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Organizadora do Livro “Da Fome a Fome”, Tereza Campello mostra porque a Fome voltou ao Brasil

Ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo Dilma, Tereza Campello é uma das organizadoras do livro ‘Da fome à fome’, lançado nesta quinta-feira (14). A obra resgata o pensamento de Josué de Castro, pioneiro no estudo do tema, para entender por que o Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU.

Por que uma potência agropecuária, como o Brasil, tem 33 milhões de pessoas em situação de fome? Foi com essa pergunta em mente que a cátedra Josué de Castro, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), resolveu publicar o livro Da fome à fome (Ed. Elefante, 336 pp, R$ 59,90), organizado por Tereza Campello, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo Dilma, e Ana Paula Bortoletto, doutora em nutrição em saúde pública.

Para a versão digital gratuita do Livro, clique aqui

o livro digital, é editado pela Zabelê Comunicação.

A obra reúne 26 artigos de especialistas e ativistas de diferentes áreas para refletir sobre a fome e discutir o pensamento do médico, cientista social e político Josué de Castro (1908-1973), pioneiro no estudo do tema no mundo. A publicação é resultado de um seminário organizado pela cátedra em dezembro de 2021, em homenagem aos 75 anos de Geografia da Fome, obra mais célebre de Josué de Castro.

“O livro surgiu da necessidade de se debater a fome de uma forma mais aprofundada. Assume-se que o Brasil voltou ao Mapa da Fome, mas se atribui isso à pandemia, à guerra na Ucrânia, quase a fenômenos naturais, como se fazia em 1946, quando Geografia da Fome foi lançado”, diz Tereza em entrevista à Marie Claire.

“Razões profundas continuam operando no Brasil, determinando que os sistemas alimentares atuais não sejam saudáveis e nem sustentáveis. O que nos motivou foi oferecer à sociedade um diagnóstico mais certeiro dos motivos pelos quais a fome voltou. E não são naturais, mas resultado de escolhas políticas”, afirma a ex-ministra, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), professora visitante da Faculdade de Saúde Pública da USP e professora do programa de pós-graduação em Políticas Públicas em Saúde da Escola Fiocruz de Governo.

POR MANUELA AZENHA da revistamarieclaire.globo.com

Leia mais sobre Da fome à fome e veja a lista de autores: Por que o Brasil voltou ao Mapa da Fome das Nações Unidas? Como uma potência agropecuária mantém parte significativa de sua população em insegurança alimentar? A pergunta encerra um paradoxo, mas não um mistério. Em 27 ensaios assinados por pesquisadores e ativistas, Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro recorre ao legado do intelectual pernambucano para mostrar que, ao contrário do que prega o senso comum, essa terrível e persistente mazela não se combate apenas com produção de alimentos. Organizado pelas pesquisadoras Ana Paula Bortoletto e Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social, o livro recupera e atualiza as análises de “Geografia da fome – o dilema brasileiro: pão ou aço”, clássico do pensamento nacional publicado há 75 anos. Com uma profusão de dados e argumentos, e diversos pontos de vista, Da fome à fome demonstra a falácia que é atribuir o retorno da fome ao Brasil à pandemia de covid-19 ou, pior ainda, à recente guerra na Ucrânia. O problema radica no desmonte das políticas públicas intensificado a partir de 2016, com a destituição da presidenta Dilma Rousseff. “Usar a covid-19 para explicar o flagelo da fome que se espraiou pelo território nacional é tentar, mais uma vez, esconder o caráter estrutural e a sua natureza política e econômica baseada em um modelo excludente”, afirma Tereza Campello na apresentação do livro. Entre os autores do livro estão José Graziano da Silva, ex-presidente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e Carlos Monteiro, um dos maiores especialistas mundiais em nutrição e alimentação, além das pesquisadoras Tania Bacelar e Inês Rugani, dos economistas Ricardo Abramovay e Ladislau Dowbor, e ativistas de movimentos pela alimentação saudável, de lutas antirracistas, por moradia e direitos de comunidades quilombolas — compondo uma miríade de olhares sobre tema tão complexo. A lista completa de autoras/es está ao fim deste texto. O livro impresso é editado pela Editora Elefante; o livro digital, pela Zabelê Comunicação. Com mais da metade da população brasileira enfrentando algum grau de insegurança alimentar, o momento exige um diagnóstico preciso sobre as mudanças estruturais necessárias para lidar com um problema que o Brasil parecia ter superado na segunda década do século XXI, mas que voltou com força após seis anos de sucessivos desmontes de políticas públicas. É com este diagnóstico que o livro pretende contribuir. LISTA DE AUTORAS/ES: – Adriana Moreira – Ana Letícia Sbitkowski Chamma – Ana Paula Ribeiro – Anna Maria de Castro – Ane Alencar – Arilson Favareto – Carlos Monteiro – Domênica Rodrigues – Douglas Belchior – Elaine Azevedo – Gerd Sparovek – Inês Rugani Ribeiro de Castro – José Graziano da Silva – Ladislau Dowbor – Maria Emília Lisboa Pacheco – Maria Laura da Costa Louzada – Patrícia Jaime – Renata Bertazzi Levy – Renato Carvalheira do Nascimento – Renato Maluf – Ricardo Abramovay – Rosana Salles-Costa – Selma dos Santos Dealdina – Tania Bacelar – Tasso Azevedo – Tereza Campello – Walter Belik

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