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De Joaquim José a José Dirceu: a arbitrariedade nunca mudou

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Foto de Richter Frank-Jurgen (CCby/2.0/) – José Dirceu

Do Diário Liberdade – Portal da Galiza e Países Lusófanos

Brasil – Por Norberto Liberator Neto

Uma prisão sem provas. Um réu já condenado é preso. As bizarrices poderiam parar por aí, não estivéssemos tratando de tempos conturbados, onde qualquer acusação é tomada como a verdade absoluta, desde que seja contra um determinado grupo escolhido como o “inimigo da nação”. Nas redes sociais, é possível notar pessoas em polvorosa pela prisão arbitrária de José Dirceu. É compreensível. O povo anseia por justiça, acredita que “finalmente os ladrões de terno e gravata estão pagando”. Será que é realmente assim?

José Dirceu não está com o nome na lista de Janot. Anastasia, sim. No entanto, Dirceu foi preso e o processo contra Anastasia, arquivado. As “provas” contra Dirceu são as mesmas (com bem menos evidências de poderem ser verdadeiras) contra Aécio Neves, José Serra, Eduardo Cunha e, é claro, o “salvador da pátria” Jair Bolsonaro: uma delação. Se a simples palavra de um delator vale para uns, por que não para outros? Qualquer um que tenha o mínimo de percepção, já sabe a resposta: porque só um dentre os nomes citados neste parágrafo pertence ao PT. A máquina de guerra criada pela mídia e abraçada por diversos setores em redes sociais com o discurso de “nós contra eles” prendeu José Dirceu, mais uma vez, sem provas. E isso não diz respeito somente a ele, tampouco ao PT. Diz respeito à democracia. A mim, a você.

A princípio, nem mesmo Sérgio Moro deveria apurar nada relacionado ao caso. Sua esposa é advogada do PSDB no Paraná, o que já o desqualifica para assumir as investigações. Mas devemos ir além. As forças reacionárias que prenderam Dirceu e que se levantam contra Dilma e Lula são, em uma análise histórica, as mesmas que derrubaram Jango, que atrapalharam o plano desenvolvimentista de JK, que mataram Getúlio Vargas, que impediram o imperador abolicionista Pedro II de aprovar a libertação dos escravos (ao contrário do que muitos pensam, o imperador era subordinado ao Senado e não possuía poderes absolutos), que assassinaram Tiradentes. O que importa, a eles, não é justiça. É poder, é destruir aqueles que elegeram como “inimigos”. Não é possível, a qualquer um que faça uma análise do lado de fora, conceber como normal ou justo o absurdo de se prender alguém sem provas apenas por esta pessoa pertencer a determinado partido.

José Dirceu, certamente, sabe de seu papel na história. Sabe que a análise crítica o absolverá. Que o tempo se encarregará de mostrar quem lutou pelo país e quem fez o papel de abutre. É com certeza uma personalidade forte, e muito dificilmente os que o condenaram e os que bradam sua condenação teriam a mesma força para enfrentar tal situação. Corrigindo o termo, seria impossível que tivessem, já que agir com covardia é sinal de fraqueza. Quem apela para golpes baixos, certamente, é por não ter força. No fundo, todos sabemos que a história ficará a cargo de absolver Dirceu. Enquanto isso, assistamos ao circo dos horrores, onde pessoas são condenadas sem qualquer evidência de terem cometido qualquer crime, sem o menor respeito da “justiça” para com seus direitos, sua integridade, sua família. De Joaquim José (o Tiradentes) a José Dirceu, infelizmente, pouca coisa mudou nos critérios da dita “justiça” brasileira.


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5 pensamentos sobre “De Joaquim José a José Dirceu: a arbitrariedade nunca mudou

  1. Olá, Luiz Müller. Obrigado por compartilhar o texto, mas gostaria que desse os devidos créditos: se olhar no site do Diário Liberdade, verá que a autoria é de Norberto Liberator Neto (eu). Um grande abraço, companheiro!

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    • De fato, vi que não estava destacado o crédito. Ele tinha ficado na mesma linha da introdução do texto, da mesma forma como esta na versão do Diário Liberdade. Mas já esta corrigido. Desculpe. Grande abraço

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  2. Ver Agripino, Aecio cia convocarem a população e se colocarem como se não tivessem qualquer mácula, mostra a canalhice e cinismo das elites que querem tomar de assalto o país. Mas, temos que concentrar nossa força e inteligência para buscarmos vencê-las, temos que nos unir e utilizarmos as possibilidades que temos hoje. Quem escreve a história são os vencedores.

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