Brasil 247 – Em entrevista ao jornalista Guilherme Genestreti, da Folha de S. Paulo, o cineasta José Padilha, diretor de Tropa de Elite e Tropa de Elite 2 — que tratam sobre a atuação de milicianos no Rio de Janeiro e a sua influência na política – disse que os Bolsonaristas talvez tenham eleito o chefe da milícia.

“Os eleitores de Bolsonaro que acharam que estavam votando no capitão Nascimento talvez tenham votado no Rocha, o chefe da milícia”, declarou o cineasta, que também afirma que considera Jair Bolsonaro um político “unfit for office”,’ isto é, inapto para o cargo.

Ele se refere ao capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura em ambos os filmes. Nascimento era o agente do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que enfrentou as milícias. Já o major Rocha, interpretado por Sandro Rocha, era o policial corrupto que passava a controlar o tráfico na comunidade.

As informações que apontam uma relação do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do presidente, que havia comissionado em seu gabinete a mãe e a mulher de um ex-capitão da PM suspeito de chefiar milícias, e a homenagem que fez a dois ex-PMs envolvidos na milícias, segundo investigação do Ministério Público, levaram a comparações com a história contada nos filmes de Padilha.

Para ele, é “muito estranho” o cargo em comissão indicado pelo filho do presidente a parentes do policial Adriano Nóbrega.

“[Ele é] considerado por muitos policiais que conheço no Bope como um policial matador e supostamente envolvido na morte de bicheiros, presidentes de escolas de samba e milicianos inimigos”, diz Padilha.