiro, que é importante, mas também no meu bem estar, nos riscos que estarei correndo no meio de uma população sem ter segurança por exemplo. Cito isso pois uma amiga minha e a equipe em que ela trabalhava quase foram feitas de reféns por assaltantes em um cidade do interior do nosso estado.

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    • Caro Marcos

      A grande maioria dos médicos brasileiros é formado em universidades PÚBLICAS. Estudaram por conta do Erário PÚBLICO e não tem nenhum compromisso com o PÚBLICO. Só querem saber de fazer a mala de dinheiro. Por isto se concentram nas grandes cidades e grandes centros urbanos. Ali, apesar de terem contratos com o poder público, via SUS, que lhes determinaria de 4 a 8 horas diárias de contrato, na maioria das vezes só cumprem metade dele, sob as vistas grossas dos governantes, que não tem outra alternativa, e no tempo “vago” fazem o atendimento de planos de saúde e de consultas particulares de quem pode e as vezes até de quem não pode pagar. Há hoje mais de mil cidades brasileiras que não tem um médico sequer.E não venha me dizer que é por que “o SUS não oferece condições”. O atendimento exigido, nunca ouvi que pudesse ser além das condições. No nordeste as crianças ainda morrem por doenças que um simples diagnóstico médico com tratamento simplificado, disponível, evitaria. Mas para isto é preciso que haja médicos para atendê-las. Se um médico se forma com dinheiro público, deve dar contrapartida ao público que lhe possibilitou estudar de graça. E uma das formas com certeza é a residência que esta sendo proposta pelo governo, e que os médicos protestam contra. Se quer estudar e não servir o público e sim o privado, não tem problema, mas que pague por seu estudo. E que atenda os planos de saúde e seu consultório particular. O Brasil é livre e democrático. Mas deixe os que querem atender o público atender, sejam eles estrangeiros ou brasileiros. Simples assim. Aliás, podes procurar outras matérias aqui no meu blog.Verás por exemplo, que na Inglaterra 35% dos médicos são estrangeiros, boa parte deles hindús. E sabe por que? Por que os médicos ingleses não atendem o povão pelo sistema público de saúde de lá. Eles atendem em seus consultórios privados e atendem quem pode pagar. Simples assim. Quanto ao tal “risco de vida”, citas o exemplo da tua colega. Mas e os escancarados exemplos de dentistas mortos e médicos assaltados nas grandes capitais? Conheço bem o SUS. Ele é um dos sistemas mais democráticos e universais do mundo. É elogiado por outros países que não chegam nem perto de atender a maioria da sua população, em em especial os que mais precisam. Mas falta muito pra ele se superar. E uma das coisas que falta são médicos em mais de mil cidades, conforme documentação apresentada pela Frente Nacional de Prefeitos, e que esta no outro post, cujo link esta no post acima.Aliás, se tem equipamentos quebrados na UBS que frequentas, cobra do teu Prefeito que coloque ali o equipamento necessário, por que dinheiro há. Mas não te usa deste argumento de “falta de equipamento” ou “falta de algum remédio” para justificar a outra falta, que é a de médicos, em especial no interior, mas também nas periferias dos grandes centros urbanos.

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