Uncategorized

E o Sartori, hein?

SartoriPor Antônio Escosteguy Castro*

Retornando, após merecidas férias, à minha coluna no Sul21, é necessário por os assuntos em dia. E o primeiro deles, para nós gaúchos , é o novo governo do estado.

Está chegando ao fim o mês de janeiro e cresce minha convicção de que Sartori não esperava ganhar as eleições e , portanto, não construiu um objetivo claro de governo. Yeda imaginava um choque fiscal severo que equilibraria as contas do Rio Grande e permitiria retomar seu crescimento, expresso no mantra do “Déficit Zero”. Tarso , pelo contrário, recuperou espaço fiscal e buscou o crescimento através do investimento e do gasto produtivo do estado. E o Sartori, hein?

Os primeiros atos de governo foram confusos e contraditórios. Decretou a austeridade, mas chancelou aumentos reais para a elite funcional do estado. Criticou o aparelhamento do estado , mas montou o mais “ politiqueiro” de todos os governos que temos notícia, apoiando até a inaceitável aposentadoria parlamentar para garantir maioria na assembleia.

Cada vez mais parece se valer do discurso da pura e simples austeridade , retomando inclusive a agenda de Yeda com o PGQP, grupo político que trata o estado como se fosse uma empresa privada. A pura e simples austeridade comprovadamente não leva a lugar nenhum. Um exemplo: se o déficit do Estado é de R$ 7 bilhões , como ele afirma, se o governo cortar, digamos, R$ 1 bilhão de despesas , por um lado põe o estado em absoluta recessão e por outro, o déficit remanescente de R$ 6 bilhões continua a significar o estado quebrado…Onde chegamos?

Se a uma redução de despesas ( o que sempre pode se aceitar, em tese , se não comprometer os serviços essenciais do estado) não for associada uma estratégia de incentivo ao crescimento e , no caso gaúcho, uma estratégia de redução do peso da dívida, apenas repetiremos o governo Yeda e seu retumbante fracasso. Não esqueçamos que Yeda não só não foi ao segundo turno em 2010 , como sequer conseguiu se eleger deputada federal em 2014.

Até agora não transparece , sequer, a menor estratégia de Sartori. Tem governado com um apoio e blindagem de mídia que faria inveja a Antonio Britto. Mas isto também tem limitações. Se a opinião da mídia por si só bastasse, o PT não teria ganho 4 eleições presidenciais consecutivas. E Brito não teria perdido as eleições de 1998.

Ademais, a busca pelo factóide midiático , no mais das vezes sem conteúdo, termina por ampliar a sensação de um governo inseguro e vacilante. Outro exemplo: para caracterizar o Governo Tarso como um governo de desperdício, mancheteou-se com o “ excessivo gasto em diárias”. Logo se viu que a esmagadora maioria das diárias referia-se à Brigada Militar , com o policiamento ostensivo na Copa e na Operação Golfinho. Eliminar as diárias significaria comprometer a segurança pública no estado. Tão rápido como surgiu, o tema sumiu do noticiário.

Pode-se objetar, não sem certa razão, que um mês é pouco tempo para avaliar um governo. Mas por outro lado, é no período inicial de um novo governo que se mostram seus objetivos gerais e sua personalidade. O que assusta é que até agora não se viu nem um nem outro no Governo Sartori. Tudo leva a crer que o Rio Grande caminha para um desastre. Tomara que não.

*Antônio Escosteguy Castro é advogado


Descubra mais sobre Luíz Müller Blog

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário