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16 anos de Governos do PT. E AGORA?

selvino_heckPor Selvino Heck

O Senhor Mercado perdeu a aposta. O povo e os eleitores não levaram a sério suas ameaças. Ignoraram seus esperneios, seu sobe-desce, não ouviram seus rugidos diários, seu olhar rancoroso. O Senhor Mercado, como a presidenta Dilma disse certa vez, não vota. Mercados não ganham eleições. Quem vota é a consciência cidadã, que faz a escolha livre e decide o futuro.

Feita a escolha, proclamados os resultados, cabe, no entanto, a pergunta: e agora?

Não serão quatro anos fáceis. Todo quarto governo de continuidade – aliás, a primeira vez fora do período militar, algo inédito na democracia brasileira -, como já há vários exemplos conhecidos Brasil afora, traz seus problemas inerentes: algum grau de cansaço, espaços estabelecidos quase imexíveis, rotinas difíceis de mudar, nichos de mando com dificuldade de perceber o novo momento, amarrações várias no campo político, apego ao poder de companheiras e companheiros, e assim por diante.

A institucionalização, necessária na vida e da qual é difícil escapar, cobra seu preço. Serão dezesseis anos de governos Lula e Dilma (eu mesmo, que já estou no governo federal há doze anos, preciso me perguntar todos os dias: ainda tem sentido estar ou ficar por aqui? Ainda contribuo? Sou capaz de me auto-renovar ou renovar minhas ações, atitudes e relações? Ainda tenho motivação para pensar o futuro, tomar as iniciativas necessárias, compreender e propor o novo?).

Felizmente, as manifestações de junho de 2013 e outras tantas que se seguiram não só acordaram o país e a cidadania, quanto produziram também um choque geral, inclusive no governo federal. Nem tudo está bem, nem tudo está perfeito, todos deram-se conta. Houve, é verdade, avanços consideráveis no campo econômico e social. O povo brasileiro vive bem melhor. Os pobres e trabalhadores começaram a ter vez e voz. Mas, e no campo cultural e de valores? E as reformas que são adiadas há 50 anos, desde as Reformas de Base propostas pela sociedade e assumidas pelo presidente João Goulart nos anos 1960, contra as quais se uniram as elites conservadoras e contra as quais deram um golpe e produziram por 25 anos uma ditadura militar? Quando, afinal, serão feitas ou acontecerão?

Este é um momento histórico, não apenas porque há um quarto e inédito governo de continuidade. É um momento como o das Diretas-Já, como o da Constituinte, como o do impeachment de um presidente, marcados na história e na memória. Depois de muito tempo, o povo e a juventude foram às ruas: mais democracia, mais participação, melhores políticas públicas, reformas. Não por outro motivo a palavra mais importante da eleição foi ‘mudança’.

Exatamente por ser este um momento histórico, mais que depressa as elites voltaram a reagir. Os barões da mídia, os setores políticos conservadores, a direita enrustida já levantaram suas vozes e mostraram sua existência. Estavam nos subterrâneos, alguns, outros desorganizados. E propõem: austeridade econômica (que todos sabem onde vai dar e o que vai trazer de consequências), reformas sob controle, sem nenhuma mudança de fundo, conservadorismo de ideias (o maior exemplo está na rejeição da proposta de uma política nacional de participação social, que apenas consolida o já existente).

Mais uma vez, e felizmente, o Brasil se coloca ante uma disputa de projetos: quem quer mais, ou menos, democracia; quem propõe reformas de fundo e estruturais, como a política, a tributária, a agrária, a do Estado, e quem aceita apenas retoques cosméticos; quem quer continuar e aprofundar a distribuição de renda e, portanto, mais igualdade econômica e social, e quem acha que já é suficiente pobres e trabalhadores andarem de avião e terem emprego; quem quer uma sociedade com cada vez mais espaços, oportunidades e quem quer deixar tudo como está, porque, afinal, os de baixo já ganharam o suficiente; quem constrói a liberdade, a solidariedade, a não discriminação como valores fundamentais e decisivos e quem elege o consumo e o ter como valores supremos.

Os próximos quatro anos serão de grande mobilização social. E uma sociedade que se movimenta está viva, pulsa, tem coração, tem sonhos, pensa o futuro. A democracia não tem medo da rua, assim como os jovens e todos aqueles que sonham com justiça, igualdade e Bem Viver.

Selvino Heck

Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República


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