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RBS entra na campanha eleitoral. Panfleto de Paulo Santana dá o tom

paulosantana

Originalmente publicado no RS URGENTE

O que já era esperado está se confirmando. Com dois de seus principais formadores de opinião concorrendo ao governo do Estado e ao Senado, o grupo midiático direciona suas baterias contra os adversários de seus colunistas candidatos. A tática usada para intervir na campanha também é conhecida. Aparenta uma suposta isenção nos espaços de reportagem e afunda o pé nos seus inúmeros espaços de opinião em jornais, rádios, televisões, sites e redes sociais. Na edição deste domingo do jornal Zero Hora, o colunista Paulo Santana mostra que o nível dessa intervenção será baixíssimo, ofensivo e irresponsável. Irresponsável no sentido literal da palavra, pois faz graves acusações sem apresentar uma única prova e sem dar o direito de voz e de resposta a quem está sendo acusada.

Não se trata de uma coluna propriamente, mas sim de um panfleto que acusa o governo do Estado de “mentir, iludir e falsificar dados para ludibriar a opinião pública”. Além disso, levanta a suspeita de que um “dinheiro bilionário” teria sido “desviado para a construção de estádios para a realização da Copa do Mundo. Acusações gravíssimas, certamente, para as quais o funcionário da RBS que conta com vários canhões midiáticos para divulgar suas posições não apresenta uma prova sequer. Paulo Santana acusa o governo do Estado de “mentir, iludir e falsificar dados” com base apenas em dois comunicados divulgados “numa emissora de rádio” e “na imprensa” por duas entidades: o Simers e o Cremers, cujas posições e intervenções políticas são bem conhecidas e muito questionadas por outras entidades e entes governamentais que trabalham com saúde pública.

Essas entidades e o colunista em questão, obviamente, tem todo o direito de ter e emitir suas opiniões políticas, mas, cabe a elas e a ele, apresentar provas quando acusam alguém de mentir, iludir, falsificar dados e desviar quantias bilionárias de dinheiro. No caso em questão, não são as entidades que fazem essas acusações, mas sim o colunista que usa sua visibilidade e exposição midiática como um escudo protetor de impunidade. E, ao final de seu panfleto, com a sutiliza de um hipopótamo ingressando num batizado, ele dispara: “os eleitores precisam ver quem os está enganando. E votar contra os que os enganam”. Poderia ter dado seguimento à sua total ausência de sutileza e apontado os nomes dos candidatos apoiados pela empresa em que trabalha.

O estilo panfletário de Santana e da RBS vale-se de algumas verdades e de muitas omissões para, usando as palavras do colunista, “ludibriar a opinião pública”. É verdade que há problemas na saúde pública em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil. Problemas históricos que tem a ver com o desmantelamento do Estado brasileiro operado durante décadas pela ideologia fundamentalista do Estado Mínimo que a RBS sempre defendeu e segue defendendo. A empresa e seus funcionários escalados para dar opiniões não assumem a responsabilidade pelas posições políticas que defendem. A empresa e os seus candidatos para o governo do Estado e o Senado apoiaram editorialmente, por exemplo, o fim da CPMF (que tirou cerca de R$ 40 bilhões da Saúde), a posição contra o desarmamento no plebiscito nacional, a posição contra o programa Mais Médicos (aliando-se ao corporativismo de algumas entidades médicas), contra a mudança do modelo de pedágios, apenas para citar alguns exemplos.

Se é verdade que seguem existindo problemas na Saúde, também é verdade (e isso é completamente omitido no panfleto em questão) que, pela primeira vez, o Estado do Rio Grande do Sul está cumprindo o que determina a Constituição e investindo 12% da receita na Saúde. Ao todo, entre 2011 e 2014, serão R$ 9,53 bilhões investidos na construção e ampliação de casas de saúde, na atenção básica e em equipamentos. Os avanços na área da saúde pública no Estado foram reconhecidas pela própria candidata Ana Amélia Lemos em um debate de rádio realizado esta semana. É certo que ainda existem muitos problemas e o setor precisa de pesados investimentos. Mas esses pesados investimentos não virão das mãos dos defensores do Estado mínimo, das demissões e arrocho salarial de servidores, da criminalização da política e de tudo que venha do setor público. O panfleto de Paulo Santana é um capítulo emblemático do engajamento ideológico e da irresponsabilidade política desse grupo midiático que se autodesignou porta-voz dos interesses da população do Rio Grande do Sul e omite sistematicamente os reais interesses econômicos com os quais opera. Isso sim é ludibriar a opinião pública.


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3 pensamentos sobre “RBS entra na campanha eleitoral. Panfleto de Paulo Santana dá o tom

  1. Prezado Muller. Concordo com tua análise sobre o referido panfleto eleitoreiro. O autor do mesmo não entrou em contato com nenhum órgão do governo: SES, SECOM, para obter informações. Considerou ser suficiente o veiculado pelas vinhetas das entidades médicas, conhecidas opositoras das políticas públicas dos governos do PT para a área da saúde pública. Em especial pós Mais Médicos. Tratou como verdade e acrescentou sua opinião e juízo de valor: difamou o governo do estado, pos em dúvida o destino dos recursos financeiros e incitou a população a votar contra o atual governo!. Temos construido soluçoes para o SUS no RS: os 12% permitiram o co-financiamento dos serviços de saúde. Somos o estado que mais investe em atenção básica de saúde do país. Na atenção básica estão os profisssionais do MAis Médicos compondo as equipes de saúde da familia. Somos o estado que tem maior proporção de leitos por habitantes: 2,82 leitos por 1000 habitantes. Com nossa política de saúde ampliamos 1021 leitos em todo o estado em 3 anos, resultado do projeto estratégico de governo Mais Leitos. O colunista calunia e envolve irresponsavelmente entidades idoneas e reconhecidas no campo da medicina como a Fundação de Cardiologia, parceira na ampliação de mais 1000 leitos no Vale do Gravataí e Porto Alegre. Abçs. Sandra Fagundes.

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    • A Secretaria dizendo o que existe de fato para contrapor as mentiras de Paulo Santana, que nunca foi expert em coisa nenhuma, a não ser torcer para o grêmio. Paulo Santana deveria, como gremista, focar mais na roubalheira histórica que seu histórico grêmio passou nos últimos 4 anos. O Grêmio foi abduzido pela “capacidade gestão” dos que apoiam Ana Amélia e Lasier Martins.O Grêmio deixou de ser o dono do Olímpico e nunca foi dono da Arena Grêmio. O Grêmio agora paga para jogar na Arena. 18 milhões por ano. E aí Santana, por que não fala sobre isto na tua coluna?

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  2. Na primeira greve realizada pela Policia Civil deste Estado, o citado cidadão foi o único policial que ofereceu-se ao Governo da época para ser Delegado de Plantão na feitura de flagrantes, tentando desta forma, enfraquecer um movimento de honra que recém estava nascendo e que acabou fortalecido apesar da atuação deste. É justamente por haverem pessoas desta estirpe nos quadros funcionais estaduais, chamados “Pelegos”, (sempre interesseiros), que os movimentos em prol de melhorias salariais e condições de trabalho dignas não florescem. Vamos agradecer aos céus que ele neste momento esteja tão somente escrevendo asneiras em um “jornaléco” que nunca foi de primeira linha e que também nunca primou pela verdade e imparcialidade, tratando primeiramente de seus interesses empresariais. Espero que aí permaneça e mantenha esta tendência ao desaparecimento para o bem comum da população.

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