
Se há alguém importantíssimo na estratégia de guerra militar de informação nesse processo, é o general Heleno. Não por acaso, o fóssil da ditadura militar está na direção do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dirigindo a Agência Brasileira de Inteligência (ABIn), em um governo que tem como modelo o pós-golpe de 1964.
Heleno era parte da máquina informacional comandada por Sylvio Frota, durante o período militar. Ainda oficial de baixa patente, o hoje general, lidou com as mesmas estratégias de generalização da estupidez e a naturalização do absurdo que levou à ruptura total em 1969, quando o regime se tornou totalitário.
Bolsonaro segue a mesma fórmula de guerra militar aplicada no passado. No início, falava absurdos e recuava. Meses depois, passou a conflitos com o congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). Em pouco tempo, suas declarações conflituosas e absurdas passaram a ter frequência quase diária e os ataques aos direitos dos trabalhadores e ao patrimônio nacional, passou a uma constância, que chega a não dar tempo para a esquerda se articular politicamente.
Enquanto Bolsonaro causa espanto todos os dias, levando à crença de que, além de autoritário, estúpido e violento, o presidente é ignorante a ponto de ser quase ingênuo, suas falas tornam o conteúdo das declarações algo corriqueiro e banal. Lentamente, o absurdo se torna natural e mantém a minoria mais odiosa intimamente ligada a Bolsonaro, sempre unida, motivada e com forte ação destrutiva nas redes sociais, dando a impressão de que são a maioria do país, dado o grande barulho que produzem.
Na outra ponta, mantém os movimentos sociais encalacrados na tática da espera, estudando a melhor reação e o melhor momento para qualquer ação política, por medo de que os absurdos ditos pela presidência sejam reais. O compasso de espera trás certa percepção de inércia, causando a tendência de desmobilização.
Mantendo a população sob tensão e a mídia publicando os absurdos, enquanto a entrega do país é realizada sem muitos problemas, mesmo que as brigas com o congresso pareçam resultar em animosidades que, em geral, são irreais. O torra tudo e a liberalização completa do estado entra no mesmo bolo que as idiotices ditas por Bolsonaro, o que lhes confere menor peso na percepção de importância do cidadão médio. No campo dos direitos sociais, tudo é eliminado, transformando o país em uma barbárie trabalhista e de saúde.
Enquanto a turba de idiotas recrudescidos no ódio se mantém mobilizada, sua força destrutiva é apontada para as cabeças de deputados, criando forte pressão política contra o congresso. Nesse sentido, Rodrigo Maia tem feito um trabalho muito importante, resistindo a pressões psicológicas que poucos têm noção do que seja. O único problema é que Maia, mesmo sendo democrata, é liberal. Ou seja, defende a agenda econômica de Paulo Guedes. Assim, mesmo que o presidente da Câmara se mantenha sob controle e no poder, no campo econômico o desastre vai ocorrendo, porém, no campo da democracia, Maia consegue manter relativamente distante a ruptura democrática total.
Quando der conta, daqui há alguns anos, nada restará do país, que acordará fustigado, cansado e calado em seus próprios problemas oriundos de uma tática de guerra militar informacional, já aplicada antes, na Ditadura Militar, que nos levou à maior desigualdade do mundo. O Brasil do futuro próximo, terá uma oposição reativa, agindo por impulso das ações da extrema-direita e sem capacidade de retomada, ao menos por algum tempo. A peça fundamental desse quebra-cabeça se chama General Heleno, a ratazana velha dos porões da ditadura. Se eles conseguirem manter essa estratégia, o futuro não será nada promissor.
Por Fábio St Rios
Estudou Ciência da Computação, Engenharia Metalúrgica na UFF, Engenheiro de Software, Desenvolvedor, Programador, Hacketivista e Estudante de História na UniRio.