Por Ligia Deslandes* em seu Blog
Para continuar minha alfabetização econômica e financeira, pesquisei novas informações sobre a economia brasileira e a relação do nosso Banco Central com os problemas que estamos atravessando, suas possíveis e reais razões em fazer parte do Golpe de Estado que está abalando nosso país e alguns personagens que estão implicados nisso. É impressionante como tudo é muito mais simples do que os economistas brasileiros explicam.
Mais do que uma questão de política de direita ou de esquerda, o que estão fazendo com o nosso Brasil é uma grande rapinagem. O Banco Central do Brasil está usando o sistema operando ele contra o país. Aliás, quem disse isso também foi ninguém mais que o prêmio nobel Joseph Stiglitz, afirmando que o Banco Central do Brasil estrangula a economia local.
No nosso texto anterior você deve ter entendido de maneira rápida e concreta como funciona o tripé econômico no mundo todo e como no Brasil ele é diferente, com a ajuda do Banco Central Brasileiro. (Veja em: O Banco Central do Brasil e o Golpe na Economia (Por Ligia Deslandes)
Mas, os problemas econômicos no Brasil não vem de hoje. Desde 1964 esses problemas existem, por conta das decisões daqueles que geriram nossa política econômica e fiscal. Na verdade, a economia brasileira sempre foi gerida para auferir ganhos para a elite brasileira e internacional.
Vejamos as palavras de Armínio Fraga, presidente do Banco Central em 1999 na época que assumiu a gestão à frente do banco: “O que se tem hoje é uma mudança que dá à taxa de câmbio uma função diferente da função que ela tinha antes. Antes o Governo dizia para a taxa de câmbio: ‘Você toma conta da inflação.’ e dizia para a taxa de juros: ‘Você toma conta do balanço de pagamentos.’, que é um regime de taxa de câmbio fixa em relação ao dólar americano. Hoje nós estamos escalando o time de forma diferente. Nós estamos dizendo para taxa de câmbio: ‘Você toma conta do balanço de pagamentos’ e para taxa de juros: ‘Você toma conta da inflação’. Agora, nada disso funciona sem uma boa política fiscal”.
Na fala dele percebe-se claramente a confirmação e a confissão de que o país foi dolarizado no período de 1964 até 1998 (de 1964 a 1993 através do artificio contábil da correção monetária e de 1994 a 1998 pela paridade 1:1 em relação ao dólar americano) e finalmente, a partir de 1999 a taxa de câmbio passaria a ser flutuante tendo uma função diferente conforme explicado pelo próprio Armínio Fraga. O Brasil naquele momento restabeleceu o padrão monetário próprio, como a maioria do países, estabelecendo então que a unidade contábil sobre a qual se recolheria os impostos se chamaria Real e que flutuaria perante as moedas internacionais sendo a cotação diária acessível a todos, pois, o mesmo passaria a flutuar de acordo com a oferta e procura.
Isso foi feito com o discurso de que o Brasil precisava ter o câmbio flutuante. Na verdade, esse foi um nome tupiniquim para se adotar uma moeda própria como em todos os países já funcionava. Só o Brasil não tinha isso. Em todos os países sempre foi assim. O franco suíço flutua, o dólar flutua, o euro flutua e finalmente, o Real seria a moeda brasileira e passaria a flutuar também a partir de 1999.
Antes o Governo dizia para a taxa de câmbio: “Você toma conta da inflação”. Ou seja, o câmbio era ajustado pela correção monetária e um pequeno ajuste a mais ou a menos significava um aumento ou uma queda de juros no dólar, já que o país era dolarizado e dizia para a taxa de juros: “Você toma conta do balanço de pagamentos”, que era um regime de taxa de câmbio fixa.
Com essa explicação acreditamos que fica transparente que enquanto não tínhamos uma moeda própria que flutuaria de acordo com o câmbio a política de juros servia para atrair capital. Assim, em uma crise política era necessário aumentar os juros para que o investidor tomasse o risco dólar americano contra o dólar brasileiro.
Quando Armínio muda isso em 1999, e diz: Nós estamos dizendo para taxa de câmbio: “Você toma conta do balanço de pagamentos” e para taxa de juros: ‘”Você toma conta da inflação” e que nada disso funciona sem uma boa “política fiscal” algumas coisas ficam claríssimas no exposto:
a) O real de 1994 a 1998 não é a mesma moeda que o real de 1999 em diante, apenas tem o mesmo nome.
b) O real de 1994 a 1998 era Dólar.
c) O real de 1999 em diante tem um valor próprio que pode ser consultado todo dia por diversas fontes.
