A batalha para reduzir a jornada de trabalho no Brasil é a história da tentativa de converter o progresso técnico em tempo de vida para o trabalhador. Hoje o país vive um descompasso: a revolução tecnológica disparou a produtividade, mas o relógio do trabalhador parou em 1988.
A Constituinte de 1988 foi o marco inicial, onde a pressão dos movimentos sindicais e de lideranças progressistas conseguiu reduzir a jornada de 48 para 44 horas. Ali, já se plantava a semente de que 44 horas seriam apenas um degrau.
O grande guardião dessa bandeira no Legislativo foi o Senador Paulo Paim. Desde 2015, com a Proposta de Emenda à Constituição PEC 148/2015, Paim tem sido a voz técnica e política que demonstra, com dados da OIT, que o Brasil trabalha muito e produz mal devido à exaustão. Com a Campanha #FimdaEscala6X1 levada pela Deputada Erika Hilton e o Movimento VAT, a pauta voltou com tudo nas Redes Sociais.
No seu terceiro mandato, o presidente Lula assume a pauta como estratégica. O governo entende que, na era da Inteligência Artificial e da automação, a redução da jornada é a única forma de garantir o pleno emprego e a distribuição da renda gerada pelas máquinas.
Enquanto a Produtividade cresce no Brasil e no Mundo, por aqui os salários reais enfrentaram estagnação. Esse “excedente” de riqueza ficou retido no lucro das empresas e bancos. A redução da jornada de trabalho é uma correção de rumo.
Especificamente sobre os EUA, a “meca” do Capitalismo, um dado bem interessante do Bureau of Labor Statistics (BLS): Nos EUA, Um trabalhador produz, em média, o equivalente a US$ 94,80 por hora, enquanto o brasileiro produz cerca de US$ 21,44.
Mas Isso não ocorre porque o americano trabalha mais (ele trabalha menos horas!).
| País | Jornada Real Média | Produtividade (USD/hora)* | Salário Médio (USD) | Salário Médio (BRL) |
| 🇺🇸 EUA | 34,3h | US$ 94,80 | US$ 4.230 | R$ 23.434 |
| 🇨🇦 Canadá | 32,1h | US$ 56,20 | US$ 3.740 | R$ 20.720 |
| 🇧🇷 Brasil | 39,0h | US$ 21,40 | US$ 595 | R$ 3.294 |
Fontes: The Conference Board (Total Economy Database), FGV IBRE (Observatório da Produtividade) e OCDE (OECD.Stat)
Os EUA provam que o caminho para a riqueza não é “trabalhar mais horas”, mas investir em tecnologia para produzir mais em menos tempo. A redução da jornada no Brasil, defendida por Lula e Paim, busca justamente forçar essa modernização tecnológica.
Se um trabalhador hoje produz mais em menos tempo graças à tecnologia, ele deve trabalhar menos horas, mantendo o seu sustento.
Ao reduzir a jornada, criam-se novas vagas para suprir a demanda, distribuindo a massa salarial de forma mais equilibrada na sociedade.
Reduzir a jornada não é um “favor” das empresas, mas uma necessidade de um país que busca a modernidade.
| Mito | Verdade |
| “Vai quebrar as empresas.” | Países desenvolvidos trabalham menos e são mais produtivos. O cansaço gera erro e desperdício. |
| “O Brasil produz pouco.” | A produtividade aumentou com a IA e máquinas, mas o lucro ficou concentrado no topo. |
| “Vai aumentar o desemprego.” | Pelo contrário: para manter a produção com menos horas por pessoa, as empresas precisam contratar mais. |
Comparativo de Jornada de Trabalho Semanal
| Região / País | Jornada Média Efetiva (OIT/OCDE) | Limite Legal Semanal |
| Canadá | 32,1h | 40h |
| EUA | 34,3 | 40h |
| Países Baixos | 31,6h | 40h |
| Alemanha | 34,2h | 40h |
| França | 35,9h | 35h |
| 🇬🇧 Reino Unido | 35,9h | 48h |
| Itália | 36,3h | 40h |
| Grécia | 39,8h | 40h |
| Polônia | 38,9h | 40h |
| Para Comparação | ||
| Brasil | 39,0h | 44 |
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