Tramita no Congresso Nacional o PL 4330, da terceirização, que vai subverter as relações de trabalho no Brasil, até então protegidas pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Mesmo sem esta aberração, parte das grandes empresas se utiliza do artifício da “terceirização” para justificar trabalhadores escravos nas suas linhas de produção. Quando flagradas, põe a culpa nas empresas que lhe prestam serviço. E aí se inicia uma disputa judicial que leva anos. E as grandes marcas só trocam as empresas que lhe prestam serviços, mas os métodos continuam os mesmos. Roupas caríssimas feitas as custas de trabalho escravo em pleno século 21, no Brasil e no mundo. Se vingar o PL 4330, no Brasil este tipo de trabalho estará sancionado pela Lei e nem aos longos processos judicias as grandes empresas e grifes terão que se submeter, pois afinal, o responsável será a empresa prestadora de serviços e não a grande marca que lucra com este tipo de trabalho. De minha parte, mesmo que tivesse dinheiro suficiente, não compraria nada destas grifes. E junto com os movimentos sociais protesto contra esta bandalheira que querem aprovar no Congresso Nacional. E pra não dizer que esta é só uma visão de blogueiro petista, vai matéria do UOL, com o link, sobre o processo do MPF contra “empresários” escravagistas que trabalham para as grifes famosas:
Confecção que atendia grifes famosas usava trabalho escravo em SP, diz MPF
O MPF (Ministério Público Federal) denunciou, nesta semana, à Justiça Federal de Americana (a 127 km de São Paulo) quatro pessoas acusadas de manter em condições análogas a de escravos 51 trabalhadores, 45 deles bolivianos. Os funcionários trabalhavam em uma confecção que produzia roupas para grifes como a espanhola Zara, dentre outras como Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol.
O esquema foi descoberto em uma ação conjunta entre Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho em 2011. Os quatro foram denunciados pelos crimes de redução à condição análoga de escravidão e frustração de direito trabalhistas. Se condenados, as penas podem variar entre três e 10 anos de prisão.
No esquema, os trabalhadores eram mantidos alojados dentro da própria confecção, o que configura desrespeito às leis trabalhistas. Eles trabalhavam até 14 horas por dia e recebendo entre R$ 0,12 e R$ 0,20 por peça. Além disso, os trabalhadores ficavam três meses sem receber, logo que chegavam, para cobrir os custos da viagem. Eles eram mantidos dentro do local com portões fechados com cadeado e não podiam sair sem autorização. Não havia contrato formal de trabalho e a denúncia também aponta as más condições de higiene e acomodação no alojamento.

Roupas da Zara são produzidas por escravos
Equipes de fiscalização do governo federal flagraram, por três vezes, trabalhadores escravos produzindo peças de roupa da marca Zara na cidade de São Paulo
“Verificou-se que o uso de copos e garrafas plásticas era coletivo, os banheiros estavam em mau estado de conservação e limpeza, não havia papel higiênico e os cestos de lixo eram vazados e sem tampas. Também foi verificada a existência de apenas um bebedouro”, diz a denúncia do MPF.
De acordo com o inquérito da Polícia Federal, o líder do grupo era Narciso Atahuichy Choque, 40. Nascido na Bolívia, ele era o responsável por atrair os funcionários para atuar na região, muitas vezes sem visto de trabalho, com a promessa de um ganho mensal de até R$ 1.700. A investigação concluiu ainda que ele era subcontratado da Rhodes Confecções, pertencente à empresária Rosângila Theodoro. A empresa dela, por sua vez, era contratada pelas marcas para a produção de peças. Além dos dois, outras duas colaboradoras de Rosângela foram indiciadas.
À época do flagrante, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, a procuradora Fabíola Zani disse que 50% da produção da Rhodes era destinada à Zara, e os outros 50%, às demais grifes.
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