Vamos, então, novamente à análise do que ocorreu, a partir da confirmação da vitória da Presidenta Dilma democraticamente eleita em 2014 e a não aceitação da derrota pelo candidato derrotado Aécio Neves.
A consequência imediata dos ataques diários do candidato derrotado foi gerar uma instabilidade politica (Aécio Neves prometeu sangrar o país), o que gerou como consequência imediata a desvalorização do real flutuante. O que acontece naturalmente com a desvalorização do real?
a) O exportador passa a receber mais reais por dólar exportado.
b) O importador passa a pagar mais reais por dólar importado.
Então, o efeito imediato naturalmente é o encarecimento dos produtos importados. Em qualquer país do mundo com câmbio flutuante isso acontece. Isso NÃO É UMA INFLAÇÃO DE DEMANDA! Isso é apenas um ajuste de preço que anda em linha com o câmbio e que causa um impacto momentâneo sobre a inflação. Qual a opção que temos nesse caso? Ao invés de comprar vodca importada voltamos a beber cachaça, o produtor e o distribuidor agradecem.
Mas, o Banco Central do Brasil interpretou este ajuste de preço equivocadamente como sendo uma inflação de demanda (mais comprador que vendedor). Inflação de demanda se combate, em qualquer economia, com câmbio flutuante com a elevação de juros, ou seja, enxuga-se o mercado para que ele não sobreaqueça.
No entanto, com já analisamos e explicamos, NUNCA HOUVE INFLAÇÃO DE DEMANDA NO BRASIL. Nunca faltou produto na prateleira, pelo contrário, havia produto em excesso. A elevação inexplicável e podemos dizer hoje, irresponsável, pois, não havia motivo para tal trouxe consequências tenebrosas para a economia brasileira.
O trabalhador assalariado teve uma redução imediata no seu poder aquisitivo, pois os juros de suas dívidas subiram. Ao mesmo tempo os preços dos produtos subiram – neste caso, primeiramente, só os preços de produtos importados. Com a elevação de juros os preços de produtos locais também passaram a subir, não por causa da inflação, mas sim devido a elevação da taxa de juros. Então, como já pudemos ver, o trabalhador assalariado perdeu poder aquisitivo, portanto, passou a RECOLHER MENOS IMPOSTOS.
O industrial produtivo sofreu um aumento no seu custo financeiro, portanto, se viu obrigado a aumentar os preços dos produtos gerando uma inflação desnecessária, pois, passou a vender menos.
Assim, o mercado PAROU DE GIRAR (quanto mais rápido ele gira mais impostos ele gera) devido à elevação de juros desnecessária e inexplicável pelo Banco Central do Brasil. Portanto, com o custo financeiro mais alto e os preços mais altos confrontado com um poder de compra retraído, como já explicado acima, passou a vender menos e, naturalmente, RECOLHER MENOS IMPOSTOS.
A roda que o governo Lula fez girar começou a parar devido ao aumento de juros para combater uma inflação que NÃO ERA DE DEMANDA.
Vamos agora seguir o raciocínio e ir para os Estados. O que aconteceu com os estados?
a) Passaram a recolher menos impostos conforme já explicado acima.
b) O custo da dívida praticamente duplicou depois da elevação de juros efetuada por Joaquim Levi pois os juros, a Selic, saiu de 7% para 14%. Referimos-nos aos títulos de renda fixa pós fixados e os atrelados à Selic.
E, finalmente, chegamos no Estado Brasileiro que sofreu as mesmas consequências que os Estados da Federação, passando a arrecadar menos e a pagar mais juros PELA DÍVIDA INTERNA.
Outra consequência: a elevação de juros derrubou a Bovespa mais ainda!
Nenhum Banco Central do planeta, nem o chinês, eleva os juros quando a bolsa cai. Assim, fica claro que a política de juros anti-Brasil, além de gerar os estragos que estão aí expostos, derrubou os ativos do país através da Bovespa oferecendo, então, ao estrangeiro e ao caixa 2 brasileiro, que investe no país, o seguinte cenário:
a) Cambio a R$4,30.
b) Bolsa, no fundo do poço.
Como se vê, a política anti-Brasil do Banco Central gerou uma dupla alavanca, e quem ganhou e muito foi o investidor que realiza lucros em moeda estrangeira e recebeu muitos reais pela sua moeda e ainda pode comprar na Bovespa derrubada duas vezes, uma pela instabilidade politica gerada pelo candidato derrotado Aécio Neves e outra pela desvalorização do real e pela elevação de juros praticada pelo Banco Central Brasileiro.
O país perdeu duas vezes e o investidor estrangeiro ganhou duas vezes. Somente com esse cenário de recessão criado foi possível avançar com o Golpe. Pode se entender claramente que o desastre econômico tem causas apenas INTERNAS, pois, as contas externas vão muito bem obrigado com 370 bilhões de dólares acumulados nas gestões Lula e Dilma.
