soberania nacional/Tecnologia

Nuvem Soberana: Um marco para a Soberania Digital do Brasil

Parceria entre SERPRO, DATAPREV e MGI constrói a “NUVEM SOBERANA”

No mundo cada vez mais digital, onde dados são o novo petróleo, o Brasil está construindo uma infraestrutura própria para proteger e gerenciar informações sensíveis do governo e dos cidadãos.

No dia em que escrevo este artigo, um Erro na Infraestrutura de Dados da AMAZON provocou problemas graves em centenas de aplicativos hospedados nela, prejudicando não só empresas e consumidores, mas até mesmo Setores Governamentais como por Exemplo na Inglaterra.

Chamada de Nuvem de Governo ou Nuvem Soberana, essa iniciativa é liderada pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) e pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (DATAPREV), em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Lançada oficialmente em 2025, ela representa um marco na soberania digital do país, garantindo que dados críticos permaneçam sob controle nacional.

Com investimentos superiores a R$ 1 bilhão, o projeto visa modernizar o Estado, aumentar a segurança e reduzir a dependência de empresas estrangeiras de tecnologia.

O SERPRO e a DATAPREV são empresas estatais especializadas em tecnologia da informação para o setor público.

O SERPRO, criado em 1964, é responsável por sistemas como a declaração do Imposto de Renda, a CNH Digital e a plataforma Gov.br, que já atende mais de 170 milhões de usuários.

Já a DATAPREV, fundada em 1974, gerencia dados da Previdência Social, benefícios como o INSS e sistemas de pagamento social.

Ambas foram retiradas do Plano Nacional de Desestatização em 2023, reconhecendo sua importância estratégica para a proteção de dados públicos.

Desde junho de 2025, mais de 250 órgãos do Executivo Federal podem acessar serviços de nuvem oferecidos por elas, incluindo armazenamento e processamento de dados.

O modelo é híbrido: equipamentos de grandes provedores globais, como AWS, Azure, Oracle e Google, são instalados nos data centers nacionais do SERPRO e DATAPREV, garantindo que tudo fique em território brasileiro e sob gestão estatal.

Em 2024, as duas empresas investiram R$ 324 milhões em modernização, registrando lucros recordes: R$ 685 milhões para o SERPRO e R$ 508 milhões para a DATAPREV.

Recentemente, o SERPRO ampliou sua infraestrutura com novas aquisições de equipamentos, reforçando capacidades para inteligência artificial e processamento de dados sensíveis em ambientes isolados.

Diferente das nuvens públicas tradicionais, como as oferecidas por empresas americanas ou chinesas, onde dados podem ser armazenados em servidores ao redor do mundo, a Nuvem de Governo é uma “nuvem soberana”. Ela opera em dois níveis de soberania:

Soberania dos Dados: Todo o armazenamento e processamento ocorrem em data centers brasileiros, sujeitos à legislação nacional, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Isso evita que informações sensíveis, como dados fiscais, bancários ou de saúde, sejam acessadas por governos estrangeiros ou empresas privadas sem controle.

Soberania Operacional: A gestão é 100% estatal, feita pelo SERPRO e DATAPREV, que adquirem tecnologias avançadas mas as instalam em ambientes controlados e isolados (como o GDC Air-Gapped para dados críticos).

Essa estrutura permite integração entre bancos de dados públicos, facilitando o compartilhamento de informações para políticas públicas mais eficientes, como combate a fraudes e melhoria de serviços sociais.

Além disso, promove transparência e oferece serviços digitais confiáveis à população.

Soberania digital refere-se à capacidade de um país controlar seus dados, tecnologias e infraestrutura digital, sem depender excessivamente de potências estrangeiras. No contexto global, onde ciberameaças e disputas geopolíticas envolvem dados, o Brasil busca independência para proteger sua autonomia.

A Nuvem de Governo é um pilar dessa estratégia. Ela fortalece a proteção contra ataques cibernéticos, assegura conformidade legal e permite que o Estado formule políticas baseadas em evidências seguras.

Como destacou a ministra Esther Dweck, do MGI, essa iniciativa é fundamental para a Infraestrutura Nacional de Dados (IND), descrita pelo presidente Lula como a “base de dados do Brasil”, ampliando o uso estratégico de informações para direitos sociais e eficiência governamental.

Em um cenário onde grandes techs globais dominam o mercado, o projeto lança o Brasil na corrida pela soberania de dados, integrando-se a outras ações como o Plano IA para o Bem de Todos (PBIA), que foca no uso ético de inteligência artificial.

Benefícios incluem maior eficiência administrativa, redução de custos a longo prazo e fomento à inovação nacional, com impactos em áreas como saúde, educação e segurança pública.

Apesar dos avanços, desafios persistem, como a necessidade de capacitação de pessoal e expansão contínua da infraestrutura. No entanto, com o compromisso do governo Lula em priorizar a transformação digital, a Nuvem de Governo posiciona o Brasil como líder em soberania tecnológica na América Latina.

Futuramente, espera-se a inclusão de mais serviços, como IA avançada, e possível extensão para estados e municípios, consolidando um ecossistema digital soberano e inclusivo.


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