Por Jorge Ívano 

Não acreditamos na atuação concreta da Secom ou de outra qualquer área do governo, como algum suporte da AGU, ou até uma inexistente frente jurídica dos próprios partidos formadores da frente inicial do governo. Até porque a SECOM só pode tratar de temas institucionais, ela não pode agir em debates de redes sociais e digitais, por exemplo.

São urgentes as ações efetivas e sistemáticas para dar combate contra os fascistas, os agressores e mentirosos nos meios de comunicação, sejam eles os autorizados e concedidos formalmente pela legislação regradora do Ministério das Comunicações, ou os sítios falsos e robotizados acobertados pela “política de privacidade” das plataformas das big techs.

Existem ações pontuais e desarticuladas nas esquerdas para combater a muito organizada, na forma e no conteúdo, da frente de comunicação da direita e ultra direita.

Não há organização possível sem os adequados investimentos em recursos humanos e financeiros que sejam suficientes, não há uma articulação concreta dos sites e blogs progressistas na internet, um Conselhão espontâneo, consultivo atuante e permanente, este atual episódio de desencontros e até conflitos acalorados sobre o PL 2630, hoje adiado, demonstra isso.

Atualmente, para se ter uma ideia, a direita articulada na organização “Brasil Paralelo”, o supra sumo da comunicação mais eficiente dos conservadores no Brasil, que reúne a inteligência da direita, é também uma grande filial do ideário das maiores “think thanks” norte americanas, idem a maior disseminadora das resoluções de combate às esquerdas extraídas dos congressos e encontros internacionais dos conservadores. Esta organização crescente, está desenvolvendo uma estratégia subterrânea na grande base social que vota na direita, consolidando com cursos e outras formas o “por quê votar na direita” com apresentações de vídeos e lives por dentro das igrejas neopentecostais e outras bases de massas e nas associações patronais diversas, jornais impressos aos milhões, distribuídos por falanges de crentes panfletistas espalhados por todo o país nos terminais de metrôs, ônibus municipais e intermunicipais, grandes presídios, escolas militares e outros nichos onde que aglomeram grande público propenso, ou nem tanto, ao perfil deste ideário.

Estão com programas no formato de documentários, dezenas de documentários panfletários que distorcem as pautas e programas de governos das esquerdas. São produções muito bem montadas com viés “intelectual” formador tipo professoral.

A grande novidade da direita. Vejam o nível: estão vendendo com baixíssimo custo um aparelho sintonizador de TV, que basta plugar nas TVs e no menu inicial dos tais aparelhinhos eletrônicos, já aparecem neste menu inicial o ícone do Brasil Paralelo, oferecendo gratuitamente “gatonet”, desta vez sem cabo e instalação de antenas, basta lincar com qualquer aparelho celular ou modem de qualquer operadora de internet.

Dezenas de documentários cujos protagonistas, com alto nível de cenários e edições de imagens, destacam os bolsonaristas Ricardo Gomes (vice prefeito de Porto Alegre), Leda Nagle, Olavo de Carvalho, Ives Grandra, Alexandre Garcia, membros do MBL e outros diversos advogados de direita e membros de setores “culturais” do governo de Jair Bolsonaro bem como, seus notórios apoiadores blogueiros e inflenciadores digitais e tantos outros. A audiência da desinformadora e formadora e disseminadora de fake news, Jovem Pan, é gigantesca.

A comunicação necessária não é live semanal do nosso presidente Lula, isso, infelizmente, parece imitação dos costumes do meliante Bolsonaro e é um risco de toda semana termos de centrar esforços para apagar incêndios totalmente desnecessários. Lula é o presidente de uma grande nação, não tem de ficar fazendo lives pra explicar, justificar isso e aquilo, parece um papel tão pequeno.

Como se portam os grande estadistas na era das redes sociais e digitais, fazem lives semanais pra alimentar a base? Ser atacado por integrantes da própria militância. Dar espaço para ataques criminosos da extrema direita? O Lula deve ser o estadista que tem muito trabalho com o que se ocupar. Talvez, pensar em pronunciamentos nas redes de televisão em cadeia nacional que tem bom alcance, onde o presidente dá o recado e no mínimo planta a semente da reflexão. O presidente Lula deve seguir a lógica de seus dois primeiros mandatos, e como até hoje fazem os mais importante mandatários em todo o mundo. Falar somente em palcos de recepções unilaterais geopolíticas, encontros nas comunidades multilaterais, pronunciamentos pré-anunciados, datas comemorativas de primeira grandeza, lançamentos de programas econômicos e sociais e inaugurações de grandes obras de infra estrutura.

Não há e não foi articulada uma força tarefa permanente contra a “liberdade de opinião” da ultra direita. O STF tem muito limitadamente cumprido este papel auto fiscalizador provocador, que são investigações não provocadas por uma parte queixosa, são frutos do inquérito gerado pela CPMI das fake news.

Conclusão: estamos patinando, e pior, continuamos a patinar e perder narrativas via as distorções comunicacionais de massa da direita. Algo diferente precisa ser feito pelos governos de esquerda e seus partidos apoiadores. A SECOM tem de esclarecer claramente seu campo de atuação e suas limitações, como funciona a comunicação institucional, para não seguir sendo criticada, inclusive injustamente, por aquilo que não pode fazer.

Acima oferecemos algumas propostas e denúncias.

Jorge Ívano
Porto Alegre
04/05/2023