Estarei lá. Não se trata só de protestar contra a violência no trânsito. Se trata dos cidadãos se posicionarem sobre a sociedade do automóvel em que vivemos. A cobertura midiática dada sobre o tentativa de assassinato cometida pelo atropelador de ciclistas em Porto Alegre é o claro exemplo de que a sociedade do automóvel também é fruto da visão social sobre o tema. O Jornal Nacional, de 28/02 , 3 dias depois do fato ocorrido é sintomático desta sociedade calçada em cima de valores que não levam em conta o bem viver do ser humano enquanto tal. Os entrevistados no geral, se posicionaram a favor do motorista. Argumentos vários: “mas as bicicletas travancavam o trânsito” , “mas os ciclistas bateram no carro”, “o cara exagerou, mas os ciclistas também não pdiam ter feito o que fizeram”, etc…Esta última então, é a mais repetida. Com se houvesse proibição de bicicletas circularem pelas ruas. Não há. E se houvesse, seria um tremendo equivoco, visto que a bicicleta ocupa muito menos espaço que um automóvel e é também um meio de transporte. Já no protesto do Massa Crítica de São Paulo, a Record entrevistou alguns motoristas. Um deles, o mais favorável ao protesto, disse: “eles tem que ter o direito de…bicicleta é lazer..”etc.. Aí esta o problema. As pessoas se acostumaram de tal forma a sociedade do automóvel, vendida pelo capital da mais variadas formas em anúncios sofisticados, caros e impositores de falsas necessidades que na verdade não o são, que a bicicleta é esquecida como meio de locomoção ao trabalho. Por que? Por que as pessoas estão imbuídas da idéia de que a forma de deslocamento é o carro. E mais, o carro aparenta status para quem o tem. Mas a bicicleta é meio de transporte também para o trabalho. Na europa é usual, trabalhadores e inclusive executivos irem a seu trabalho de bicicleta. Mas mesmo aqui perto, na cidade de Sapiranga, por exemplo, milhares de pessoas vão todos os dias ao trabalho de bicicleta. Mais do que protestar, que também é necessário, pois não é só o ato de um bandido que esta em questão, mas a insana idéia de que carro da poder e status, é necessário fazer com que a cultura mude. Estarei lá no protesto. E convido todos os leitores deste Blog, se possível estejam presentes. Se não der, que pelo menos a gente ajude a repensar Porto Alegre como uma cidade boa de se viver, e cujos dirigentes não pensem só em enfiar mais e mais carros no centro histórico e suas adjacências. Chega de congestionamentos. Reduzam a circulação de carros particulares na área central. Proibam os estacionamentos de carros em vías públicas e façam faixas de segurança para ciclistas e motos na faixa onde hoje estacionam os carros particulares. Ganha Porto Alegre e ganham os cidadãos. E eu sei do que falo. Não tenho carro. Não dirijo. Ando de Ônibus, lotação ou taxi quando preciso e de bicicleta quando posso. Assim, ao me preocupar comigo, acabo também melhorando a vida dos outros, por que poluo menos, provoco menos stress pra mim e quem me cerca e de quebra ainda melhoro minha condição física. ALiás, ára o meu trabalho vou todo dia a pé. E quando morava mais longe, lá em São Leopoldo, andava de trem.
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Tudo muito relativo. Apologia às bicicletas para quem se desloca somente no plano até que vai bem. Subir morro, de terno e gravata parece inviável, ainda mais se a distância for enorme como quem vai do Lami até o Humaitá, em Porto Alegre. Creio que se o transporte coletivo fosse mais eficiente poderia se pensar em diminuir os carros. Conheço gente que por força do trabalho precisa do carro para se deslocar com agilidade e eficiência profissional. Isso não implica ser contra ciclistas. As ciclovias são uma necessidade. A Massa Crítica ou qualquer outro movimento não tem o direito de impedir as pessoas de ir e vir. O protesto pode ser legítimo mas trancar a rua é inadequado. Nada justifica o ato doloso do atropelador. A crítica vai além de ser contra ou a favor dos carros, assim como os carroceiros com ou sem tração animal equina etc. etc. Saudações, Glei Soares.