O mercado parou de girar, os impostos pararam de entrar, ou seja, essa política QUEBROU O PAÍS internamente, pois, como já dissemos o país não tem problemas na gestão da divida externa.
Com o caos na economia avançando, avançou o golpe. Sem a política de juros contrária ao país o golpe nunca teria sido possível. Não foi a toa que não deixaram Lula ser ministro de Dilma e que querem inviabilizá-lo para as eleições de 2018. Ele sempre disse que os problemas do Brasil estavam na economia e tudo isso que pesquisamos seria facilmente entendido por ele.
E o golpe continua colocando o país na direção da falência econômica. Ao invés de aumentar a receita, corrigindo o equívoco na política de juros para manter o mercado interno girando, barateando os empréstimos para que se possa repor os produtos importados encarecidos pelos nacionais, não fazem nada.
Vemos com isso que o Banco Central do Brasil estava do lado dos golpistas e que Joaquim Levy como criticavam, inclusive, as lideranças sindicais na época e alguns empresários produtivos era uma raposa em pele de carneiro colocada no Ministério da Fazenda para acertar a vida dos banqueiros que não tinham ficado contentes com os cortes de juros que a Presidenta Dilma tinha feito no final de seu primeiro mandato.
Por que Alexandre Tombini em sua gestão do Banco Central durante a gestão de Levy na Fazenda não aplicou uma política de corte de juros necessária naquele momento para colocar economicamente o Brasil nos trilhos?
Que acordo eles fizeram com instâncias internacionais que apoiavam o golpe? Qual o acordo que fizeram com o PSDB e o PMDB? Joaquim Levy um mês depois de sair do Ministério da Fazenda foi nomeado diretor financeiro do Banco Mundial (BIRD), em Washington. Alexandre Tombini foi nomeado diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso depois de terem influenciado consideravelmente para que os detentores da dívida pública interna, os investidores externos e os brasileiros com dinheiro no exterior tivessem lucros incríveis com a política desastrada do Banco Central.
Sem o que expusemos acima não SERIA POSSÍVEL privatizar o que está sendo privatizado. O país foi posto à venda. Destruiu-se o período virtuoso de 2002 a 2014. Jogou-se contra o país, para vendê-lo aos estrangeiros e seus sócios golpistas brasileiros.
Isso não merece uma CPI? Tem que ter uma investigação séria sobre tudo isso que estamos denunciando. Quem indicou Joaquim Levy para Dilma sob a alegação de que ele acalmaria o mercado?
O golpe não foi de direita, o golpe foi dado por bandidos golpistas brasileiros que se especializaram no mercado financeiro internacional desde 1964 e não se importam de vender o país baratinho para alçar seus lucros e saírem imunes de investigações nacionais e internacionais que eles sabem pode mandá-los para a cadeia a qualquer momento dentro e fora do Brasil.
O Golpe foi dado para fazer o dinheiro de corrupção e tráficos de todo tipo ser confundido com dinheiro lícito e poder repatriar com lucros toda essa grana para o Brasil safando-se de toda sorte de investigações que faz Pablo Escobar parecer fichinha diante dessa gente.
O Golpe foi dado por gente sem amor ao país, sem qualquer compromisso com o Brasil, que quer apenas auferir seus ganhos lícitos ou ilícitos sem o menor pudor pelo que está fazendo com todo o povo brasileiro.
Por uma CPI do Banco Central, com investigação acurada sobre as decisões tomadas por seus gestores!!! Por uma Auditoria no papel do Banco Central na Dívida Interna Brasileira!!! E que todos que lerem isso possam participar dessa jornada consciente em prol do Brasil!!!
*Ligia Arneiro Teixeira Deslandes Foi eleita em 2012 a primeira mulher presidenta do SITRAMICO-RJ. Exerceu o cargo por quatro anos e foi reeleita em 2015, onde atualmente exerce seu mandato.
Republicou isso em Gustavo Hortae comentado:
“A FESTA CONTINUA…”
> https://gustavohorta.wordpress.com/2016/10/08/a-festa-continua/
“…Subitamente, um filhinho de papai idiota e oportunista, com a cara cheia de tanta droga, cheirada, bebida, fumada e esfregada nas gengivas, lavrou suas palavras de ameaças na poeira que ele costumava compartilhar com outros carinhas dali. E outros o seguiram imediatamente. Alguns o seguiam em seus helicópteros, outros de trens metropolitanos, outros vendendo até coisas que nem eram suas, mas que queriam entrar e participar da farra. A farra do boi, a farra para os que ali tentavam comandar a festa. …”
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