
O ataque à sede da produtora do Porta dos Fundos foi um grave atentado à democracia e à liberdade de expressão. É obrigação dos órgãos e autoridades competentes investigar e punir os criminosos na forma da lei. Pra não deixar dúvidas, registro aqui meu mais profundo repúdio a mais este ato que aponta para o aprofundamento da radicalização no Brasil.
No entanto, sinto a necessidade de dizer também que o vídeo do grupo passa do tom no ponto de vista simbólico e, mais ainda, no período de Natal em um país majoritariamente cristão como o Brasil.
Lembrando que, segundo o último censo do IBGE em 2010, 86,8% da população brasileira se considera cristã; sendo 64,6% católicos e 22,2% evangélicos. Ou seja, a maioria do povo brasileiro tende a se sentir desrespeitada em sua fé religiosa se assistir ao vídeo do grupo.
O ocorrido contra o Porta dos Fundos faz lembrar do terrível atentado contra a revista francesa Charlie Hebdo, em 2015. O semanário satírico, porém, promoveu uma campanha de sistemáticos e agressivos ataques simbólicos contra o islamismo, debochando do profeta Maomé e resultando num atentado brutal contra a redação da revista por parte de grupos extremistas islâmicos, deixando 12 mortos e 5 feridos.
Na minha opinião, a tática de mexer com o simbólico, ainda mais no campo do sagrado, não é a melhor forma de se contrapor e, muito menos, combater o extremismo religioso.
Acho que o campo progressista, em especial o de esquerda, está cometendo um grave erro ao radicalizar o debate de costumes na perspectiva da religiosidade. O que pode ser um baita tiro no pé, se pensarmos que em 2020 teremos eleições municipais e, especificamente, a cidade do Rio de Janeiro terá a possibilidade de mudança de ares com candidaturas progressistas ou sucumbirá no aprofundamento da agenda conservadora com a reeleição do alcaide Marcelo Crivella em possível aliança com Bolsonaro.
No mais, pode ter acontecido a primeira fagulha no palheiro de uma radicalização perigosa, fruto da guerra cultural estabelecida a partir da conjuntura fascistizante que vivemos.
Vejo que o vídeo do Porta dos Fundos foi um estopim para revelar o mais podre do cristianismo, pois ao criticar o vídeo os cristãos estão revelando seu lado mais obscuro, mostrando todo o seu preconceito.
Veja historicamente Jesus não se assume hetero, nos que associamos a Jesus a sua opção sexual, Jesus em nenhum momento pelo menos nos escritos a nos deixado não se preocupa em discutir opções sexuais, o importante para Jesus é aceitar o outro e a msg principal de Jesus, não está sendo passada por alguns pastores e padres.
E isto que deveriamos estar cobrando destes supostos cristãos, pelo menos é isto que estou cobrando daqueles que conheço e se incomodaram com a msg do Porta dos Fundos.
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