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Glei
Também acho que tem gente que tem que se deslocar de carro para melhor exercer o seu trabalho e que a melhor forma para que ele não faça isto é ter um Sistema Público de Transporte eficiente. Mas eu conheço muita gente que mora em Porto Alegre, que poderia pegar ônibus para ir ao centro, no entanto vai de carro. Como estas pessoas trabalhame pelo centro, deixam o carro estacionado o dia inteiro no centro, ou na rua, atravancando o trânsito e pagando guardador pra cuidar, ou em garagem privada, pagando cara pra mantê-lo alí. Pura ilusão. Ao fim e ao cabo, esta pessoa vai gastar mais para se locomover do que eu, que quando preciso, vou de táxi, ou quando estou um pocuo mais folgado de tempo, vou de ônibus ou lotação para os lugares mais distantes de POA. Assim, além de não gastar com estacionamento, não perder tempo até encontrar um espaço, me estressar, desço na parada de ônibus ou na esquina do local e me dirijo apé até onde eu queira ir. Faz as contas. É mais vantajoso ir de ônibus, lotação ou taxi.
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Concordo com o Sr. Glei Soares. Transporte coletivo é preferencial em relação às bicicletas. Inclusive mais seguro.
As bicicletas podem circular, individualmente são veículos também. Mas, se querem mais segurança e trajetos exclusivos, devem lutar e fazer passeatas desde que lutem em ordem e respeitando o direito de ir e vir dos outros; caso contrário é mais truculencia e tentativa de imposição. Violência gera violência. Desrepeito ao direito de outrem não é civilização. Da próximas vezes, solicitem às autoridades proteção e cobertura segura. Imaginem se qualquer grupo que queira defender suas ideias e ideais resolvesse fazer passeatas em “massa” sem aviso ou cuidado para com as consequencias destas passeatas? Seria o caos. Imaginem se ao invés da pessoa que agrediu os ciclistas, estivesse no carro um pai com uma gestante impedida de chegar a maternidade? Imaginem se houvesse no carro uma pessoa necessitando de socorro médico urgente?
E as consequencias podem ser várias, até mesmo cruzarem com um sujeito agressor que não meça também as consequencias e, como aconteceu, cometa violência absurda.
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Ricardo
Eu viví o tempo da ditadura. Este era o tempo em que manifestação tinha ter licença da polícia, do DOPS e até do exército. Derrubamos a ditadura. Muitos morreram. Muitos perderam seus empregos. Muitos apanharam, mas derrubamos a ditadura. E só derrubamos, por que mesmo tendo o perígo de apanhar e até morrer, faziamos os atos públicos. É claro que estes atos só aconteciam por que não pedíamos ao estado. Os cidadãos tem que ter o direito de ir, vir e fazer manifestações. Ponto. E isto está garantido na constituição. Não precisa pedir licença. A via é pública. Mas aqui nós não estamos falando de uym ato público. Estamos falando de ciclistas com seus veiculos transitando numa rua. Tu estás tentando dizer que tem que pedir licença pra ciclista andar na rua em grupo. E eu continuo perguntando: os carros, pra saírem em “grupos”, e por isto trancarem o trânsito, como acontece alí mesmo, naquela vía, na Lima e Silva e outras, tem que pedir autorização da polícia ou da autoridade? Não. Por isto alí, a cada noite, é um congestionamento “dos infernos” e é de carros. Há mais passeatas em massa, do que aquele séquito de carros, cada qual tentando espressar o status de superioridade do motorista sobre o cidadaão comum que anda a pé na calçada?? Isto acontece todos os dias. No caso desta “bicicleata”, ela acontece uma vez por mês, com horário marcado, na ultima sexta-feira do mês, as 18:30. Isto acontece, já vão alguns anos. O município de Porto Alegre esta sem gestão do trânsito e aí jogam a culpa no cidadaõ que anda de bicicleta. A sociedade “é louca por carro” e por isto carro pode fazer carreata consecutiva, todos os dias, na mesma via, mas bicicletas não podem, mesmo que tenham horário marcado. Transporte coletivo, transporte individual, o cidadão é que tem o direito de decidir, e o poder público tem a obrigação de organizar estas formas. E bicicleta é uma forma de transporte individual. Ets na lei e na constituição. A cidade é dos cidadãos e não do meio de transporte que eles utilizam.
