Do Sul 21
Em plenária realizada na manhã desta sexta-feira (16) na sede da Fetrafi, os representantes no Estado das principais centrais de trabalhadores do País convocaram uma grande paralisação geral para a próxima quinta-feira (22) contra as reformas da previdência e trabalhista em discussão pelo governo Temer. A intenção é que o ato seja uma preparação para uma greve geral a ser convocada posteriormente caso as reformas avancem no Congresso.
“O dia 22 é um símbolo da unidade da classe trabalhadora para mandar uma mensagem para o capital, paro o governo e para os empresários de que nós não aceitaremos pacificamente que mexam na previdência, mexam na CLT e mexam no orçamento que inclui os pobres”, diz Claudir Nespolo, presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT). “Nós vamos para as ruas no dia 22 para esclarecer a população e preparar uma grande greve geral, se assim for necessário, para barrar esses retrocessos”, ponderou.

Paulo Roberto Barck, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), diz que o objetivo é “parar o país em nome de um movimento contra a reforma trabalhista e previdenciária”. “Não queremos aceitar de jeito maneira esse pacote de malvadezas do governo Temer”, afirmou.
A expectativa é que os sindicatos realizem diversas manifestações espalhadas pela cidade no dia 22 para chamar a atenção para a pauta de retiradas de direitos trabalhistas. Os atos devem começar no início da manhã e ser realizados diante de pontos estratégicos para a logística da cidade, como terminais de empresas de ônibus.
Para Oniro da Silva Camilo, presidente da Nova Central Sindical (NCST), os trabalhadores precisam tomar consciência da gravidade do que está em discussão em Brasília. “Não é mais uma luta de entidades sindicais, de partidos políticos, mas sim uma luta entre capital e trabalho. Quem tem dinheiro está de um lado e nós, que somos a força que move o país, os trabalhadores, estamos de outro lado”, afirmou.
Entre os principais pontos levantados pelos sindicalistas como propostas que vão contra os trabalhadores estão a terceirização da atividade fim, o aumento da jornada diária de trabalho para 12 horas, a prevalência do negociado sobre o legislado, mudanças na legislação sobre o trabalho em condições análogas à escravidão, o enfraquecimento da Justiça do Trabalho e o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, previsto na PEC 241. “Nós não temos dúvida que a PEC 241 exclui os pobres do orçamento federal”, disse Claudir.

Para Guiomar Vidor, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a agenda do governo Temer tem o objetivo de “pagar a fatura” do impeachment.
“Especialmente os setores empresariais que apoiaram o golpe e hoje estão cobrando a fatura fazem pressão para que sejam feitas urgentemente reformas na área da previdência e dentro da questão da flexibilização da CLT. Nós entendemos que eles querem privatizar a CLT”, afirma.
Para ele, uma das principais ameaças aos trabalhadores é a aprovação da prevalência do que for negociado entre empresários e trabalhadores em convenção coletiva sobre que está previsto na CLT.
“Principalmente em um período de crise, como o atual, o trabalhador se torna mais sensível a qualquer tipo de negociação para garantir o seu emprego. Ele simplesmente vai se submeter àquilo que o patrão determinar para poder manter o seu emprego. Vai aceitar fazer horas extras e não receber, vai aceitar inclusive reduzir o seu salário se for necessário para garantir o seu emprego”, disse.
O senador Paulo Paim (PT) esteve presente no evento e afirmou que a mobilização dos trabalhadores é essencial para barrar a pauta e pressionar o Congresso nacional, que, segundo ele, compôs uma unidade jamais vista em torno dessas pautas.
“É só a população perceber o que eles querem fazer contra o seu interesse. Se eu aumentar a carga horária, eu reduzo emprego, não tem essa de dizer que 12 horas é bom. Bom era turno de 6 horas para todo mundo e tu dobrava o número de empregos. Quando essa avalanche, essa caminhada for aumentando cada vez mais nas ruas, com certeza eles recuam ou serão expulsos da vida pública pelo voto popular”, disse.
