
“Na cidades do interior, sempre me chamaram de “bugra”. Recentemente, no movimento de luta dos estudantes indígenas pela Casa do Estudante Indígena da UFRGS, o estudante Woya me contou que a palavra ‘bugra’ é originária dos ‘bugreiros’, que eram caçadores de mulheres indígenas, portanto violadores dos nossos corpos. Hoje, não me proclamo mais bugra e corrijo quem me chama assim. Digo, com tranquilidade, que sou descendente de Guarani com muito orgulho!” (Helenir Shürer, Presidenta do CPERS SINDICATO e candidata a Deputada Estadual pelo PT)
CANDIDATURAS INDÍGENAS: Professora Helenir é a única mulher indígena de esquerda candidata a deputada estadual no RS
Por Luz Dorneles
Professora Helenir (PT), presidenta licenciada do CPERS e descendente de Guarani, é a única mulher indígena de esquerda que concorre a uma vaga na Assembleia Legislativa nas eleições de 2022 no Rio Grande do Sul. Diante da crescente violência aos povos originários autorizada pelo atual presidente da república, a presença de indígenas e quilombolas comprometidos com a luta por justiça socioambiental torna-se imprescindível nos espaços de decisão.
“Na cidades do interior, sempre me chamaram de “bugra”. Recentemente, no movimento de luta dos estudantes indígenas pela Casa do Estudante Indígena da UFRGS, o estudante Woya me contou que a palavra ‘bugra’ é originária dos ‘bugreiros’, que eram caçadores de mulheres indígenas, portanto violadores dos nossos corpos. Hoje, não me proclamo mais bugra e corrijo quem me chama assim. Digo, com tranqulidade, que sou descendente de Guarani com muito orgulho!”, relata Professora Helenir Schürer, candidata a deputada estadual pelo PT com o número 13303.
De acordo com o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, dados de 2021”, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), foram registrados 27 conflitos relativos a direitos territoriais no Rio Grande do Sul. Entre os povos atingidos no Estado estão os Kaingang, Guarani Mbya e Xokleng. As violências incluem intimidações, ameaças, projetos de agronegócio com envenenamento do solo dentro das Terras Indígenas, loteamento da Terra Indígena, pressão política e ações judiciais pela desocupação de seus territórios.
Não há, hoje, na Assembleia Legislativa, sequer um representante dos povos originários. “Minha luta principal é por educação pública de qualidade, pela valorização dos nossos educadores e educadoras. Mas é impossível conhecer a história do nosso Estado e do nosso país e não se posicionar. Se eleita, meu mandato estará de portas abertas aos meus parentes indígenas, para que possamos lutar juntos pela construção de políticas públicas que protejam as famílias e seus territórios”, afirma Professora Helenir.
CANDIDATURAS INDÍGENAS NO BRASIL MAIS DO QUE DOBRAM DESDE 2014
Em todo Brasil, 181 pessoas autodeclaradas indígenas concorrem a uma vaga nos legislativos e executivo de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – um aumento de 113% desde 2014, quando o TSE passou a registrar dados como cor e raça dos candidatos.
Em 2014, 85 candidatos autodeclararam-se indígenas no Brasil, o que corresponde a 0,32% do total. Em 2018, foram 133, o equivalente a 0,46% do total. E este ano, em 2022, os indígenas somaram 181 candidaturas, cerca de 0,63% do total.
No Rio Grande do Sul, somente duas candidaturas indígenas foram homologadas em 2014, três em 2018 e sete em 2022. É importante perceber que nem todas as candidaturas autodeclaradas indígenas são comprometidas com a defesa dos direitos humanos, meio ambiente ou titulação das terras indígenas, é o caso daqueles que integram partidos da base do atual presidente, como o Partido Liberal (PL) e o Partido Progressista (PP), que sempre votaram contra os trabalhadores, trabalhadoras e povos sistematicamente oprimidos.
QUEM DEFENDE OS POVOS ORIGINÁRIOS QUER LULA PRESIDENTE
Lula é o candidato dos povos indígenas. O candidato à presidência declarou, no Acampamento Terra Livre 2022, que irá criar um Ministério dos Povos Originários para que os povos indígenas organizem politicamente a proteção das florestas, famílias, sementes e tudo que engloba a diversidade cultural indígena em nosso país. Aclamado por diversas lideranças indígenas, Lula também afirma que é importante prestar atenção no que defende o deputado em que você vai votar. É preciso votar em quem ajudará Lula a governar o Brasil e defender os direitos do povo. Vote nos candidatos da Federação da Esperança, cujos partidos são PT (13), PCdoB (65), PV (43)