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Luiz,
A época da Ditadura, que tembém vivi, era época de exceção. Diferente da época autal, de dita “democracia”.
A questão que coloco é que não se trata de curvar-se e pedir autorização. Mas de respeitar o direito do outro de transitar, de chegar aos Hospitais, de chegar em casa, concorde ou não com a qualquer idéia ou ideal.
Naquelas épocas, na escola, diziam: “O seu direito termina onde começa o do outro, e vice versa” e não o seu direito “pode” sobrepor-se ao do outro, porque Vc. entende e acha assim, porque já derrubaram ditaduras assim.
Nas épocas de Ditadura, na época de exceção, os ditadores agiam como o agressor daí de Porto Alegre: atropelavam tudo, com arrogancia, com prepotencia,achavam que venceriam a flor uando o canhão. Você não achava certo Figueiredos “prendendo e arrebentando”. Não acharia certo manifestações “arrebentando” os direitos de Cidadania conquistados.
Imagine-se então em seu carro, levando, (e que não aconteça nunca), uma criança em estado emergencia, ou você mesmo em situação de ter que chegar rápido a algum lugar.
Se os automóveis estão abusando, usem de todos os meios lícitos para corrigir estes abusos, incluindo manifestações ordeiras e em segurança para todos.
Claro que respeitam-se bicicletas, a lei já diz isto no Código Nacional de Transito. Mas você não usaria bicicleta para levar uma pessoa em situação de urgencia a Pronto Socorro e nem iria argumentar com manifestantes que estivessem impedindo seu igual direito e ir e vir.
Que hoje, manifestações não sejam truculencia, arrogancia, prepotencia, mas ordem e respeito para que sejam respeitados. Hoje não é preciso luta armada para obeterem-se direitos e leis nova. Basta exigir com ordem e votar com consciencia.
Ou será que voltamos às épocas de exceção?
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Ricardo
Não há ilicitude em passeios de bicicleta, nem os passeios coletivos. Não há violência e nem limitação do direito de ir e vir de quem precisa. As bicicletas estavam andando, assim como continuaram andando os carros. O problema é outro. A cidadania começa a se rebelar contra a ditadura da opinião única vendida através da imprensa. A mídia, regiamente paga pelas empresas propaga a idéia de que brasileiro é apaixonado por automóvel. Automóvel é símbolizado como instrumento de status e de liberdade. E as gestões públicas gerem a cidade, o estado e a união para o mundo do automóvel. Esta errado. A opinião única também é uma forma de ditadura que se utiliza muitas vezes de instrumentos subliminares para se impor. Tu falaste em uma pessoa em situação de emergência. Eu não al evaria nem de bicicleta, nem de carro, pois SAMU existe para isto. E o atendimento é na hora que ele chega e não quando se chega no hospital. Aliás, é o congestionamento de automóveis que impede a passagem do carro e as vezes até de uma ambulância com sirene ligada e tudo. Estamos falando da necessidade de revermos nossos conceitos. E é urgente, pois o planeta inteiro depende disto e o Brasil mais ainda. Lê aí meu próximo post, já publicado. Ele fala justamente sobre isto. Aliás, eu não tenho carro. Nunca tive. Por que precisaria ter agora? Só por que o governo facilitou o financiamento? Mas toda vez que afirmo isto, as pessoas ficam impressionadas. “mas tu não tens carro?” perguntam “como tu consegues viver sem carro?”dizem. Isto é uma ditadura subliminar. A sociedade esta imprengada com a idéia de que para se viver com liberdade é preciso ter carro. Eu não acho. E quero ter o direito de não ouvir mais este tipo de pergunta, por que ele expressa a submissão a um tipo de sociedade que vincula a liberdade ao Ter e não ao Ser. Eu só quero ser. Não me interessa ter. E muito menos usar o que possa ter, para externar minha suposta superioridade sobre outro que não tem.
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Muller,
Parabens pelo teu artigo!
Abraços,
Jac.
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