
Emir Sader na Rio Mais 20
Em debate realizado na Cúpula dos Povos, o sociólogo Emir Sader, secretário executivo do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso), debateu as supostas contradições envolvendo justiça ambiental e justiça social e defendeu as políticas sociais do governo brasileiro. “Como ter um programa como Luz para Todos se não temos energia suficiente para que cada casa receba o bem?”, indagou o sociólogo.
Caio Sarack no CARTA MAIOR
Rio de Janeiro – Em debate organizado no dia 17 de junho, pela Fundação Ford, dentro da programação da Cúpula dos Povos, o sociólogo Emir Sader, secretário executivo do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso), fez algumas provocações sobre as relações entre justiça social e justiça ambiental. Sader criticou o paradigma do “Desmatamento Zero” e elogiou as políticas sociais do governo brasileiro. “Espero que vocês saiam mais confusos do que entraram”, brincou o professor no início de sua fala.
Emir Sader conversou com a Cúpula dos Povos sobre justiça ambiental e social, com a intenção de provocar o debate sobre as contradições e tensões envolvendo esses temas.
O caminho deste debate sobre a justiça ambiental não pode cair no entrave do “desmatamento zero”, da naturalização do homem, como se ele fosse uma figura inerte como é a natureza, defendeu Emir Sader. “Falar sobre um direito da Natureza é complicado, quando vemos que ela é inerte. Se falarmos de direitos, devemos saber quais são os deveres também, é complicado pensar isso na natureza”, argumentou.
As políticas sociais, prosseguiu, são elementos que devem ser prioritários na discussão sobre a sustentabilidade. A fala do sociólogo enfatizava o todo tempo a suposta contradição do homem com a natureza. “A humanização da natureza é um processo que desde que o homem deixou de se submeter às forças da natureza se tornou essencial para a sociedade. O problema é que depois do estado moderno industrializado essa humanização ficou destrutiva, o capital fez com que tudo na natureza virasse mercadoria”, salientou.
As medidas do governo de distribuição de bens e renda foram elogiadas. Segundo Emir Sader, as demandas são urgentes e devem ser respondidas. “Não chame Bolsa Família de mendicância ou esmola. Isso é discurso de reação conservadora, que não vê a efetiva melhora na vida de grande parte das pessoas que ganhavam 80 reais e hoje tem renda de 160, dobrar a renda de alguém não é esmola”, disse, respondendo a uma pergunta feita no debate.
As alternativas, disse ainda, são criadas e devem estar sempre no horizonte de um estado que se quer democrático e justo socialmente. Valendo-se de Leonardo Boff, o professor deixou claro que o primeiro passo para um desenvolvimento sustentável é pensar na distribuição de renda, políticas sociais que garantam acesso de todos aos bens do território brasileiro. Com a entrada desta parcela da sociedade marginalizada por tanto tempo no mercado de consumo a produção deve acompanhá-la, disse.
Emir Sader abordou a polêmica envolvendo a construção da usina de Belo Monte. “Se a proposta de desmatamento zero barra o avanço do caminho do homem, estigmatizando a natureza como um sujeito acabaríamos por viver dificuldades. “Como ter um programa como Luz para Todos se não temos energia suficiente para que cada casa receba o bem? É claro que Belo Monte é um projeto cheio de questões, mas não adianta pregar o desmatamento zero quando se tem demandas sociais a serem atendidas. O que se deve fazer? Propor alternativas, meios viáveis que atendam a demanda, o que é prioritário, e sejam mais eficazes para a questão do ambiente”, defendeu.
“A produção é necessária e o caminho do desenvolvimento deve considerar um limite. Limite este que envovle uma decisão e uma discussão democrática. Devemos perseguir um encontro entre os campos sociais, econômicos e ambientais”, concluiu Emir.
Descubra mais sobre Luíz Müller Blog
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
sinceramente, só bobo – ou de má fé – pra acreditar que as novas hidrelétricas são necessárias para o “luz para todos” – consumidores residenciais. certamente elas são necessárias porque o país não desisitiu de cumprir seu papel na divisão internacional do trabalho e continua na sua função de exportador das chamadas comodoties baratas. as hidrelétricas são para estes setores industriais que necessitam de grandes quantidades de energia barata… modelo burro de desenvolvimento, poderíamos investir em produtos com maior valor agregado, alta tecnologia… mas isto está nos planos? nope…
CurtirCurtir
Obrigado pelo comentário, mas não posso deixar de debater o tema contigo.
Então tah. A gente investe a grana em formas de energia que ainda são caríssimas, e em mais ou menos meio século a gente tem resultados significativos. Enquanto isto o povo brasileiro continua a margem do desenvolvimento e sempre chamado a resolver os problemas ambientais provocados pelos gases que os outros países emitem e não querem resolver. Eu acho que deveríamos investir mais em Energia Nuclear por exemplo, que gasta muito menos espaço físico que as hidrelétricas e aí poderíamos deixar até mais matagal no Belo Monte. Mas aí vão cair de pau, por causa da radio atividade. O País está investindo, e muito, em energia eólica. Mas aí, no Rio, ví uma manifestação contra a energia eólica, por que está afetando o fluxo migratório de pássaros. Quem precisa de grande quantidade de energia são as industrias que processam e transformam as comoditie agregando valor. Aliás, não deves ter visto a tecnologia brasileira que construiu um ônibus movido a hidrogênio e energia elétrica produzida por ele mesmo e que está circulando pelo RJ, e cuja pesquisa e desenvolvimento foi totalmente financiada por recursos estatais. Só que ele ainda custa 10 vezes o preço de um ônibus normal e poluidor. Assim também há outras pesquisas em energia que o Brasil está desenvolvendo. Mas e aí? Paramos de explorar o petróleo do Pré sal, que poluirá, e que também garante os recursos para financiar o desenvolvimetno de projetos como estes do ônibus e outros? E vai tirar o dinheiro de onde?
Abraços
CurtirCurtir