Por Alexandre Cruz – jornalista político
Nesta sexta-feira, às 18h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa em Porto Alegre, ocorrerá um evento que transcende o simples marco histórico. Trata-se de uma palestra em homenagem aos 70 anos da morte e da carta testamento de Getúlio Vargas, uma figura cuja trajetória se entrelaça com a própria fundação do Estado Nacional brasileiro. Sob a luz de suas ações e palavras, construímos um Brasil que ainda ressoa nas conquistas sociais e na luta pela soberania nacional.
Os professores Juremir Machado e Nilton Araújo de Souza, junto ao mediador professor Cassio Moreira, conduzirão uma reflexão que vai além do passado, tocando o presente com um vigor que só os grandes discursos são capazes de evocar.
Getúlio Vargas, filho de um abolicionista republicano, herdeiro da luta pela justiça, despontou como um líder que sempre soube saudar os “Trabalhadores do Brasil” com o respeito e a dignidade que a classe merece. Desde cedo, Vargas se destacou por sua perspicácia em compreender as forças históricas que exploram os países periféricos, e em sua jornada, tomou para si a missão de transformá-las.
Como Ministro da Fazenda, Vargas inovou ao inaugurar audiências abertas ao diálogo com o povo, estabelecendo um canal direto com as demandas populares. Líder da Revolução de 1930, ele pôs fim à República Velha, abrindo caminho para um novo Brasil. Criou o voto secreto, garantiu o voto feminino, e concedeu anistia aos rebeldes tenentistas, dando voz a quem sempre fora silenciado. Em apenas um mês, ergueu o Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho, pilares de um Estado que começava a olhar para o futuro com uma visão social.
Fundador do Estado Social brasileiro, Vargas deu à luz à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à previdência social, marcos que até hoje são alvos de ataques daqueles que desejam precarizar o que é direito do trabalhador. Na sua luta pela soberania nacional, Vargas anulou concessões petrolíferas a empresas multinacionais, aprovou o Estatuto da Lavoura Canavieira, a primeira experiência de reforma agrária e sindicalização rural do Brasil.
Durante o turbulento contexto mundial que deu origem ao Estado Novo, Vargas iniciou a industrialização do Brasil, criando a Usina de Volta Redonda, a Hidrelétrica de Paulo Afonso e a Vale do Rio Doce, que se tornaria a maior mineradora do mundo. Também foi o visionário que fundou o Instituto Nacional de Música, convidando Villa-Lobos, o maior compositor das Américas, para liderar a educação musical da juventude brasileira. Criou a Rádio Mauá, a emissora dos trabalhadores, e lançou a Voz do Brasil e o jornal Última Hora, de Samuel Wainer.
Getúlio Vargas realizou uma auditoria na dívida externa, reduzindo-a pela metade e anulando contratos lesivos à nação. Fundou o BNDES, lançou a Eletrobrás e, com um olhar estratégico, fundou a Petrobrás, símbolos de um país que acreditava na sua própria capacidade de crescimento e inovação. Mas os conservadores, liderados por Carlos Lacerda, conspiraram, apoiados pela Rádio Globo de Roberto Marinho. Em um gesto final de coragem e sacrifício, um tiro no coração de Vargas silenciou as “aves de rapina”, mas manteve vivas as conquistas de uma era. Ele saiu da vida para entrar na história, e deixou como legado a eleição de Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Este evento, portanto, não é apenas uma palestra, mas uma convocação para relembrar e reavivar o espírito de luta que Getúlio Vargas personificou. Que suas palavras e ações continuem a nos inspirar, mantendo viva a chama da justiça social e da soberania nacional. Porque, como ele próprio disse, “é o ódio, a infâmia e a calúnia que me espezinham, mas o meu sacrifício manterá o direito dos brasileiros, e o futuro a julgará.” Que a história continue a nos iluminar nesta jornada.
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