Decidido acabar com o bolsonarismo, ministro do STF concede amplos poderes à Polícia Federal para investigar oito nomes ligados ao ex-presidente, abrangendo todos os contatos feitos por eles, sucessivamente
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes autorizou a quebra de sigilo telefônico e de dados telemáticos de aparelhos celulares, concedendo amplos poderes à Polícia Federal, sob seu comando, para investigar o núcleo político de Bolsonaro, bem como o próprio ex-presidente. A decisão, expedida desde 12 de dezembro, mira oito bolsonaristas que participaram de atos antidemocráticos.
O despacho do magistrado também se estende a todas as pessoas que mantiveram contato com o grupo, o que amplia o número de alvos e dará a Moraes uma visão ampla do panorama de segredos do alto comando do bolsonarismo, informa Rodrigo Rangel, no Metrópoles, acrescentando que todas as informações armazenadas em servidores de e-mail e de aplicativos de mensagens, por exemplo, poderão ser acessadas.
O autor da matéria no site afirma que sabe os nomes que estão na mira do ministro, mas que optou por não revelá-los para não atrapalhar as investigações, pois há “políticos com mandato“, segundo as palavras de Rangel, o que faz surgir naturalmente na mente do leitor a lembrança da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) como um dos alvos. “…é de se esperar que pelo menos uma parte deles mantivesse contato direto com a cúpula do governo, em Brasília“.
“Daí em diante é possível supor o teor bombástico da medida. Como a decisão autoriza a quebra do sigilo das pessoas com as quais os investigados se comunicavam, seus interlocutores graduados estarão também abarcados pela medida“, escreve o jornalista. A decisão de Moraes estabelece que qualquer pessoa que tenha sido contatada por qualquer dos investigados passará a ter também a quebra de sigilo automática.
“É, por assim dizer, uma quebra de sigilo no atacado – que começa com personagens demarcados, mas que contempla, na mesma decisão, um universo indefinido de outros alvos”Rodrigo Rangel (colunista do Metrópoles)
Para além da decisão inédita, Alexandre de Moraes também ordenou que “operadoras de telefonia forneçam a localização das antenas de telefonia celular utilizadas nas chamadas feitas tanto pelos investigados quanto pelas pessoas com as quais eles mantinham contato“, o que “permitirá saber, precisamente, onde todos estavam nos momentos em que utilizaram seus aparelhos (…), onde quer que eles estivessem, seja em suas cidades de origem, seja eventualmente em algum dos palácios de Brasília“.
“A decisão não delimita o seu alcance. Todas as informações deverão ser fornecidas pelas companhias aos investigadores, não importa se os alvos ou os seus contatos estivessem próximos de uma torre de telefonia (ou ERB, sigla para estação rádio-base, no jargão técnico) de um lugarejo do interior do país ou da Praça dos Três Poderes“, informa o colunista. “A partir da reconstituição dos contatos e do cruzamento dos dados de localização, os investigadores poderão descobrir, por exemplo, encontros até então desconhecidos entre os alvos e seus interlocutores“.
O trabalho permitirá (…) descobrir se os ataques às instituições (…) obedeciam a uma ordem unida do topo do poder da República. (…) O ministro determina que as telefônicas forneçam registros de ligações desde 2017“. O (…) “marco temporal (…) coincide com o início da pré-campanha de Jair Bolsonaro (…). (…) os policiais estão autorizados a solicitar e receber qualquer tipo de informação relativa à decisão. É algo incomum em investigações do tipo, uma carta branca rara que impõe ao próprio Moraes, e ao STF em geral, uma responsabilidade monumental“
Com Informações de URBS MAGNA