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Direita domina redes sociais e deixa esquerda para trás na batalha digital

“Boa parte da esquerda ainda pensa com a cabeça do mundo da comunicação de massas, mas vivemos o cenário da comunicação distribuída. Não existe bala mágica. É preciso pensar diversas estratégias para diversos segmentos da sociedade” (Frase de Sérgio Amadeo, extraída de matéria da Folha que reproduzo a seguir:

Para especialistas, pioneirismo, discurso polarizado e monetização explicam disparidade

Com um celular na mão e uma notícia (por vezes falsa) na cabeça, a direita dominou o universo digital nas últimas eleições e tem tudo para repetir a dose nas próximas.

Há diversas razões para explicar esse fenômeno. Entre elas estão o pioneirismo da direita nesse ambiente, a arquitetura das redes sociais, o acesso a financiamento, o tipo de conteúdo disseminado e o incentivo à monetização.

Segundo especialistas, se a esquerda –não só no Brasil— quiser virar esse jogo, precisará fugir das armadilhas lançadas pela direita e mudar sua forma de se relacionar com a tecnologia.

“A esquerda brasileira sempre teve dificuldades para lidar e compreender a comunicação. Isso continuou no cenário digital”, diz o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Como reflexo disso, existem, de acordo com o sociólogo, menos canais de esquerda na internet (veículos, youtubers, podcasters etc), com alcance menor que os de vários grupos da extrema direita.

“Boa parte da esquerda ainda pensa com a cabeça do mundo da comunicação de massas, mas vivemos o cenário da comunicação distribuída. Não existe bala mágica. É preciso pensar diversas estratégias para diversos segmentos da sociedade”, afirma Silveira

E, embora o custo tenha caído para a disseminação de conteúdos pela internet, dinheiro ainda faz diferença, seja para criar estruturas profissionais de disparos em massa no WhatsApp, seja para impulsionar postagens e vídeos nas diversas plataformas.

A direita gasta muito para dominar as redes sociais e cultuar seus valores, espalhar sua visão de mundo, afirma Silveira. “A esquerda rebaixou sua pauta e se limita a divulgar sua pauta política. Não há um grande empenho na disputa ideológica.”

Não se trata só de um gasto centralizado. Para a cientista política Camila Rocha, um dos aspectos que complicam a equação é a capacidade da direita de monetizar suas próprias atividades.

“A direita ganhou produtores de conteúdos que se portam como ativistas, mas eles estão nessa para ganhar dinheiro”, diz Rocha, que é pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e colunista da Folha.

Ou seja, além dos robôs e das centrais de difusão de fake news, o ecossistema da direita ainda conta com influencers que se passam por agentes espontâneos e ideológicos, mas que na verdade descobriram uma forma de explorar economicamente a inclinação política de parte da população.

Esse tipo de iniciativa tem muito mais dificuldade de prosperar na esquerda, tanto por uma questão de perfil social –falta de afinidade com o capitalismo, com o empreendedorismo— quanto por aspectos técnicos ou culturais, por assim dizer.

Comentário do Blogueiro: Lendo o artigo da Folha, parece que a única opção de financiamento é a monetização via instrumentos do Google ou das Redes Sociais.

Eu sempre defendi que esta não deveria ser a principal alternativa da Esquerda, em especial de quem defende a Luta dos Trabalhadores e Explorados. Desde guri, sempre aprendi que a Classe deve sustentar seus próprios meios de comunicação.

O fato da “uberização” advinda da Revolução tecnológica, ter produzido trabalhadores individuais que ainda não se reconhecem como Classe, não significa que tenhamos que nos render e dar por finda a Luta de Classes.

Apesar da dificuldade, este humilde blog nunca se entregou aos encantos do “empreendedorismo” e da “monetização pelo Google”.

Assim também o Brasil de Fato tem resistido a pressão para se monetizar .

E também o ICL Comunicação de Eduardo Moreira segue a mesma toada.

Por que não se é independente se depender da Monetização do Google e das Redes, como acontece com muitos sites ditos “de esquerda”. Pra ganhar alguns centavos de dólar é preciso produzir muita manchete bombástica, com conteúdo que muitas vezes desfoca da centralidade da Luta de Classes e por isto mesmo acaba fortalecendo a divisão entre a Classe ao invés de ser uma Comunicação com papel de conscientizá-la para a Unidade.

Esta matéria da Folha vem de um Veículo do lado de lá. Como “santo de casa não faz milagre”, resolvi publica-lo aqui, pra ver se a turma vai acordando.

Seguimos na boa luta.

Pra quem chegou até aqui, sugiro também um Artigo do Lula sobre o Tema:


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Um pensamento sobre “Direita domina redes sociais e deixa esquerda para trás na batalha digital

  1. Acho que o problema da esquerda progressista se resume ao meu problema: nós não temos os recursos monetários suficientes para ter uma mídia necessária a combater a extrema direita.

    Por exemplo, eu com meu parco salário de aposentado do INSS (e vc verá que a maioria dos eleitores de esquerda são esta condição), não tenho condição sequer de ajudar os diversos sites de notícias progressistas. É o seu caso, Carta Capital, Intercept, ICL, Meio, enfim, dezenas de meios de comunicação que precisam de investimento para sobreviver.

    E tem mais uma adendo: conseguir entrar nos meios de comunicação da direita, onde também é necessário monetizar para poder participar e argumentar. Quando consegue entrar em algum de forma gratuita, ao primeiro comentário e argumento que vai de encontro ao que pensam, você simplesmente é bloqueado.

    Se você não consegue participar ninguém vai te ouvir.

    É uma luta inglória pois até os sites de grupos sociais te limitam.

    Otto ________________________________

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