
Nos Pedágios do Britto e nas negociações da Arena Grêmio(?) ou OAS, Odone, na época do PMDB e hoje PPS, esteve presente
Por Gerson Almeida, no Sul 21
Apesar de ter conquistado o vice-campeonato brasileiro, com uma campanha de rara regularidade, tendo permanecido dezoito rodadas entre os quatro primeiros colocados e obtido a vaga direta para a Libertadores da América, os dirigentes e a torcida do Grêmio não conseguiram comemorar animadamente este feito. É certo que muitos poderão afirmar que a pouca beleza plástica do futebol apresentado é que encerra a questão, mas a tradição do tricolor gaúcho nunca foi a de ganhar com beleza. Para o bem, ou para o mal, a autoimagem que satisfaz os gremistas tem mais relação com a heroica viagem de Ulisses do que com um passeio ao paraíso artificial de Dubai, ou com campeonatos invictos. A identidade das nossas vitórias sempre foi construída mais por jogadores de pegada como o Dinho, do que com a classe do Falcão.
Se não é a qualidade plástica do futebol apresentado em campo, o que explica que não tenhamos comemorado com entusiasmo a conquista de vice-campeonato brasileiro? Arrisco afirmar que as razões podem ser encontradas fora de campo. Desde a posse do presidente Fábio Koff e da sua diretoria, uma caixa de pandora foi aberta e os inúmeros males que vinham sendo feitos contra o clube passaram a ser conhecidos, criando uma atmosfera de grande preocupação com o próprio futuro de Grêmio.
O Contrato da Arena
Desde que assumiu a presidência, vencendo uma disputa com o candidato à reeleição, Paulo Odone, por larga margem, as preocupações da nova diretoria tiveram que ser divididas entre as questões do futebol, com as relativas ao contrato do Grêmio com a OAS/Arena. Não é para menos. Quanto mais luz os termos do contrato vão ganhando, mais a sua natureza perversa para os interesses do clube vão se apresentando.
Pelos seus termos, o Grêmio deveria pagar anualmente cerca de R$ 43 milhões para OAS para utilização da Arena pelos sócios do clube, o que agravaria ainda mais o déficit gremista, que neste ano chegou a cerca de R$ 90 milhões, decorrente sobretudo do custo financeiro de dívidas assumidas por gestões anteriores e da privação da receita decorrente da bilheteria dos jogos, que neste ano (2013), já foi inteiramente arrecadada pela Arena. Isto levou o seu Conselho de Administração concluir que, caso o contrato vigente seja mantido, o clube se inviabilizará financeiramente, entre outras coisas, pelo elevado comprometimento da receita do Quadro Social. Além disto, nos próximos vinte anos, OAS receberá as receitas de exploração dos espaços da Arena: bilheteria de jogos, de shows artísticos, espaços para veiculação de propaganda, aluguel de áreas para os mais diversos fins. Ou seja, o Grêmio estará privado de toda a receita de bilheteria e, nos primeiros oito anos, enquanto estiver sendo pago o financiamento da obra, não deverá receber um real sequer da Arena! A OAS, ainda, terá como garantia para eventuais atrasos de pagamento as cotas de tevê do clube, além de indicar três dos cinco membros do Conselho de Administração, o que assegura para a empreiteira a maioria em qualquer decisão.
Na medida em que é ampliado o conhecimento público sobre este contrato draconiano, que coloca uma camisa de força no futuro do Grêmio, o tom do debate esquenta. Em entrevista em rádios e jornais, o atual e o ex-presidente apresentaram as suas compreensões amplamente divergentes sobre o contrato. Koff, um homem experiente e um ícone de administração esportiva e conquistas, disse o seguinte sobre as posições de Odone sobre o tema: “Pensei que já tivesse ouvido tudo na minha vida. Mas um ex-presidente do Grêmio tomar posição contra a administração e assumir a parte de uma empresa, eu nunca vi”, logo depois ampliou ainda mais suas críticas ao questionar as motivações que permitiram assinar um contrato que, segundo ele, beneficiou amplamente a OAS em detrimento do Grêmio: “Nunca vi uma coisa dessas. Nenhum contrato no Brasil foi feito dessa maneira”. Em resposta, Odone mais falou sobre o clube dos 13 do que foi capaz de apresentar argumentos que refutassem a definição do contrato, por ele assinado, como nefasto ao clube e amigável à empreiteira. Vejamos, “ele atribui a mim a liquidação do contrato do Clube dos Treze. Quem fez não fui eu, foram os 20 clubes brasileiros…”. Quanto a afirmação de Koff sobre a utilização que Odone faz do Grêmio para ganhar força política, o ex-presidente afirmou que “jamais permitiria que usassem o Grêmio politicamente. Não confundo questões partidárias com questões do clube …” e foi ainda mais incisivo, “duvido alguém mostrar que usei o Grêmio. Presidente, recolha-se para casa e vá pensar na sua vida ética e me deixe com a minha”, disparou.
No entanto, não demorou muito tempo para que reportagem de Zero Hora mostrasse que a administração de Odone destinou mais de R$ 1,1 milhão dos cofres do clube para as torcidas organizadas, dos quais 85% para a Geral. Tudo isto de janeiro/2011 a dezembro/2012, sem que houvesse qualquer exigência de prestação de contas. Compra de apoio? Não, apenas retribuição pelos relevantes serviços prestados, um para o outro. A inexplicável hostilidade sofrida por Koff dentro do Olímpico durante o processo eleitoral apenas neste contexto pode ser compreendida.
Desnecessário falar no aditivo ao contrato assinado no final de dezembro passado, que alterou os termos do contrato que já havia sido submetido e aprovado pelo Conselho Deliberativo e, tampouco, da desoneração de execução das obras viárias e outras contrapartidas que deveriam ser feitas pelo empreendedor e, agora, são cobradas dos cofres públicos.
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P refletir, ainda bem q sou colorado
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