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Quem reclama da CPMF é justamente quem paga menos imposto

Tributação sobre transações financeiras tem importância na luta contra a sonegação fiscal que, segundo estimativas, representa 10% do Produto Interno Bruto
Por Marcio Pochmann na Rede Brasil Atual

Quem Sonega outros impostos, não tem como escapar da CPMF, por que eles operam o dinheiro pelas contas bancárias.

Quem Sonega outros impostos, não tem como escapar da CPMF, por que eles operam o dinheiro pelas contas bancárias.

O Brasil registra contrassensos importantes, como aquele em que o rico é o que mais reclama da elevada carga tributária. Justamente ele que quase nada paga. O pobre, que mais sofre as distorções da tributação que mais o atinge, nada diz.

Agora que o governo da presidenta Dilma Rousseff teve a iniciativa de novamente implementar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), explicitam-se manifestações contrárias, sobretudo dos representantes dos mais ricos no Brasil. Criada originalmente para não ser permanente no governo Itamar, em 1993, quando o ministro da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso, a CPMF registrou um rastro de provisoriedade, pois foi recriada em 1994 e em 1996.

Ao mesmo tempo foi reintroduzida em 1999, passando a ser prorrogada até 2007. De 2008 a 2015, apesar das tentativas governamentais de estabelecer o seu retorno, como em 2008 e 2011, o Brasil ficou livre desse tipo de tributação. Estranho, porque impostos sobre transações financeiras são conhecidos desde 1936 quando a Inglaterra, seguida por outros países, o introduziu como um objetivo maior do que o arrecadatório. Isto é, o objetivo de estabilizar os mercados especulativos.

Pela recente e provisória experiência brasileira, percebeu-se também que a tributação sobre transações financeiras tem grande importância na luta contra a sonegação fiscal, possuindo custos arrecadatório e de fiscalização reduzidos. Destaca-se que a sonegação fiscal no Brasil não é considerada crime, ao contrário de outros países, bem como da malversação do dinheiro público, conforme apontado pela Operação Lava Jato.

As estimativas para a sonegação tributária na economia brasileira equivalem a cada ano a cerca de 10% do Produto Interno Bruto. Com a existência da CPMF, por exemplo, a Secretaria da Receita Federal (SRF/MF) pode cruzar os dados da Declaração do Imposto de Renda com os pagantes (empresas e indivíduos) da tributação nas transações financeiras registradas pelo sistema bancário.

De acordo com estudo realizado em 2001 pela SRF/MF, com base nas informações da CPMF do ano de 1998, apenas um a cada grupo de quatro pessoas físicas que movimentaram recursos nos bancos brasileiros apresentou Declaração de Imposto de Renda. Ou seja, indício forte da sonegação fiscal de cerca de 75% dos indivíduos com movimentação de dinheiro no interior do sistema bancário.

Para ser preciso, 38,5 milhões de pessoas físicas fizeram operações financeiras em 50 bancos do Brasil acompanhados pela SRF/MF no ano de 1998, mas somente 9,9 milhões declararam Imposto de Renda. Ou seja, 28,5 milhões de pagantes da CPMF eram isentos ou omissos.

Pelo estudo da SRF/MF observa-se que possivelmente 139 pessoas físicas que não declararam Imposto de Renda movimentaram R$ 28,9 bilhões no ano de 1998, o que representou o valor médio de R$ 208 milhões por conta bancária. Noutra situação, registrou-se também que apenas 62 pessoas físicas que declaram Imposto de Renda foram isentas da tributação terminaram movimentando o valor médio de R$ 178 milhões em suas contas bancárias.

Certamente que a CPMF não constitui o importo perfeito, mas diante das enormes distorções do sistema tributário brasileiro ela torna-se positiva. Possui baixo custo arrecadatório e de fiscalização, eleva imediatamente a arrecadação para financiar gastos essenciais como a saúde e se constitui excelente instrumento para enfrentar a gravidade da sonegação fiscal no país. Faltaria, apenas, tornar a sonegação fiscal crime, sobretudo inafiançável. Seria demais?

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Um pensamento sobre “Quem reclama da CPMF é justamente quem paga menos imposto

  1. Voa helipóptero, voa!!!
    Parece que todos cheiram bem, “de com força”! rs rs rs

    Nem parece possível, mas ainda há algumas dezenas dos antigos “milhões” ou “micões” de Cunha! O surpreendente é que ainda há estes alguns, quando seria de se esperar que nenhum mais existisse, houvesse um mínimo de dignidade e respeito pelo discurso contra a corrupção. Se não são igualmente corruptos, são cúmplices.

    #MoralistasSemMoral

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